Tiago viveu glória no FC Porto e carreira repleta de sucessos

Tiago viveu glória no FC Porto e carreira repleta de sucessos

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Campeão da Taça UEFA pelo FC Porto, conhecido simplesmente como Tiago pelo comum dos adeptos de futebol e, em particular, pelos trofenses, Tiago Pereira foi um médio técnica e tacticamente evoluído e que sempre se mostrou “raçudo” no rectângulo de jogo. Natural da Trofa, fez a sua formação no Clube Desportivo Trofense, a equipa de futebol da terra que o viu nascer e onde também terminou a carreira de futebolista e que actualmente frequenta a Liga 3.

Do CD Trofense até à primeira liga portuguesa de futebol, Tiago salta para o FC Famalicão com um ‘pequeno passo’. Ainda com 18 anos, em 1993/94, o então treinador do clube e antigo jogador do Riopele, José Piruta, dá-lhe a oportunidade de uma auspiciosa estreia absoluta no 1º escalão em jogo que acabaria com um saldo nulo (empate a zeros).

Do FC Famalicão, Tiago acabaria por passar o ‘terror’ de aterrar no aeroporto da Madeira, após transferência para o Marítimo que lhe viria a permitir dar o grande salto seguinte até Lisboa onde representou o SL Benfica.

Tendo dado nas vistas de olheiros castelhanos, seguiu viagem até Madrid onde representou o Rayo Vallecano, com quem subiu à La Liga.

Tiago Pereira atinge a sua glória maior no FC Porto

Mas é no FC Porto, clube onde o agora famoso treinador português José Mourinho fez o seu nome, que Tiago Pereira alcança a sua maior glória e sucesso profissional ao vencer a Taça UEFA, em 2002/03. Mourinho, que o conhecera e com ele trabalhara no seu anterior clube – o União de Leira – levou-o para 2.

Depois desse período áureo de honra e notoriedade, Tiago acaba por terminar a carreira futebolística no mesmo clube onde a sua hoisória começou – no Trofense. Jogou no clube da Trofa ainda durante sete temporadas, terminando o seu percurso de futebolista aos 40 anos de idade.

Da Trofa a Famalicão: um pequeno salto para um jovem e promissor futebolista, um grande salto para um futuro campeão europeu

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Francisco Oliveira: Onde começou a dar os primeiros toques, Tiago? E como surgiu o Trofense na sua vida?

Tiago Pereira: Comecei a jogar futebol na rua da casa dos meus pais. O dito “futebol à antiga” com dois paralelos a limitarem as balizas. Jogava com vizinhos e amigos das redondezas. Para além disso, comecei também a dar os primeiros toques na bola em torneios entre freguesias da Trofa. Posteriormente, o meu pai achava que eu tinha potencial e decidiu levar-me para a formação do Trofense. E assim começou a minha caminhada no mundo do futebol a sério.

Fiz a minha formação toda no Trofense. No meu último ano de juniores, com 17 anos, fui promovido à equipa principal e passei para o  Futebol Profissional. Surgiu, então, a oportunidade de fazer parte do Famalicão, na Primeira Liga, e assim foi. Na altura, tinha duas hipóteses em cima da mesa: Vitória Sport Clube e FC Famalicão. Optei por este último uma vez que também me davam garantias de ficar no Plantel Principal enquanto que no Vitória de Guimarães ia ser emprestado a uma equipa satélite.

O sonho concretizado na estreia no Estádio das Antas

Francisco Oliveira: A sua estreia na primeira liga portuguesa, na primeira época como sénior, aconteceu precisamente num jogo que o FC Famalicão empatou a zeros, no antigo estádio das Antas, à jornada 3 da época 1993-94. Imaginava por essa altura que viria ter a carreira no futebol que teve?

Tiago Pereira: Jamais esquecerei esse jogo. Foi uma estreia positiva da minha parte (colectivamente também) e logo no mítico Estádio das Antas. Um menino com 18 anos a estrear-se na Primeira Liga e no Estádio das Antas… um sonho.

Reconheço que trabalhei muito para ir conseguindo tudo isso, mas as coisas foram surgindo naturalmente. Foi subindo degrau a degrau.

Muito acarinhado no Marítimo

Francisco Oliveira: Nessa época (1993-94), fez 16 jogos pelo FC Famalicão, não conseguindo evitar a descida ao segundo escalão. Mesmo assim, ficou para a temporada seguinte. Segue-se depois o Marítimo, onde se dá uma história muito curiosa. Como é ser futebolista e ter medo de andar de avião?

Tiago Pereira: Sim, infelizmente descemos à segunda liga. Permaneci no Famalicão e surgiu então a possibilidade de jogar no Marítimo. Mais um clube que me marcou positivamente, até porque era um jogador muito acarinhado.

Essa é uma história que marca inevitavelmente a minha carreira. Não tinha medo de andar de avião, mas sim o medo de aterrar na Madeira.

No terreno de jogo, ambição e vontade falavam sempre mais alto

Francisco Oliveira: Era um médio defensivo ‘raçudo’, mas muito habilidoso, não se limitava à raça em campo. Quais pensa serem as principais qualidades que um futebolista precisa para ter sucesso no desporto-rei?

Tiago Pereira: Reconheço que era muito “raçudo”, mas no bom sentido. Era a minha maneira de estar em campo e a minha posição obrigava-me de certa forma a ter estas características. Tinha muita paixão pelo jogo. Na verdade, tive vários colegas de equipa que me foram dizendo que eu me “transformava” dentro do campo. Fico feliz porque a minha vontade e ambição, o meu crer, falavam sempre mais alto.

Ainda hoje tenho o “rótulo” de que só dava porrada em campo. Não me atrapalha nada, muito pelo contrário. Foi uma imagem que marcou os apaixonados pelo Futebol. Consciente de que para além da minha raça, tinha qualidade. Tecnicamente era evoluído, tinha qualidade de passe, posicionava-me muito bem e tinha uma boa leitura de jogo…

Partilha do balneário com nomes sonantes do Futebol mundial no Benfica

Francisco Oliveira: Após representar o Marítimo do Funchal, o Tiago vai para o SL Benfica, onde vive um ciclo nada glorioso do clube das águias. Mas aí é colega de equipa de grandes futebolistas como Michel Preud’homme, Valdo, João Vieira Pinto, Nuno Gomes, Karel Poborsky.
Para compor a galeria de notáveis, contava ainda com Eusébio na equipa técnica de Manuel José. Há um dilema do futebol mundial que é o facto de os grandes Futebolistas raramente virem a ser bons treinadores. O que é paradoxal!… Em que medida Eusébio era decisivo na equipa técnica?

Tiago Pereira: Defendi as cores do Benfica numa altura complicada para o clube de Lisboa. Era um clube instável, a mudança de jogadores/treinadores/estrutura era constante…

Claro que são aspetos que influenciam o jogo e colectivamente não conseguimos os melhores resultados e objetivos. No entanto, a nível individual ganhei a titularidade mal cheguei ao Benfica e era um jogador muito acarinhado pelos Benfiquistas. Também, claro, pela minha forma de jogar, com que se identificavam…

Nessa altura, tive o prazer de partilhar o balneário com nomes sonantes do Futebol. Nos primeiros dias andava bastante nervoso porque quem eu via na televisão, diariamente, passou a ser meu companheiro de equipa. Por exemplo, tinha o João Pinto como ídolo ali mesmo ao meu lado.

O Eusébio não pertencia à equipa técnica. Era e ainda é uma referência do Benfica que acompanhava a equipa de forma muito próxima e atenta. Para nós era uma motivação a presença de uma referência a nível mundial.

No regresso da passagem por Espanha, Leiria foi um dos destinos futebolísticos e pessoais mais importantes para Tiago Pereira

Francisco Oliveira: Depois de duas temporadas, em Espanha (Rayo Vallecano, 1998-99, e Tenerife, em 1999-2000), segue-se a União de Leiria, onde volta a ser treinado por Manuel José (2000-01). Mas é José Mourinho, que após o treinar no União Leiria (2001-02) o leva para o FC Porto. Qual foi para si o treinador mais importante?

Tiago Pereira: No Rayo Vallecano a minha adaptação não foi fácil. O Futebol era diferente, estava noutra país, uma liga diferente… Mas logo após dois meses ganhei a titularidade e desde então fiz sempre parte do 11 da equipa de Espanha. Culminou num ano muito positivo da minha carreira com a subida à Primeira Liga Espanhola e na qual o golo decisivo foi apontado por mim. Uma emoção tremenda num ambiente que jamais esquecerei. Memorável.

Quanto ao Tenerife, o objetivo era subir de divisão, mas não conseguimos alcançá-lo. A nível pessoal, representou mais uma época positiva.

O União de Leiria acabou por ser um dos clubes mais marcantes da minha carreira. Foram muitos anos entre entradas e saídas… um total de 5 épocas e meia. Clube, cidade e pessoas que não esquecerei. Um capítulo feliz da minha história no Futebol.

Todos foram importantes na minha caminhada. Cada um trouxe pensamento, estratégias, características e maneiras de ser próprias. Sou grato pelos treinadores com quem tive o privilégio de trabalhar na luta por mais e melhor sempre.

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Querer vencer, vencer, vencer… E atingir a glória no FC Porto

Francisco Oliveira: O que José Mourinho tem de mais especial?

Tiago Pereira: Não é por acaso que José Mourinho é conhecido pelo Special One. A forma como José Mourinho lida com o grupo de trabalho é excepcional e inteligente. Valoriza todos os jogadores de igual forma: os que jogam e os que não jogam têm o mesmo tratamento pela parte dele. É um treinador exigente e não gosta de perder. Os treinos eram muito atrativos.

Francisco Oliveira: Pelo FC Porto, em 2002-03, ganha a Taça UEFA. Nessa final, frente ao Celtic Glasgow (2-3 em Sevilha, no Estádio Olímpico de La Cartuja) – passam agora precisamente 20 anos sobre essa data – esteve 90 minutos sentado no banco de suplentes. O que melhor se recorda da maior Glória da sua carreira?

Tiago Pereira: Mesmo não jogando esta final… Foi como se jogasse. Já tinha vivido a realidade dos jogos na Taça UEFA (participei em quase todos). Foi um momento único, inesquecível e histórico. Reconheço que está ao alcance de poucos e sinto-me honrado pela oportunidade que tive. É para a vida…

Francisco Oliveira: Em quase todas as temporadas do seu percurso futebolístico teve um elevado registo de jogos. O que fazia de si tão imprescindível para as equipas técnicas?

Tiago Pereira: Acima de tudo, nunca tive lesões graves e estava sempre disponível. Depois, reconheço que era um jogador regular em todos os clubes por onde passei. Além disso, talvez pela minha forma de jogar, de estar em campo, de querer muito vencer…

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Francisco Oliveira: Acabou a sua carreira, aos 40 anos, no Trofense, onde começou a jogar, em 2017/18. Ainda fez pelo clube 7 temporadas.  O que lhe dava mais gosto em jogar futebol que o fez jogar até tão tarde e com um registo tão longo de jogos por época?

Tiago Pereira: Sempre disse que queria acabar onde tinha começado. Comecei no Trofense, acabei no Trofense. Comecei com 9/10 anos, acabei com 40. Na verdade, voltei para o Trofense com o objetivo de realizar uma ou duas épocas, mas tudo foi surgindo naturalmente. Mais um ano, mais um ano… Sentia-me muito bem fisicamente, com a mesma ambição de um miúdo que estava a começar a lutar pelo sonho. Para juntar a isto, estava no clube da minha terra e do meu coração onde era muito acarinhado e por que também eu nutria uma afeição muito grande… De uma a duas épocas passaram, na verdade, a sete.

Continuar ligado ao Futebol

Francisco Oliveira: O que faz atualmente?

Tiago Pereira: Sou delegado do Sindicato de Jogadores. Juntamente com o meu colega e amigo João Paulo (também ele ex-jogador profissional de Futebol e que curiosamente jogou também no Famalicão) representamos a Zona Norte do Futebol Português.

Francisco Oliveira: Força para os seus novos desafios. O Sindicato de Jogadores tem realizado um magnífico trabalho ao serviço do futebol português.


Imagens (meramente ilustrativas): Direitos Reservados pertencem a autores desconhecidos (as fotos pertencem ao arquivo do entrevistado), excepto imagem de estátua de Eusébio, da autoria de P. Fernandes e imagem de divulgação do lançamento do Museu da UD Leiria


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Acerca do Autor

Francisco Oliveira

Viciado em Imprensa Futebolística desde miúdo, época em que devorava Jornais & Revistas Futebolísticas. Desfruta da Escrita Futebolística desde que começou a escrever para a Página Só nas 4 Linhas na temporada 2018/19. Criador & Pensador da Página Culto Futebolístico nos tempos livres (como sempre!).

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