Campeão Europeu de futebol sub18 Hugo Cruz: um jogador de ‘processos simples’ na primeira pessoa
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Hugo Cruz, médio-centro de ‘processos simples’ mas objetivos e que chegou a campeão europeu de futebol na categoria sub18 em 1999, num período em que com muito orgulho representava as cores semelhantes às do clube da terra que o viu nascer, o azul e branco do FC Porto, acabou a sua carreira de futebolista no Tirsense, clube da vizinhança de Vila Nova de Famalicão. Nunca se tendo aventurado por muito longe da família e do território, pelo meio ficou também a passagem pelo FC Porto, entre outros clubes da região Norte de Portugal.
“O futebol é um jogo simples, mas jogá-lo de forma simples é a coisa mais difícil de fazer“. A velha máxima de Johan Cruyff encaixa na perfeição no fio de jogo de Hugo Cruz, mas também na perspicácia, qualidade sempre indispensável a qualquer futebolista, que o jovem futebolista sempre exibiu ao longo da carreira e em especial nos melhores anos, inclusive esses da juventude em que levou para casa o troféu europeu na categoria sub18.
Atualmente ‘operário químico’, Hugo Cruz realizou parte da sua formação no FC Porto, ao lado de um ‘Senhor do Futebol Mundial’, Ricardo Carvalho.
O Tirsense é o clube onde Hugo Cruz passou mais temporadas como futebolista – nove (9), tendo mesmo acabado a sua carreira futebolística no clube de Santo Tirso. Aí mesmo começaria a carreira de treinador e subido o Tirsense B à divisão nos campeonatos distritais da Associação de Futebol do Porto.
Mas a principal subida de divisão enquanto futebolista tê-la-ia Hugo Cruz no Arouca FC, no ano em que o clube ascendeu à I Liga (2011-12), com o saudoso Vítor Oliveira.
Para sua infelicidade, o jovem campeão europeu de sub18 acabaria por não se manter no clube do distrito de Aveiro e nunca ter a oportunidade de jogar no principal campeonato português de futebol.
Para lá da seleção nos escalões sub18, sub16 e sub15, ainda nos escalões de formação e em que atingiu o título de campeão nacional, e da partilha de balneário com Ricardo Carvalho, um dos maiores defesas-centrais portugueses de todos os tempos, a sua carreira contou ainda com alguns outros aspetos curiosos, como o facto de também ter partilhado o balneário, no Arouca FC, com esse brilhante comentador que é Cândido Costa, ao tempo também futebolista e considerado, ao tempo, 2011-12, o ‘Rei do Balneário’.
Entrevista a Hugo Cruz
Francisco Oliveira: Antes de ser campeão europeu de futebol sub18, fez a maior parte do seu percurso de formação no FC Porto. Em 1996/97, jogou com um enorme ‘Senhor do Futebol’ português de todos os tempos – Ricardo Carvalho. Já se discernia esse ‘perfil de liderança’ de Ricardo Carvalho, enquanto júnior?
Hugo Cruz: Não se via ainda e, curiosamente, o Ricardo até era muito introvertido, pouco falava no balneário. Embora estivesse sempre bem disposto e disponível para brincar, dificilmente opinava ou reclamava sobre os mais diversos assuntos.
Há quem diga que o Ricardo Carvalho, nos treinos, não dava o ‘litro’, mas a verdade é que ele chegava aos jogos e era uma ‘muralha’.
Francisco Oliveira: Como era isso aceite, pelo grupo de trabalho, num país em que os treinadores levam muito a sério a máxima “diz-me como treinas e eu te direi se jogas”?
Hugo Cruz: Não se pode dizer que o Ricardo não dava o litro, porque dava, mas a sua forma de ser, pacífica e por vezes mesmo passiva poderia transparecer o contrário.
Nos treinos nem parecia gostar de ganhar, como todos os outros, isto é, não com a mesma garra e intensidade que acontecia nos jogos.
Era muito bem aceite pelo grupo. O Ricardo Carvalho era um fantástico companheiro e a sua qualidade era inquestionável aos olhos de todos.
Francisco Oliveira: Depois de ser campeão europeu teve a sua primeira experiência sénior no Leça (II Liga), em 1999-2000. Faz poucos jogos, e na temporada seguinte vai para a equipa B do SC Braga, onde acaba por jogar com ‘grandes nomes’ bracarenses, nas temporadas seguintes, como Paulo Jorge, Eduardo e um dos grandes futebolistas que passaram pelo FC Famalicão, Ricardo Rocha. Este último era mesmo diferenciado diferenciado em termos das suas qualidades futebolísticas.
Hugo Cruz: O Ricardo Rocha era – e é – grande dentro e fora das 4 linhas.
Francisco Oliveira: Depois de duas temporadas no FC Famalicão, esteve no total 9 temporadas no vizinho Tirsense FC. É um clube especial para si?
Hugo Cruz: Certamente que sim. Passar 9 anos da nossa vida num clube deixa marcas significativas. O Tirsense é um clube Especial.
Francisco Oliveira: Em 2011-12, joga no Arouca com o ‘enorme’ Cândido Costa. Cândido Costa já demonstrava ser assim bem-humorado e divertido? Era mesmo o ‘Rei do Balneário’?
Hugo Cruz: Sim. O Cândido Costa já era um velho conhecido meu. Não foi no Arouca que nos conhecemos.
Fomos adversários muitas vezes nos escalões inferiores, ele a representar o Benfica e eu o Porto, e fomos Campeões Europeus de Sub18, na Suécia, juntos, com uma vitória frente à Itália.
O Cândido sempre foi o animador da companhia. Para nós isso não é novidade, ainda bem que chegou a casa de todos os Portugueses. É uma lufada de ar fresco no futebol português.
Francisco Oliveira: Em 2013-14, regressa ao Tirsense. Aí é treinado pelo ‘Campeão das Subidas à II Liga’ – Toni Pereira.
O que tem o Toni Pereira de distinto de outros para ter conseguido subir de divisão tantas vezes?
Hugo Cruz: Fui treinado só alguns meses por ele, não posso tecer grandes comentários, peço desculpa. Mas é um treinador à moda antiga, daqueles que “quando não vai a bem, vai à mal”.
Francisco Oliveira: Terminou a sua carreira enquanto jogador de futebol no clube onde esteve mais tempo – o Tirsense. Quando acabou a sua carreira, treinou o Tirsense B.
O que faz atualmente o jogador que foi campeão europeu ainda jovem?
Hugo Cruz: Quando acabei a carreira como jogador, fui convidado para treinar a Equipa B do Tirsense, constituída por um grupo de miúdos oriundos de equipas do Campeonato Concelhio e outros da formação do clube. Foi um grupo-família fantástico que nunca mais esquecerei, e o resultado disso… foi a subida à primeira divisão da AF Porto.
Por iniciativa própria, saí do cargo antes do fim da época, pois não compactuei com ideias da direção do clube.
Infelizmente este é o grande problema no futebol português: dirigentes irresponsáveis e incapazes, que não sabem o que fazem e/ou dizem.
Atualmente sou ‘operário químico’.
Francisco Oliveira: Jogou em muitos clubes, mas o seu clube é o FC Famalicão (clube da sua família). O que pensa do atual FC Famalicão?
Hugo Cruz: O FC Famalicão é o clube da minha terra, joguei nos escalões de formação e na equipa Sénior.
E ainda me recordo muito bem de ir atrás do Famalicão, de bandeira às costas e mão dada ao meu Pai (um dos sócios mais antigos), para todo o lado. É um ‘Grande Clube‘, que espero só pare nos lugares Europeus já neste ano.
Imagens: 0, 1) Hugo Cruz
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