Ibraima So, o ‘Poeta Herói’ do FC Famalicão

Ibraima So, o ‘Poeta Herói’ do FC Famalicão

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O guineense Ibraima So representou o FC Famalicão na magnífica temporada da subida à Segunda Liga (2014/15).

Tem, no total, três subidas a Segunda Liga portuguesa.

Teve o privilégio de representar a Seleção do seu País – Guiné Bissau – numa participação na CAN – Competição Maior das Nações Africanas.

Era um médio-centro defensivo muito completo, sobretudo eficaz no desarme aos adversários e nas funções defensivas.

Ainda no FC Famalicão foi o homem que marcou um golo decisivo no mítico jogo em casa frente ao Varzim SC nessa época gloriosa de 2014/15.

Num jogo memorável fez o golo que garantiu a passagem à disputa do playoff de subida a segunda liga.

Tem muito talento para a Poesia.

É, portanto, um ‘Poeta Herói’ na história FC Famalicão.

Vai estar sempre presente na memória dos mais puros e fiéis adeptos do FC Famalicão.

Futebol, Poesia e muita Humildade são e foram a receita para o sucesso de Ibraima So. Um exemplo a seguir por todos (as).

Francisco Oliveira: Ibraima, depois de ter começado o seu percurso pelas divisões mais secundárias, chegou à segunda liga em 2011/12, na Naval 1° de Maio, treinada por Daniel Ramos.

Foi o mesmo treinador que o trouxe para o FC Famalicão. Foi o treinador mais importante para si enquanto futebolista?

Ibraima So: Daniel Ramos foi o treinador mais importante na minha carreira.

Sou-lhe grato pela oportunidade como profissional e também pela experiência de ter sido treinado por um treinador com a sua competência.

Só tenho bem a dizer do treinador Daniel Ramos.

Não só porque foi impulsionador na minha carreira mas porque esse reconhecimento é merecido.

FO: Fez a pré temporada. Mas foi emprestado ao Varzim SC onde fez 28 jogos e sobe a II liga. Foi difícil a sua época de afirmação?

IS: Acredito que teria sido muito mais difícil, eu tive um treinador que foi honesto comigo na Naval 1° Maio.

Daniel Ramos disse-me que teria poucas possibilidades de jogar com a chegada prevista de futebolistas com história no futebol nacional.

Fui emprestado ao Varzim.

Foi um bonita história.

No Varzim encontrei uma família, um treinador marcante (saudoso Dito), jogadores talentosos, uma ideia de jogo que potenciava o melhor de todos.

E especialmente um grupo com valores que até hoje promovo onde quer que me encontre.

FO: Não fica no Varzim SC e continua na antiga II B no Académico Viseu a onde volta a subir a II liga.
Subiu no FC Famalicão (já se designava CNS) e têm no total três subidas a II liga.

Qual foi a mais especial?

IS: Subida no Varzim marcou-me porque fui então pela segunda vez campeão Nacional (ja tinha subido pelo Caniçal). Foi também a minha época de estreia na seleção da Guiné-Bissau.

Ainda viajei no final dessa temporada para a Ilha da Madeira com previsão de assinar por um clube de primeira liga – Nacional da Madeira.

Não houve acordo.

Depois de uma curtíssima experiência falhada na Bulgária assinei nos últimos dias do mercado pelo Académico de Viseu.

Foi marcante porque encontrei um treinador que me impactou bastante – Filipe Moreira que antecipa as coisas como poucos.

Encontrei um clube amador em tudo mas que deu a volta com a chegada do Filipe Moreira.

Conseguimos a subida e fiz uma excelente epoca a titulo individual e coletivo.

Depois cheguei ao FC Famalicão após uma epoca marcada por uma longa paragem por lesão e um final de epoca com pouca utilização no Académico de Viseu.

FC Famalicão tem muito de equivalente ao Varzim.

Adeptos magnificos, um director desportivo de primeira qualidade, um grande treinador, grandes jogadores e uma direcção que nos deu tudo mesmo nas fases mais dificeis.

Contruimos uma familia e tinhamos (tal como acontecera no Varzim) gente que sentia o clube.

Como é o caso do Chico Treva (atual director do FC Famalicão) que transmitia a famosa mistica.

Nao se consegue subir sem estar numa família.

Todas as subidas marcaram-me imenso.

FO: Na temporada da subida pelo FC Famalicão a II liga marcou o golo decisivo no jogo frente ao Varzim SC. Num jogo memorável e umas das minhas melhores memórias futebolísticas com um estádio 22 junho que parecia uma ‘La Bombonera’. Garantiu a entrada no playoff de subida.

Não marcou muitos golos na sua carreira no futebol. Foi este o golo mais especial?

IS: Sem dúvida!

Ainda imagino esse golo às vezes e vejo videos daquele jogo.

Reacção dos adeptos foi inesquecível.

Que adeptos fantásticos são os do FC Famalicão!

FO: No total realizou 9 jogos pela Guiné Bissau – Seleção do seu País.

Como se sentiu ao ouvir o hino do seu país?

IS: É um orgulho sem dimensão representar o meu país.

Senti que era um privilegiado.

Não há palavras que expliquem esse sentimento.

FO: Jogou na CAN – Campeonato das Nações Africanas. Era o sonho que mais gostaria de realizar?

IS: Quando nos apuramos para a CAN eu estava no grupo que conseguiu esse feito até então inédito para o país. Mas eu estava ciente das “leis” da natureza deste jogo que é o futebol.

Nesse ano estivemos a lutar por uma subida a primeira liga até perto do fim e participei na qualificação da CAN. Mas o Famalicão respeitosamente disse-me que a nova equipa técnica nao contava comigo.

E, sem terem aparecido desafios dentro daquilo que me sentia ainda capacitado, assinei pelo Vilaverdense.

Eu sabia que nao podia competir com jogadores a jogar em níveis mais altos e que depois do feito protagonizado na seleção. E sabia que existiam futebolistas disponíveis para representar a seleção com outra qualidade futebolística. Porque a Seleção da Guiné Bissau passou a ser uma montra mais apeticivel.

Orgulho-me de fazer parte da geração que apanhou todas as dores dos primeiros passos da seleção e a conduziu ao maior feito da sua história.

FO: Era um médio centro-defensivo muito completo e de muita qualidade futebolística. Fez épocas com muitos jogos e subidas de divisão. Pensa que merecia jogar na I liga Portuguesa?

IS: Penso que ver as coisas do ponto de vista do mérito é redutor.

Eu mostrei o suficiente para jogar numa primeira liga, tal como muitos. Minha postura é aceitar que não cheguei lá. No entanto ninguém me acusará de não ter trabalhado. Fui digno.

E se tivesse dado o salto no meu momento as coisas poderiam ser diferentes.

Orgulho-me do que consegui e da forma como me apresentei como profissional e sou grato.

FO: Guiné Bissau é um país com dificuldades e ainda afetado pela guerra colonial com muita destruição.

Que Mensagem deixa a Guiné Bissau e aos Guineenses na sua generalidade?

IS: Eu acho o meu país um país maravilhoso.

Aquele calor humano do povo, a paixão pela musica e pelo futebol.

É um povo muito patriota mas culturalmente não se encontrou de modo a operar as mudanças que precisa para explorar realmente o imenso potencial que tem nas mais variadas áreas.

Essa mudança cultural toma imenso tempo e os únicos aceleradores desse processo que transmito são a educação e uma classe política renovada e com novos valor e pensamentos.

Desejo que o povo Guineense acredite mais no nosso potencial.

E que ao lado da nossa liberdade … colocaremos a nossa responsabilidade.

Nós precisamos de mudar para mudar o destino do nosso país.

FO: Ultimamente têm jogado no futebol distrital  no Marco da AF Porto. Quanto tempo tenciona jogar mais futebol?

IS: Eu tenho família e a maior ambição que tenho neste momento é subir mais uma vez, desta vez no Marco.

Conservar a dignidade como profissional e no final da época retirar-me discretamente.

FO: Têm vocação para a poesia. Quando lança a publicação de um livro com a sua bonita e admirável poesia que já tive o gosto de ler nas redes sociais?

IS: Sou grato pelo seu elogio. Dizem que tenho muitos talentos.

Nestes meu últimos passos no futebol, tenho pensado imenso no meu futuro. Minha grande conquista será materializar todas essas expectativas com sucesso. Mas a humildade manda que não me aflija porque isso levo o seu tempo.

Escrever sempre foi um amigo. Mas vou tratar de fazer as coisas bem e quando melhorar esse meu talento vou me desafiar.

Imagem: divulgação [(autor e/ou titular de direitos desconhecido) (arquivo do entrevistado)] – Direitos Reservados

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Categorias: Desporto, Futebol

Acerca do Autor

Francisco Oliveira

Viciado em Imprensa Futebolística desde miúdo, época em que devorava Jornais & Revistas Futebolísticas. Desfruta da Escrita Futebolística desde que começou a escrever para a Página Só nas 4 Linhas na temporada 2018/19. Criador & Pensador da Página Culto Futebolístico nos tempos livres (como sempre!).

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