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Ângelo Meneses, de 29 anos, é um Defesa Central que se caracteriza pela segurança defensiva e uma certa elegância na forma como defende. Não é um defesa central duro e agressivo como tantos; pelo contrário, tenta sempre defender a sua equipa com eficácia e galhardia. Embora tenha realizado a maior parte da formação no Leixões, durante muitos anos uma escola de referência, na verdade começou a sua carreira futebolística como sénior no FC Famalicão. Na sua carreira, representou também o Rio Ave e o Ararat, da Arménia.
Tendo dado os primeiros passos na categoria maior do futebol no FC Famalicão, numa altura em que a equipa ainda disputava o campeonato da II B (antiga designação), e atendendo às suas qualidades, Ângelo Meneses deu nas vistas e daí saltou para o Rio Ave, uma autêntica promoção na carreira, para disputar o campeonato da I Liga. Acabaria por permanecer no clube vilacondense apenas meia época, uma vez que se deparou com uma concorrência muito forte para o seu lugar e as escolhas acabaram por ser outras.
Esta não seria, no entanto, a última vez que representaria aquele clube, uma vez que voltaria ao Rio Ave na época passada, desta feita com a missão bem definida de auxiliar a equipa verde e branca a subir à Primeira Liga Portuguesa, o que aconteceu, mas, ainda assim, Ângelo Meneses não viu o seu contrato ter continuidade.
O futebolista, que neste momento se encontra sem clube e é natural de Ribeirão, cumpriu e totalizou 13 jogos na II Liga Portugal, tendo arrecadado o título da II Liga na temporada transacta. Infelizmente, não acompanhou o clube na promoção e continua sem provar a sensação de jogar na I Liga de futebol nacional.
A exemplo de tantos outros, como foi o caso de João Pedro ou Luís Rocha, Ângelo Meneses também rumou ao estrangeiro, em dado momento da carreira, em busca de sucesso. Aí se notabilizou por uma passagem interessante, em vários aspectos, pelo(quase) desconhecido FC Ararat da Arménia, onde foi campeão nacional.
Francisco Oliveira: Após a sua formação, que passou maioritariamente pelo Leixões, fez a sua primeira época sénior no FC Famalicão na altura na II divisão B (equivalente a atual Liga3/CP), onde contabilizou 20 jogos e um golo. Quais as diferenças maiores entre o FC Famalicão desses tempos e o da temporada da Subida à I liga Portuguesa que integrou em 2018/19?
Ângelo Meneses: As diferenças do primeiro ano que estive no Famalicão para o da temporada em que subimos – 2018/2019 -, são gigantescas. Refiro-me essencialmente à logística do clube e à organização.
No primeiro ano que aí estive, o Famalicão ainda passava por algumas dificuldades no clube. Ao contrário, na época da subida o clube encontrava-se já completamente estável e sustentado e as condições, em todos os níveis, eram de excelência. Não faltava nada para que nós, jogadores, estivéssemos sempre nas máximas condições para representar o clube. A única coisa que não mudou foram os adeptos, esses estiveram sempre presentes com a mesma paixão.
Francisco Oliveira: Depois dessa época, que foi positiva, o Rio Ave contratou-o ao FC Famalicão. Ficou algum queixume por ter sido contratado duas vezes pelo Rio Ave (em 2021/22 voltou ao clube de Vila do Conde para ser Campeão da II Liga) e não ter realizado nenhum jogo na I Liga Nacional?
Ângelo Meneses: Sim, depois dessa época o Rio Ave veio buscar-me. É claro que fica sempre sempre algum lamento por não ter me estreado na Primeira Liga, mas de certa forma acaba por ser compreensível porque eu estava a chegar de uma terceira divisão para um clube que nesse ano contava com centrais de qualidade, como Alberto Rodriguez, Marcelo, Roderick, Nivaldo. Nesse ano, o Rio Ave chegou à final da Taça de Portugal e Taça da Liga, o que caracteriza bem a qualidade desse plantel. Acabei por ser emprestado depois, no mercado de inverno.
Francisco Oliveira: Subiu à Primeira Liga Portuguesa no FC Famalicão e foi Campeão da II Liga no Rio Ave. Qual o clube mais especial para si?
Ângelo Meneses: O clube mais especial para mim será sempre o Famalicão. Foi aqui que começou tudo, é aqui a cidade em que eu vivo, onde estão os meus amigos, a minha família.
Francisco Oliveira: É um Defesa Central que se caracteriza mais pela segurança defensiva do que pelos golos. Num total de 12 golos marcados na sua carreira, lembro-me de um Golaço ao Olhanense, numa vitória em casa (por 4-2, em 2016/17 – II Liga), e de um golo importante numa vitória, também em casa, do FC Famalicão, por 3-2, ao Académico Viseu, ao marcar aos 94 minutos. Foi o jogo mais especial da sua carreira?
Ângelo Meneses: Recordo-me perfeitamente desses dois golos. Contra o Olhanense, porque foi, sem dúvida, o melhor golo da minha carreira até ao momento. Contra o Académico de Viseu, porque foi um golo mesmo no último segundo da partida que nos deu os 3 pontos, que eram importantíssimos para nós, porque estávamos numa fase menos positiva da época e que tínhamos de ganhar para nos mantermos nos lugares de subida.
Francisco Oliveira: Depois de Subir à I Liga pelo FC Famalicão, segue-se uma aventura no praticamente desconhecido FC Ararat da Arménia. Para além de jogar num plantel que era uma autêntica ‘Sociedade das Nações’, o Ângelo Meneses jogou uma pré-eliminatória da Liga dos Campeões frente ao AIK da Suécia, disputada ‘taco a taco’. Como é jogar uma eliminatória da Champions League (ainda que numa fase preliminar), a maior competição de clubes mundial?
Ângelo Meneses: É, sem dúvida alguma, uma sensação fantástica. Mesmo que seja uma fase preliminar da competição e que ainda não possas ouvir o hino do clube que representas. A sensação é incrível, porque jogas contra equipas e jogadores de enorme qualidade.
Francisco Oliveira: O FC Ararat é um clube fundado apenas em 2017. Nessa sua primeira temporada teve muito investimento no seu plantel. Aí o Ângelo Meneses partilhou o relvado de jogo com o Yoan Gouffran, um avançado histórico que venceu os 4 principais títulos de França, jogou na Premier League 4 épocas, ganhou uma Championship – II Liga Inglesa e ainda um Europeu Sub-19, em 2005, pela Seleção de França. Na carreira do Yoan Gouffran somam-se também, até ao momento, um total de quase 1 centena de golos e cerca de uma dúzia de assistências para golo em mais de 500 jogos. Gostou da experiência?
Ângelo Meneses: Foi um prazer poder ter partilhado o balneário com o Gouffran. Ele chegou já numa fase final da sua carreira ao clube e já não actuava como avançado nem tinha as características que o destacavam na Premier League.
No Ararat, ele jogava no meio-campo e destacava-se pela qualidade que tinha com bola. É de realçar também que, mesmo depois de ter jogado na melhor liga do Mundo e de ter feito a carreira que fez, era um profissional incrível e uma excelente pessoa.
Francisco Oliveira: A Arménia é um bom país para viver?
Ângelo Meneses: Sim, muito bom. Eu adorei lá estar.
Francisco Oliveira: O que possui a Arménia de melhor? Aconselhava-a a um amigo?
Ângelo Meneses: A Arménia e um país que ainda tem muito enraizado o estilo soviético no seu país. Os prédios, os carros – ainda se vêm alguns -, a própria maneira de ser das suas gentes. Os arménios demoram a dar-te confiança, só depois de algum tempo é que percebem realmente que podem confiar em ti e aí, sim, são pessoas muito prestáveis mesmo. Por isso, eu não aconselhava ninguém a ir viver para lá, porque a cultura é muito diferente da nossa, mas aconselhava toda a gente a visitar o país, porque a capital Erevan e muitas outras cidades do país têm sítios absolutamente fantásticos para visitar.
Francisco Oliveira: A marcar a sua carreira, num momento em que a época 2022/23 começa a ter ultrapassado o seu início, há o facto de ainda estar sem clube. Foi Campeão da II Liga Nacional, com 13 jogos realizados na última época – 2021/22. Essa situação actual sua tem como uma das principais razões a falta de confiança e aposta do Dirigismo de alguns clubes em Portugal em relação ao ‘Futebolista Português’?
Ângelo Meneses: Não, não creio que seja por isso.
Francisco Oliveira: As propostas que recebeu não foram atrativas?
Ângelo Meneses: Neste momento da minha carreira, em específico, eu gostava de voltar ao estrangeiro novamente. Por isso, esta demora e este impasse.
Já recebi propostas de alguns clubes da II Liga de Portugal, mas rejeitei-as porque o meu objectivo passava por sair do país novamente. Neste momento, não estando a surgir nenhuma proposta boa para sair de Portugal, tenho que pôr a hipótese novamente de ficar cá.
Francisco Oliveira: Vê-se ligado ao futebol depois de terminar a carreira de futebolista?
Ângelo Meneses: Sim, sem dúvida.
Francisco Oliveira: Em que funções?
Ângelo Meneses: Treinador de Futebol. É um dos meu sonhos.
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