Perante a tendência crescente de haver mais pessoas idosas com possibilidade de virem a padecer de algum tipo de incapacidade, as famílias (cuidadoras) são cada vez mais confrontadas com a responsabilidade de tomar conta de elementos da família. Os cuidadores são, na sua maioria, cônjuges ou filhos, mulheres que coabitam ou vivem próximo da residência do familiar e estão, por norma, numa situação económica vulnerável.
Embora muitos cuidadores desejem continuar a cuidar dos familiares dependentes, na verdade, nem todos estão adequadamente preparados para prestar ajuda aos seus familiares, sobretudo quando a dependência é inesperada. Uma vez dependente, cabe à instituição família assumir a responsabilidade de cuidar do familiar idoso. Muita da investigação realizada tem demonstrado que os cuidadores de pessoas idosas com dependência física experienciam muitas dificuldades, devendo, por isso, merecer a atenção de mais e melhores políticas de saúde, dado constituírem um grupo vulnerável pelo diminuído potencial de saúde física e psicológica e de outras restrições designadamente de ordem económica.
Reconhecer o cuidador como um parceiro é a condição primeira para valorizar a importância do seu papel na tomada de decisão e no planeamento dos cuidados aos idosos. É importante disponibilizar informação sobre recursos e serviços disponíveis, e educar os cuidadores sobre a prática quotidiana de cuidados. São necessários, por isso, espaços potenciadores de aprendizagem, de partilha das suas dificuldades e das experiências relacionadas com a doença e a dependência. As famílias precisam de ser ajudadas na gestão dos sintomas, das complicações associadas, no treino da resolução de problemas, e encorajadas a usufruir dos recursos disponíveis, mas também serem reconhecidas e recompensadas pelo cuidado. Precisam, igualmente, de ajuda para aprender a lidar com as significativas e frequentemente difíceis mudanças físicas, emocionais e sociais, necessárias a adaptar a cada contexto. Capacitar as famílias e mais concretamente os cuidadores é reconhecer a importância do seu papel ininterrupto ao longo dos 365 dias do ano, melhorando desta forma a sua confiança, muitas vezes perdida.
Negligenciar a família como parceiro e intermediário na prestação de cuidados de saúde aos idosos é potenciar situações limite quer para os cuidadores, levando-os à exaustação, quer para os mais velhos, que recebem cuidados negligenciados, frequentemente causadores de institucionalização precoce.
A partilha e colaboração entre cuidadores e profissionais / equipas multidisciplinares requerem urgentemente novas configurações, necessárias à compreensão de novas realidades. Pensa-se especificamente na problemática do envelhecimento que, dada a sua complexidade, emerge, desde logo, uma responsabilidade que não deve ser exclusiva do sistema familiar.
Só desta forma poderemos prevenir situações de mau trato/abuso aos mais velhos. Quando o abuso acontece significa que todas as respostas falharam, a Família falhou, a Sociedade falhou e o Estado falhou! E quando isto acontece, e porque a culpa não pode “morrer solteira” culpabilizam-se os cuidadores e protegem-se os mais velhos com mais uma agressão retirando-os das suas casas (porque o contexto é de abuso), institucionalizando-os temporária ou definitivamente e ficamos coletivamente a acreditar que resolvemos o problema.
É, portando, necessário que os programas de saúde de ajuda às famílias sejam mais preventivos e menos assistenciais. Só uma intervenção precoce e ajustada pode evitar que a instituição família se desagregue e propicie uma ajuda que quando chega, muitas vezes, é tarde demais.
É importante prevenir, é importante agir.
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