Djalmir Vieira, o ‘Goleador de Aracajú’ – do Brasil até Olhão por Famalicão

Djalmir Vieira, o ‘Goleador de Aracajú’ – do Brasil até Olhão por Famalicão

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A ‘Canarinha’ (Seleção Brasileira de Futebol) sempre trouxe ao Mundo fantásticos futebolistas, para todas as posições. Não faltam exemplos de excelentes avançados brasileiros. O ‘show de bola’ aracajuense Djalmir Vieira, que jogou no FC Famalicão quando deu o salto para Portugal e no OLhanense terminou a sua carreira como profissional, será apenas um deles.

Desde o ‘Rei Pelé‘ (recentemente falecido), passando por Ronaldo Nazário, Ronaldinho Gaúcho, Romário ou Zico, todos eles futebolistas que os brasileiros chamam eufemística e euforicamente de ‘show de bola. Cada clube tem, no entanto, que se limitar à sua realidade.

Quis o destino que, algures pela temporada 2000/2001, chegasse ao FC Famalicão esse avançado ‘show de bola’, Djalmir Vieira, que haveria de tantas vezes lembrar esse outro ídolo do futebol que foi Djalminha. Não sendo tão craque quanto esse esse outro Djalmir de tantos conhecido, o atleta que representou o FC Famalicão possuía uma técnica assinalável e que logo deu nas vistas em Portugal.

Djalmir Vieira era um avançado para outros escalões, que não a antiga II B portuguesa. Tanto assim era que durou apenas uma época no clube famalicense. Aqui marcou 18 golos, prosseguindo depois para o Belenenses (da primeira liga nacional).

1ª fase: chegada a Portugal via FC Famalicão

Francisco Oliveira: Djalmir Vieira é natural de Aracajú. Começou a jogar futebol nos escalões secundários do futebol brasileiro, em clubes como o Sergipe e o Cascavel. Quando é que começou a acreditar, mais seriamente, no futebol profissional?

Djalmir Vieira: Verdadeiramente eu nunca pensei em ser jogador profissional, eu apenas me divertia a jogar futebol, não passava disso mesmo. Eis que surgiu uma proposta para integrar a equipa profissional do Cascavel. Arrisquei. Tinha que arriscar.

Francsico Oliveira: Lembra-se ainda bem como surgiu a oportunidade de ingressar no FC Famalicão?

Djalmir Vieira: Houve um convite, logo depois de terminar o campeonato paranaense, em que fui o melhor marcador da competição (com 18 golos marcados em 12 jogos), através do meu agente. Não pensei duas vezes, mesmo sem conhecer o futebol português.

Francisco Oliveira: Na sua primeira temporada (2000/2001), marcou mais 18 golos, desta feita pelo FC Famalicão, nesses tempos a competir na II B (designação antiga do atual CP/Liga 3). Foi uma época de sonho, nessa sua primeira experiência de jogo na Europa do Futebol. No Brasil já lhe era reconhecida a sua ‘veia goleadora’?

Djalmir Vieira: Sim. Correu muito bem. Na primeira época fiz 18 golos. Correu bem, e foi uma temporada positiva. Negativa foi a lesão, em que fiquei quase 3 meses sem jogar. Mas já antes, tinha sido o melhor marcador do Paranaense.

Francisco Oliveira: Nessa época de 2000/2001, o FC Famalicão atingiu os quartos final da Taça Portugal, onde sofreu uma derrota de 1-3, frente ao Sporting CP). Durante essa caminhada, o Djalmir marcou um golo decisivo, no minuto 94 do prolongamento, frente ao Belenenses, e mais 2 golos ao Gil Vicente, nos oitavos final da ‘prova-rainha‘ do futebol em Portugal. Quais foram, para si, os golos mais marcantes da sua carreira futebolística?

Djalmir Vieira: Essa foi uma temporada de sonho. Fizemos um bom campeonato, tendo conseguido ficar em 2° lugar, logo atrás do Moreirense.

Na Taça de Portugal, ‘trilhamos’ também o nosso caminho. Eliminámos equipas da primeira liga – Gil Vicente e Belenenses. Este último, ‘Os Belenenses’, seria a minha próxima paragem.

2ª fase: ascensão na carreira de jogador de futebol

Francisco Oliveira: Sem surpresa nenhuma, deu um ‘salto de gigante’, indo do FC Famalicão (II B – equivalente ao atual 3° escalão nacional), para a primeira liga portuguesa – para ‘Os Belenenses’. No entanto, aí é pouco utilizado (11 jogos, com apenas 1 golo marcado) numa equipa que conseguiu atingir o 5° lugar da Primeira Liga nesse ano. Em que sentido foi importante para si esse embate com a competitividade mais forte da primeira liga, em detrimento da II B nacional de então?

Djalmir Vieira: Depois do ‘salto qualitativo’, entrei numa outra realidade. Na primeira liga havia muita qualidade, e o ‘Belém’ de então tinha jogadores de grande nível. Foi difícil de me afirmar na equipa. Recordo que fomos quintos classificados, nos qualificando também para a Taça UEFA.

Francisco Oliveira: Segue-se o Salgueiros, mas é só depois, já no Feirense, que relança a carreira, como almejado regresso aos golos (12 golos marcados, em 29 jogos). No clube da Feira jogou como médio interior. Adaptou-se bem? Gostou de jogar nessa posição, ou a sua ‘praia’ era avançado e ponto?

Djalmir Vieira: Era pouco utilizado no ‘Belém’. Segui para o Salgueiros e, no clube portuense, aí joguei praticamente como médio interior, sendo o ‘número 10’ da equipa. Meu treinador no Salgueiros –  Norton de Matos – achou que eu, a jogar na função de ‘numero 10’, aumentaria a qualidade da equipa no meio-campo.

Mas eu, taticamente e na prática, era mais um ponta-de-lança, sempre pronto a ‘furar as redes’ da baliza adversária.

Aparecia muitas vezes nas funções de ponta-de-lança, para marcar ou assistir para os colegas de equipa.

Resultou bem! Eu e o Fábio – avançado brasileiro que jogava comigo na frente do ataque – tínhamos um entrosamento fantástico e ele marcou muitos golos nessa altura.

Depois, no Feirense, foram duas épocas com 12 golos marcados. Um clube com gente muito séria e responsável, que naquela altura tinha das melhores condições em Portugal.

3ª fase: ida para o Olhanense, clube onde terminou a carreira e que mais tempo representou, mas também deixou mais marcas na vida pessoal

Francisco Oliveira: Seguiram-se 8 temporadas de bom nível, no Olhanense. Coroado com a Glória de ser Campeão Nacional da segunda liga, em 2008/09, em que marca 23 golos em 34 jogos. Sagra-se, assim, o melhor marcador da segunda liga.
Esse feito ocorreu quando tinha já 33 anos. Lamenta que tivesse atingido o seu auge, em matéria de golos, com essa idade, e não abaixo dos 30 anos?

Djalmir Vieira: Estive oito anos e meio em Olhão – oito anos a jogar e seis como director desportivo. Foram anos fantásticos, na cidade de Olhão, onde ainda resido, e onde tive uma filha nascida e natural. Aqui ficou uma ligação para a vida.

Penso que disseste tudo. Fomos campeões da segunda liga, e fui o melhor marcador do campeonato. Seguiram-se 4 anos na primeira liga, em que fiz golos importantes que ajudaram a garantir a manutenção do clube no escalão principal do futebol português.

Na primeira liga, fui também considerado o avançado mais eficaz, com 12 golos, em apenas 17 jogos. E com concorrência de luxo como o Falcão, do FC Porto, o Cardoso, do SL Benfica, e o Liedson, do Sporting CP.

Em relação ao ter nessa época 33 anos, só lamento que, quando fui para ‘Os Belenenses’, não ter tido antes as oportunidades que tive no Olhanense.

Francisco Oliveira: Teve convites para ‘outros voos’?

Djalmir Vieira: Tive clubes interessados em mim. Mas o Presidente – Isidoro Sousa – não me libertou.

Francisco Oliveira: Na sua última época no Olhanense, foi orientado pelo atual treinador do FC Porto – Sérgio Conceição. Quais as qualidades e defeitos do atual treinador do FC Porto?

Djalmir Vieira: Sérgio Conceição é um grande homem, e também um grande treinador.

Foi um azar, não ter sido treinado mais cedo pelo Sérgio Conceição. Só tive esse privilégio perto do final de carreira. Os títulos que ganhou falam por si.

O grande defeito do Sérgio Conceição é ter o ‘coração na boca’. O que tem de falar, fala logo sem rodeios.

Na verdade, isso é um defeito. Porém, tem também as suas virtudes.

Vive o jogo de futebol intensamente. É apaixonado pelo jogo, e pela sua profissão.

Francisco Oliveira: Lembro-me de uma história das temporadas seguintes. O Djalmir Vieira era director desportivo e teve que ‘calçar as chuteiras’ e voltar a jogar. Foi juntar o ‘útil ao agradável’ do ‘Bichinho dos Golos’?

Djalmir Vieira: Nessa altura, estava no Brasil, e o Sérgio Conceição foi buscar-me de volta para trabalhar no Olhanense.

Foi óptimo, porque vivemos grandes momentos, dentro e fora do relvado.

Depois quando o Sérgio Conceição, saiu do clube, viveu-se uma fase terrível, com salários em atraso, muitos dos jogadores principais lesionaram-se.

O substituto de Sérgio Conceição foi o mister Manuel Cajuda que teve enormes dificuldades, ao ponto de não poder contar com jogadores suficientes para realizar um treino.

Nessa altura tive, voltei a treinar e a jogar; e ainda fiz golos.

Francisco Oliveira: ‘Tomou-lhe o gosto’ e, com 43 anos, ainda foi fazer 4 temporadas ao Almancilense (AF do Algarve). Como surgiu o convite para voltar a jogar?

Djalmir Vieira: O treinador que me convidou era meu amigo. Quando soube que eu tinha voltado a Portugal, fez-me o convite e eu aceitei. Mas foi uma situação diferente!…

Estamos a falar das divisões distritais, jogamos por lazer.

Francisco Oliveira: Jogou, então, até aos 46 anos, no Almancilense, por prazer. Que faz atualmente?

Djalmir Vieira: Neste momento sou investidor. Para além disso, trabalho numa empresa de transporte de pequenas encomendas.

Francisco Oliveira: Ainda espera por novas oportunidades no mundo do futebol?

Djalmir Vieira: Joguei e talvez volte a jogar outra vez. Fui convidado para voltar a jogar. Não; não vou revelar qual é o clube.

Neste momento não espero por nada, no mundo do futebol, mas tenho abertura para regressar ao futebol.

Francisco Oliveira: Para terminar, pedia-lhe só mesmo uma mensagem para a massa associativa do FC Famalicão.

Djalmir Vieira: A mensagem que posso deixar à minha massa é que continuem a apoiar o clube da cidade como tem feito até aqui. A equipa tem demonstrado muito valor ultimamente. Quero desde este meio, enviar também um forte abraço a todos os famalicenses.

Francisco Oliveira: Muito obrigado, Djalmir Vieira. Aproveito também para lhe deixar votos de muito sucesso, para os seus desafios presentes e futuros.

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Imagens: 0) FCF, 1) DV, 2) SCO


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Acerca do Autor

Francisco Oliveira

Viciado em Imprensa Futebolística desde miúdo, época em que devorava Jornais & Revistas Futebolísticas. Desfruta da Escrita Futebolística desde que começou a escrever para a Página Só nas 4 Linhas na temporada 2018/19. Criador & Pensador da Página Culto Futebolístico nos tempos livres (como sempre!).

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