1.
Quando amanhã vires
por mero acaso
este granito
se ele existir
fica a saber
que o gravei
a correr
com a alma a doer
na palma da mão
rotos os dedos
ensanguentados
para nele durar
no seu sono longo
a memória do homem
e de mim te lembrar
2.
Não sei se haverá
ainda alguém
da minha espécie a esvair-se
na loucura insana
de se imolar entregue
às mãos da demência
que governa a terra
3.
Mas se vires alguém
foragido de medo
com falta de ar a mover-se
no último reduto
das fendas da pedra
para se entalhar
escondido nela
Terás de fazer
o gesto indizível
que ele entenda
ser um dar a mão
para assim poder
no limite extremo
se já não souberes
falar-te de amor
4.
Saberás então
que o tempo é de pedra
se grava na pedra
e o homem também
E mais saberás que
no espírito do penedo
se entranhou por osmose
o espírito de deus e do homem
5.
Se quiseres saber
ajoelha e reza
se não, deixa lá
já não valerá a pena
saber de teus avós
quando amanhã vires
por mero acaso
este granito
se ele existir
e ficarás
sem raízes e só
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