Assírio & Alvim (re)antologia Luís Miguel Nava com ‘Poesia’

Assírio & Alvim (re)antologia Luís Miguel Nava com ‘Poesia’

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A pele era o que de mais solitário havia no seu corpo.
Há quem, tendo-a metida
num cofre até às mais fundas raízes,
simule não ter pele, quando
de facto ela não está
senão um pouco atrasada em relação ao coração.

Luís Miguel Nava fala com todos e cada um de nós. Em sintonia sobre pretexto, solta palavras que nos colam ao corpo e à mente e nos tocam. Ou melhor, não nos tocam, entranham-se profundamente.

Um quarto de século depois do desaparecimento do malogrado autor, a Assíro & Alvim considerou chegada a hora de reapresentar a sua obra poética, há muito desaparecida das livrarias. Assim, uma nova edição da editora inclui, para lá da obra já conhecida e publicada, o prémio de diversos textos inéditos.

Após um longo hiato editorial, é agora publicada a Poesia de Luís Miguel Navanuma cuidada edição preparada por Ricardo Vasconcelos, autor do livro Campo de Relâmpagos — Leitura do excesso na poesia de Luís Miguel Nava, também publicado pela Assírio & Alvim há alguns anos. Para além de incluir toda a obra publicada pelo próprio autor, entre 1979 e 1994, este volume inclui vários outros textos inéditos e dispersos. O livro está disponível nas livrarias a partir de 10 de setembro.

«Era há muito desejada a reedição da obra de Luís Miguel Nava, desaparecida das livrarias há vários anos, apesar do interesse que nela continua a existir não só em Portugal, onde os seus livros se esgotaram sucessivamente, mas também no Brasil. A relevância da edição da Poesia que agora se apresenta é de assinalar por não só incluir todos os poemas que o autor publicou em vida, mas também por trazer a público um conjunto muito substancial de textos inéditos ou parcialmente inéditos […], que são apresentados devido à sua qualidade e ao facto de contribuírem para uma compreensão mais global da escrita de Nava.»

Através da nudez

Este garoto é fácil compará-lo a um campo de relâmpagos
encarcerando um touro. Através da nudez vêem-se os astros.
É onde o poema interioriza
a sua própria hipérbole, a paisagem.

Movem-se os tigres como câmaras na areia, prontos eles
também a deflagrarem. A manhã
espanca a praia, é impossível descrevê-la sem falar
dos fios deste poema
que a cosem com a paisagem

Luís Miguel Nava, autor de uma obra poética singular

Luís Miguel Nava nasceu em Viseu, a 29 de setembro de 1957. Estuda Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, após a conclusão do curso, faz um mestrado e trabalha como assistente nessa faculdade entre 1981 e 1983, colaborando de forma regular como crítico literário em jornais e revistas, nomeadamente a Colóquio-Letras e o Jornal de Letras, entre outras publicações.

Parte para Oxford, onde exerce as funções de leitor de português. Muda-se para Bruxelas em 1986, aí trabalhando como tradutor da então Comunidade Económica Europeia. A partir dessa data passa a viajar cada vez mais, sobretudo pela Europa, Norte de África, México e um pouco por todo o mundo.

Bruxelas é também o seu último destino, cidade onde encontra a morte, em maio de 1995, brutalmente assassinado no seu apartamento.

É o autor de uma obra poética singular, bem como de diversos livros de ensaio, já publicados pela Assírio & Alvim no volume Ensaios Reunidos (2004). Por testamento, instituiu a Fundação Luís Miguel Nava, que desde 1997 publica a revista Relâmpago e atribui um prémio anual de poesia.

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Imagens: A&A

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Categorias: Cultura, Literatura, Livros, Poesia

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