Desconstruindo mitos sobre a Depressão

Desconstruindo mitos sobre a Depressão

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Façamos uma pequena reflexão individual…

Já alguma vez algum familiar ou amigo seu lhe disse: “Estou com uma depressão”?

Se sim, qual foi o seu primeiro pensamento?

Alguma vez ocorreu-lhe pensar que as pessoas diagnosticadas com depressão são pessoas mais fracas ou, por exemplo, mais preguiçosas? Ou até mesmo que são pessoas que gostam de chamar a atenção do outro?

Se sim, este artigo é para si!

Vamos então esclarecer aqui alguns mitos!

O que nos diz a ciência sobre este assunto?

A tão conhecida “depressão” dos dias de hoje é caracterizada por sentimentos de tristeza ou desesperança (humor deprimido), diminuição acentuada de prazer ou interesse pelas atividades do dia-a-dia, alterações no apetite ou no peso, alterações no ritmo de sono, maior agitação ou lentificação, perda de energia ou sensação de fadiga constante, sentimentos de culpa ou de desvalorização excessiva, dificuldades de concentração ou na tomada de decisão ou, por fim, pensamentos sobre a morte (ideação ou tentativa suicidas) (DSM-5). Esta perturbação depressiva provoca mal-estar significativo e, como consequência, pode mesmo fazer com que as pessoas que dela padecem se isolem mais do que o costume (DSM-5).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2017), a depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas a nível mundial (cerca de 4.4% da população global), sendo considerada a maior contribuidora para a incapacidade na atividade produtiva.

Posto isto, é possível compreendermos que a depressão não é um simples “estado” que escolhemos ter ou não ter. É uma perturbação que contribui para o sofrimento de milhões de pessoas! E estas não são, nem podem ser vistas como seres humanos mais fracos do que os restantes porque, na realidade, com determinadas condições de vulnerabilidade (fatores internos ou externos), qualquer pessoa pode “tropeçar” nesta perturbação. Tal como uma pessoa com uma doença física não é considerada pelos demais como mais fraca, uma pessoa com um problema na sua saúde mental também não pode ser encarada como tal. Simplesmente está a passar por uma situação que a torna mais vulnerável, o que não significa ser-se fraco! Trata-se de uma “dor de alma”, muitas vezes não visível aos olhos dos outros.

Além disso, algumas pessoas consideram a depressão como sinónimo de preguiça. Como vimos anteriormente, alguns dos sintomas depressivos consistem na perda de interesse, fadiga e perda de energia, lentificação e até isolamento social. Esta sintomatologia geralmente é associada ao ser-se “preguiçoso”. No entanto, mais uma vez, a diferença encontra-se no poder de escolha. Ninguém escolhe ter uma depressão e como tal, ninguém com sintomas depressivos escolhe ter perda de interesse, prazer ou energia. Não é voluntário. É uma consequência. Aliás, seria contranatura querermo-nos sentir sempre cansados, tristes ou embotados.

Por último, algumas pessoas pensam que os chamados “deprimidos” assim o são apenas para “chamar à atenção”. Escusado será dizer que este pensamento é mais um mito e estereótipo associados a esta perturbação. Assim, se algum dia forem procurados por alguém que se sente deprimido, não lhes virem as costas por causa deste ou outro preconceito. Tal como todos nós que já passamos por momentos mais difíceis, as pessoas com depressão podem necessitar de apoio das pessoas mais próximas. E desabafar, procurar ajuda ou até mesmo demonstrar os nossos sentimentos não é “chamar à atenção”. É um voto de confiança e um ato de necessidade de mudança! É um pedido de ajuda!

E pedir ajuda não é NUNCA ser-se “fraco”, “preguiçoso” ou um “necessitado de atenção”!

É um ato de coragem para a superação de uma profunda tristeza muitas vezes intraduzível por simples palavras. Porque a Depressão existe mesmo!

 

 

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Categorias: Ciência, Destaque, Sociedade

Acerca do Autor

Diana C. Pereira

Diana C. Pereira - Mestre em Psicologia pela Universidade do Minho. Psicóloga Júnior na área da Psicologia Clínica e da Saúde.

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