Programa permite ganhar e/ou poupar com reutilização de manuais

Programa permite ganhar e/ou poupar com reutilização de manuais

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O Município de Guimarães integra desde agora a rede do Programa SPIN, uma plataforma de Reutilização de Manuais Digital e Intermunicipal, totalmente profissional e adaptado aos novos hábitos de consumo e às novas tecnologias. Este projeto surgiu no desenvolvimento de uma ideia apresentada no âmbito do Orçamento Participativo de Guimarães.

No final de cada ano letivo, são milhares os manuais escolares que deixam de ser utilizados. A Book in Loop aproveitou a oportunidade e montou uma plataforma tecnológica que permite a redistribuição dessses manuais pelo país; ou parte dele, pelo menos. Guimarães, na senda de outros municípios portugueses, aderiu agora a esta iniciativa empresarial que se tem revelado um sucesso.

O processo desenvolve-se em dois passos: em primeiro lugar, as famílias entregam os manuais, válidos e em bom estado, ao programa SPIN e assim recuperam até 20% do valor de cada manual. Da mesma forma, podem depois adquirir os manuais para o ano letivo seguinte com 60% de desconto. A poupança conjunta destes dois passos pode atingir os 80%.

Para a entrega dos manuais usados, deve ser criada uma conta, através da qual cada cidadão regista os manuais que pretende entregar. Pode fazê-lo de duas formas simples: a primeira, acedendo ao website SPIN Guimarães: na sua conta SPIN, basta escrever o número ISBN do manual para registar o livro. Automaticamente o sistema devolverá a informação sobre o manual em causa; outra, através do uso de uma aplicação smartphone: com a aplicação do Programa SPIN, basta apontar a câmara do telemóvel para o código de barras do livro e, automaticamente, o livro fica registado.

Também na sua conta, cada munícipe pode reservar os manuais para o ano letivo seguinte. Basta, para isso, escolher a escola e o ano letivo de cada um dos filhos. Automaticamente, o sistema apresenta a lista dos manuais que serão adotados pela escola, podendo selecionar aqueles que pretende receber.

Todos os munícipes podem entregar os seus manuais até ao próximo dia 27 de Julho. Podem também reservar os manuais para o próximo ano letivo até ao dia 3 de Agosto. Os pontos de recolha serão os agrupamentos de escolas indicados na própria plataforma.

No Concelho de Guimarães, os gastos anuais com manuais estão estimados em cerca de 1 milhão e 600 mil euros e é preocupação do executivo municipal aliviar a fatura das famílias na aquisição destes recursos didáticos, no início do ano letivo e ao longo de toda a escolaridade obrigatória.

A reutilização tem vindo a crescer por todo o país, fruto de iniciativas da sociedade civil, das autarquias e do governo, mas enfrentando sérias dificuldades. Desde a recorrente mudança de manuais, até à falta de mecanismos simples e cómodos para a troca, com os requisitos técnicos que os mesmos implicam (gestão de stocks, transportes e armazenagem), passando pela dificuldade de criação de um sistema objetivo de controlo de qualidade e de um incentivo para a entrega dos livros.

Desenvolvido em parceria com a Book in Loop, o Programa SPIN Guimarães surge assim como uma ferramenta ao dispor de todos e com um objetivo claro e simples: garantir que todas as famílias têm acesso a manuais escolares por 20% do valor que pagariam.

 

O caso de Vila Nova de Famalicão – opção pelo banco de Livros Escolares em detrimento da SPIN

O Município de Famalicão desenvolveu o mesmo processo em 2017, mas sem que os resultados correspondessem às expectativas de retorno previsto. Assim, em 2018 a autarquia famalicense decidiu não manter o protocolo estabelecido com a Book in Loop, antes apostando no Banco de Livros Escolares.

“Famalicão já reutiliza e as famílias poupam em manuais escolares” foi o mote para a campanha lançada pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, em junho de 2017, relacionada com a recolha e redistribuição dos manuais escolares do 7º ao 12º ano. O desafio, na altura lançado em articulação com a empresa “Book in Loop”, com as escolas de Famalicão e a Federação Concelhia de Associação de Pais (FECAPAF), permitiria às famílias a possibilidade de venderem os manuais escolares de que já não necessitam, desde que atuais e em bom estado, recebendo até 20% do preço de capa. Simultaneamente seria dada às famílias a possibilidade  de reservarem os manuais do ano letivo seguinte com 60% de desconto. No total as famílias poderiam vir a obter a já referida poupança global de 80%. Tal e qual como o Município de Guimarães agora resolveu fazer.

O programa ‘Spin’ foi desenvolvido de forma pioneira em 2017-2018 na autarquia de Vila Nova de Famalicão, mas também em Santarém, Guarda, Castelo Branco, Figueira da Foz, Fundão, Gouveia, Mação, Pinhel, Sertã e Vagos, enquadrando-se na estratégia de afirmação destes municípios como Smart Cities. Trata-se de um projeto no âmbito da gestão sustentável dos recursos e da universalização da utilização de materiais didáticos de qualidade nas escolas.

O processo, muito simples e em tudo idêntico ao de Guimarães, era desenvolvido através da internet, em SPIN Famalicão. As famílias só tinham que fazer o registo dos manuais que já não precisavam, entregando-os posteriormente em bom estado nos pontos de recolha referenciados, e reservar online os do ano letivo seguinte. Depois disto, os manuais reutilizados, com garantia de qualidade, chegariam comodamente, pela mesma via, antes do início do ano letivo e com o desconto respetivo.

Com o Spin Famalicão, o município famalicense esteve assim na linha da frente na implementação de um programa de reutilização de manuais escolares que permitiria poupar o ambiente e a carteira das famílias famalicenses. Contudo, como já referenciado, a adesão ficou bastante aquém das expectativas não procedendo o Município à renovação da parceria estabelecida no ano anterior.

Deixando de contar com esta ferramenta, a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão pretende, no entanto, continuar a universalizar o processo de reutilização de manuais escolares. Para o efeito, a autarquia famalicense mantém ativo o Banco de Livros Escolares, que permite às famílias com maiores dificuldades, e que não sejam abrangidas pelo escalão A da Ação Social Escolar, acederem ao empréstimo gratuito dos manuais que precisam. O Banco de Livros Escolares é alimentado pela própria Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão em função das necessidades e pelas famílias que optem por oferecer os livros para este recurso de natureza eminentemente social. Neste caso, a cedência dos manuais usados deverá ser efetuada na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, Polos da Biblioteca, sedes de Agrupamentos de Escolas e Cooperativas de Ensino do concelho.

Os livros em causa são sobretudo os do 8.º ao 12.º ano. Para o 1º e 2º Ciclos, o Estado garante agora os manuais e a Câmara as respetivas fichas de trabalho no caso do 1º Ciclo. Para os alunos do 7º ano de escolaridade, a Câmara Municipal passou este ano a oferecer a todos os alunos os livros das disciplinas nucleares de Português, Matemática, Língua Estrangeira I e II, História, Geografia, Ciências da Natureza e Física e Química. No total, o Município de Famalicão investe cerca de 400 mil euros em manuais escolares.

 

A Book in Loop, transformar uma necessidade social num negócio

A Book in Loop, empresa dedicada à reutilização de manuais do 5.º ao 12.º ano, foi lançada em 2017, entre alguma polémico dado haver quem entendesse que os manuais usados não deveriam ser comercializados, talvez no seguimento do sucesso que uma congénere norte-americana – a Chegg – tem obtido. Espera neste ano de 2018 envolver 80 mil famílias e chegar aos 100 mil livros, repartidos entre parcerias com as autarquias e o Continente. Em 2017 registou 60 mil livros.

De 2017 para 2018, aumentou também o número de municípios que estabeleceram uma parceria com a Book In Loop, passando de 12 para 19. A plataforma dispõe atualmente de mais de 250 pontos de recolha pelo país.

Os livros usados comprados na plataforma têm um desconto de 60%, sendo que, para além da poupança no orçamento das famílias, há também uma redução na pegada ecológica, com a campanha da Book In Loop a ser apoiada pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente. João Matos Fernandes, o Ministro do Ambiente, afirmaria mesmo numa visita realizada à sede da Book in Loop, no âmbito dos esforços do governo para incentivar a Economia Circular que a Book in Loop “é um projeto fundamental para prolongar a vida do produto e poupar papel”.

Quem tiver livros para entregar, para além da possibilidade de registo através dos sites próprios destinados a cada autarquia, pode, em alternativa, registar-se em Book in Loop, sendo que os manuais não podem ter capa rasgada, nem estar sublinhados a tinta ou ter etiquetas permanentes.

Em 2019 a empresa prevê lançar uma nova plataforma destinada ao mercado de livros usados destinados a estudantes universitários.

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Categorias: Comunidade, Ensino, Guimarães

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