MBM | Norberto Cunha e António José Queiroz desvendam ação ‘Política’ de Bernardino Machado entre 1921 e 1926

MBM | Norberto Cunha e António José Queiroz desvendam ação ‘Política’ de Bernardino Machado entre 1921 e 1926

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No próximo dia 14 de Dezembro, pelas 21h30, será realizada a apresentação pública do Tomo VII (1ª Parte) da Obra Política de Bernardino Machado no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão. O conjunto desta obra tem vindo a ser dada a conhecer ao público pela editora famalicense Húmus. A apresentação será realizada pelos historiadores António José Queiroz e Norberto Cunha, este último coordenador científico do Museu Bernardino Machado.

 

 

Este novo volume de Política, de Bernardino Machado, revela um dos períodos menos conhecidos – aquele que decorre entre 1921 e 1926 – do percurso do democrata famalicense que viria a ser Presidente da República em duas diferentes ocasiões. Durante esse período, Bernardino Machado chefia, durante alguns meses, um Governo trans-partidário que virá a ser derrubado em Maio de 1921, através de um golpe militar. Suceder-lhe-á então um Governo de transição, até às eleições de Junho, chefiado pelo liberal Barros Queiroz, convidado pelo Presidente da República de então, António José de Almeida, e apoiado pelo Partido Democrático.

Após as eleições e com uma maioria escassa no Parlamento, o Governo cai para dar lugar a um outro, da mesma cor política – liberal -, chefiado por António Granjo. Mas este Governo, assim como os maiores partidos que o apoiavam – o Partido Liberal e o Partido Democrático – persistiam numa prática política cada vez mais afastada dos eleitores e mais centrada na sustentação e solidez do seu “rotativismo”.

Esta dissociação entre o Poder político e os partidos, por um lado, e o povo por outro, contribuiu decisivamente para a tragédia da Noite Sangrenta de 19 de Outubro, em que foram assassinados Granjo, Machado Santos e Carlos da Maia. O poder foi, então, entregue a Manuel Maria Coelho que conspirava já pelo derrube do Governo, mas sem quaisquer ligações aos fautores da Noite Sangrenta. Depois de algumas semanas de turbulência governativa, Cunha Leal foi chamado a presidir ao Ministério. Apesar dos esforços feitos para controlar e manipular a situação em favor da “sua política”, viria a perder as eleições de fevereiro de 1922, reentrando-se num período de normalidade constitucional com a vitória do Partido Democrático e o Governo que se lhe seguiu, chefiado por António Maria da Silva.

Posteriormente, em 1925, e já com 74 anos, Bernardino Machado, o democrata famalicense, viria ainda a ser eleito presidente da República por uma segunda ocasião. No entanto, acabaria derrubado pelo Golpe de Estado, também apelidado de Revolução Nacional, implementado pelo bracarense Manuel Gomes da Costa que haveria de permitir a Oliveira Salazar chegar ao poder e fundar o Estado Novo que durante 48 anos vigorou em Portugal.

Embora Bernardino Machado não tenha tido neste período uma intensa atividade política, salvo no período em que presidiu ao Ministério, publicou múltiplos textos na imprensa periódica de então, quer doutrinais quer sobre a situação politica – que ia acompanhando – e que até ao presente caíram no esquecimento. Por todas estas razões o Tomo VII (1ª Parte) da Obra Política de Bernardino Machado será, certamente, um dos mais interessantes volumes da sua Obra Política.

 

Norberto Cunha é atualmente Coordenador Científico do Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão. Professor Catedrático aposentado da Universidade do Minho, tem-se dedicado ao estudo da História e da Filosofia.

As suas publicações têm como objetivo fundamental a compreensão de Portugal e dos portugueses a partir das Luzes e da modernidade, através da chamada “história intelectual” — tendo como ponto de partida os paradigmas científicos-naturais — numa perspetiva metodológica de convergência entre a história das ideias e a história e a sociologia das ciências. Os seus trabalhos publicados distribuem-se pelas seguintes áreas: (a) a Ilustração em Portugal, com especial incidência nos chamados “estrangeirados”; (b) a Filosofia em Portugal e a Cultura portuguesa (da “Geração de 70” à crise da II Guerra Mundial) com especial incidência nos “intelectuais”, no “ensaísmo” português, na “Renascença Portuguesa”, no tradicionalismo integralista, nos seareiros e no neopositivismo lógico; (c) a ideologia do Estado Novo e seus próceres; (d) a recepção da Ideia da Europa em Portugal; (e) e a representação da Galiza na historiografia portuguesa. Nos últimos tempos, tem prestado especial atenção às estruturas ou “dispositivos” intelectuais pró-naturalistas de longa duração na Cultura Portuguesa (das Luzes ao século XX).

António José Queiroz é investigador do CEPESE (Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade – UP) e colaborador do CEFi (Centro de Estudos de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa).
Tem colaboração em revistas científicas e em publicações coletivas sobre a História da Primeira República e do Republicanismo.

É autor, entre outras, das seguintes obras: O Jornal Portuense A Montanha e as Relações Luso-Espanholas (1911-1926), Amarante, Edições do Tâmega, 1997; A Esquerda Democrática e o final da Primeira República, Lisboa, Livros Horizonte, 2008; José Domingues dos Santos: O Defensor do Povo (1887-1958), Lisboa, Assembleia da República, 2012. É membro da Associação Portuguesa de Escritores e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

 

Fonte: MBM

Imagens: (0) Município de Famalicao, (1) Jorge Sampaio -Museu da Presidência

 

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