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O tríptico ‘A Vida’, de António Carneiro, uma das obras mais emblemáticas da Fundação Cupertino de Miranda, irá integrar a exposição dedicada a Fernando Pessoa, Pessoa. Todo arte es una forma de literatura, no Museo Nacional Centro de Artes Reina Sofia, em Madrid, que estará patente ao público entre os dias 7 de fevereiro e 7 de maio de 2018.
Dizia Álvaro de Campos:
Toda a arte é uma forma de literatura, porque toda a arte é dizer qualquer coisa. Há duas formas de dizer — falar e estar calado. As artes que não são a literatura são as projecções de um silêncio expressivo. Há que procurar em toda a arte que não é a literatura a frase silenciosa que ela contém, ou o poema, ou o romance, ou o drama. Quando se diz «poema sinfónico» fala-se exactamente, e não de um modo translato e fácil. O caso parece menos simples para as artes visuais, mas, se nos prepararmos com a consideração de que linhas, planos, volumes, cores, justaposições e contraposições são fenómenos verbais dados sem palavras ou antes por hieroglifos espirituais, compreenderemos como compreender as artes visuais, e, ainda que as não cheguemos a compreender ainda, teremos, ao menos, já em nosso poder o livro que contém a cifra e a alma que pode conter a decifração. Tanto basta até chegar o resto.
O Museu Nacional Centro de Artes Rainha Sofia irá apresentar, a partir de 7 de fevereiro, uma exposição intitulada Fernando Pessoa. Todo arte es una forma de literatura. O propósito é divulgar a arte que se fez em Portugal no começo do século XX, e da qual António Carneiro foi contemporâneo.
António Teixeira Carneiro Júnior, nascido em Amarante e falecido no Porto, viveu entre 1862 e 1930. Foi pintor, ilustrador, poeta e professor de português.
Artista com grande sensibilidade, em que o sentimento se sobrepõe à razão, procurou sobretudo emocionar, mais do que explicar. A grande maioria das suas obras são retratos em que traduz o estado de espírito do modelo. Dedicou-se também à pintura religiosa e histórica.
Aos 28 anos foi premiado na Exposição Universal de Paris, com a obra A Vida e a partir daí foi um suceder de prémios, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
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A exposição Pessoa. Toda arte é uma forma de literatura retira o título da citação de Álvaro de Campos, um dos heterónimos mais vanguardistas de Fernando Pessoa (Lisboa, 1888-1935), publicado na Presença, em 1936, uma das mais influentes revistas literárias portuguesas de então.
Fernando Pessoa é hoje unanimemente considerado um dos grandes escritores do Século XX. Criador de vanguarda, mas também da sua “própria vanguarda, através da prolífica produção textual de seus mais de cem heterónimos”, personagens por si inventados e que assumiam cada qual a sua personalidade enquanto diferentes autores, “tornou-se o intérprete excecional da crise do sujeito moderno e suas certezas, transferindo para o trabalho uma múltipla alteridade que atribuiu à sua desorientação existencial”, refere o Museo Nacional Reina Sofia na sua nota sobre a exposição.
Esta exposição reúne uma seleção de obras de José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Affonso e Júlio, entre muitos outros, entre os quais o autor representado na Coleção da famalicense Fundação Cupertino de Miranda, que cede temporariamente a obra, relacionados com as principais correntes estéticas portuguesas desde o início do século XX até 1935. Apesar dessas correntes mostrarem a inevitável influência das tendências europeias dominantes, mostram também que os artistas portugueses quiseram, e conseguiram, distanciar-se delas. Em Pessoa, ele próprio um crítico literário e de arte, recorde-se o seu livro Páginas de Estética e Teoria e Crítica Literárias, diferentes escritos dão conta do seu caráter distintivo no contexto europeu. “Por outro lado, várias dessas obras refletem o gosto pela ideossincrasia popular lusa, que tanto aparece no trabalho dos artistas portugueses que viajaram para Paris quanto nos estrangeiros que decidiram passar uma temporada em terras portuguesas, como é o caso de Sónia e Robert Delaunay.
A exposição madrilena também dedica “especial atenção às revistas de arte publicadas em Portugal durante este período, como A Águia, Orpheu, K4 . O Quadrado Azul, Portugal Futurista ou presença, em que apareceram alguns dos textos de Pessoa e que serviu de quadro de som para estes ideias de vanguarda, exercendo uma grande influência estética e ideológica sobre a intelligentsia portuguesa da primeira metade do século XX.”
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Imagem de destaque: A Vida, de António Carneiro (arquivo da Fundação Cupertino de Miranda).
Ficha técnica: António Carneiro; A Vida: Esperança, Amor, Saudade, 1899-1901; Óleo sobre tela; 238 x 140 cm (painel central) / 209 x 111 cm (painéis laterais); Doação Arthur e Elzira Cupertino de Miranda, coleção Fundação Cupertino de Miranda.
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