No meio dos livros, vou olhando lá fora o tempo baço, apetece olhar o horizonte desfeito entre zonas de carga, azul forte e esta lassidão da humidade acalorada espalhando-se pelas colinas e baixios. Tempo de segredos, coisas da lua, estremecer de ave nocturna.
Bebo um calinhos de rum.
Fico mais perto dos barcos, não sou feliz, mas sorrio ao ímpeto da maré. Chegar a um porto, um bar, preciso de um bar, preciso de um hotel, fumar, passam nuvens e doença, mas canto. A voz um pouco gasta, vai desaparecendo o horizonte, navego para oriente. Há uma cabana prometida depois das preces, muitas noites na rua e um dia sou chamado.
Bebo outro calinhos de rum. Apanho um barco pirata para regressar a casa.
Entretanto as aventuras demoram. Resolvo aprender a desenhar e nesses dias aproveito para observar o céu. Gosto de viver perto do deserto. Quando nasce o dia, é possível não ser daqui nem de lugar nenhum.
Gostava de visitar Samarcanda, mas não tenho encontro marcado com a morte.
Imagem: Neonstar
Obs: texto previamente publicado na página de facebook de José Miguel Braga, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.
A felicidade de estar vivo através d’ ‘As Cidades Invisíveis’
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“No fim do mundo um zé-ninguém toca piano” – algumas leituras
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