Seduzia-me a costa a norte de Viana. Um pouco mais estranha e inacessível, escorregada das encostas da serra d’Arga. Ao aproximar de Viana, o vale do Lima em tons de azul, nascido em fontes esquecidas de uma Grécia muito nossa.
Olho além a linha dos montes. As águas levam-me a Ponte de Lima, aos Arcos, à Barca. Apetece guardar recortes, fechar os olhos e abri-los num moinho. Subir aquela encosta, há-de haver uma ermidinha e uma divindade soprada pelo vento, um pouco gasta de peripécias e lendas. Um dia há-de nascer na praia um amor de Verão.
Mergulhava sob a ponte do comboio nas dunas do rio Âncora, passava os campos de Carreço e, perto do mar, as casas enterravam-se na areia; e o vento suavemente, silêncio, romances.
O céu a olhar-se nas pequenas poças, Afife com a sua baía, casas, um teatro entre as gentes e as pedras, o comboio, a eternidade do comboio, e Moledo. Foi aí que apareceu a bailarina.
Sentada no pequeno muro, só podia vir do mar, daqueles sargaços. Talvez tenha chegado de noite vinda dos lados de Coura. Desceu os montes de Cerveira e foi então que eu aprendi a dançar e a leveza que assim aparecia no mês de Agosto.
Daqui a pouco vamos até Montedor. O farol, o mar e depois… – ninguém sabe -, depois do mar.
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Obs: texto previamente publicado na página de facebook do autor José Miguel Braga, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.
Imagem: GPLVCT