‘Resistir, enfim, para fazer da arte uma coisa viva, coisa que acontece e aparece apesar dos pequenos crimes de que somos alvo’
Resistir: Deleuze e as pequenas mortes de todos os dias

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Falou-se muito de Deleuze nos anos 90 e eu lembro-me bem, pois nessa altura vivia em França. Falava-se de um professor adorado pelos alunos e de um autor complexo, difícil e ao mesmo tempo essencial.
Gilles Deleuze deixou-nos, em 1995, órfãos de uma obra densa, interrogativa, diferente. Ler uma página de Deleuze dá-nos acesso a uma grande perturbação, como se os fundamentos de tudo se desenraizassem e os conceitos viajassem alucinados, tomando novas formas e tecendo relações quase eléctricas entre si e com a linguagem.
Às vezes chegam até nós fragmentos de aulas e de entrevistas, que podemos ver no youtube e em registos quase anónimos. Há dias ouvi Deleuze falar parcamente sobre a criação artística como resistência. Apenas isso. Nós somos herdeiros de longos séculos de pensamento, mas também de tirania; somos herdeiros de vícios, de lugares-comuns, de processos de alheamento sistémico.
Acredito que a resistência de que fala Deleuze começa no corpo e na respiração, mas não deixa de ser uma questão de ordem filosófica e de ordem física, como se as leis da termodinâmica fossem uma espécie de força inspiradora ou de condição ética. Resistir à usura, a todas as usuras, ao desgaste produzido pela repetição ad nauseum dos valores decrépitos do último capitalismo; resistir à norma, à retórica, à gramática, à vigilância sistémica sobre o discurso; resistir, enfim, para fazer da arte uma coisa viva, coisa que acontece e aparece apesar da morte, das pequenas mortes de todos os dias, dos pequenos crimes de que somos alvo.
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Imagem: DR
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