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8 de Março e mudança na vida das mulheres

 

 

Observo os meus jovens alunos e reparo que os rapazes continuam bárbaros e guerreiros, truculentos, animados pela gutural coragem de heróis aos quadradinhos mais ou menos animados pelas artes da guerra e pela cultura da competição. Os rapazes procuram saltar mais alto, dão grandes encontrões e ululam nos corredores da escola, como as tribos em desconcerto. Torcem muito cedo o pepino para serem fortes e abrutalhados como Afonso de Albuquerque e ricos como os lustrosos cavalheiros das revistas especializadas em paraísos fiscais. Como em tudo, há excepções e muitos rapazes são delicados, músicos, deslizam aereamente nos espaços, cuidam a voz e o trato, correm e brincam como pássaros altos.

As meninas são diferentes. Naquela idade, vejo-as mais unidas e carinhosas, dão as mãos e beijam com carinho a face das amigas, contam segredos e histórias, vivem mais próximas na respiração da proximidade, encontram depois o tempo para a meditação e muitas organizam os livros e cadernos e levam pela mão os irmãos mais novos. Olho as jovens raparigas e vejo-as descer suavemente dos céus e recolher as asas. Caminham gravemente até às cidades, correm, escondem-se, brincam e são exímias no tiro ao arco e na luta. Enfrentam os perigos inventando as tácticas de guerrilha e sabem formar em quadrado, conhecem a guerra, perderam o medo.

O mundo é ainda pertença dos homens

Depois há tudo o que já se disse e se dirá, os belos textos dedicados à mulher, ao sofrimento que transporta desde sempre, o olhar magoado e o corpo endurecido pelo trabalho e pelas injustiças. Às vezes, a mulher olha em volta e o mundo parece-lhe ainda demasiado masculino. O estado é ele e o baixo salário é ele também e a violência doméstica é ele quase sempre.

É provável que os imbecis educados pela brutalidade dos halteres, os violentos e gabarolas, os que se dizem machos dominadores, os que fazem colecção de vítimas da sua brutalidade e poder insanos, é bem provável que a esses os tempos tragam grandes derrotas e é bem certo que muitos se arriscam a levar no focinho.

Mudanças no mundo acontecem em favor das mulheres

A mulher prepara grandes conquistas ao nascer do dia, cuida os que vão nascer e os que se preparam para morrer. Se o homem e a mulher se tocam e se confundem, se o perfume de um e de outro atravessam a pele e os lugares, se tocam climas e continentes, sim, é verdade. Se as profissões hoje se confundem um pouco mais e as mulheres abrem os cadeados históricos e aparecem à luz do dia? Sim, é verdade e assim continuará a ser. As coisas mudam, sim, foram mudando e ainda vão mudar muito mais.

Escrita terna e afetiva de José Miguel Braga homenageia Maria Ondina Braga

Primavera e Outono com música de câmara em Braga

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Obs: texto previamente publicado na página facebook de José Miguel Braga, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.

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