“Sonetos do abandono”, assim chamados
Porque esse desabrigo constataram
Sobre a cama, sob um afastamento
Sem sentido, a provocar a dor
De quem sempre te viu como um enleio,
Um laço que não podia desfazer-se.
Repara que não digo “sonetos da traição”,
Que isso implicaria que houvesse
Um juízo a fazer-se, uma moral judicativa
Em que o livre arbítrio seria conspurcado,
A acumular no erro um outro erro
De perspectiva, de desengano, de torpeza.
Ignoro o que fizeste da nossa chave,
Essa mesma que tantas vezes nos abriu o coração.
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Obs: poema e imagem previamente publicados na página pessoal de facebook de Amadeu Baptista, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.