Barcelos, terra sociologicamente social-democrata, com fortes raízes ao fundador do PSD Francisco Sá Carneiro, recebeu, este sábado, o Conselho Nacional do Partido, primeiro após as eleições legislativas do passado mês de Janeiro.
É desagradável para muitos social-democratas ver o nome de Barcelos ligado a este momento deplorável da vida de um partido fundador da democracia em Portugal, porém compreensível à luz do beija-mão, esperando, contudo, que o agradecimento não seja entronizado e aquando de uma nova liderança não se mude como o vento, ao estilo catavento.
Convém recordar que a vitória e recuperação da Câmara Municipal de Barcelos (CMB) não apaga, nem esconde, o legado destes últimos 4 anos de liderança de Rui Rio e que este teve a chancela e conivência de marionetas.
Saída de Rui Rio: tudo é mau demais para ser verdade
Era crível, face aos terríveis resultados eleitorais, que houvesse o bom senso, por parte da cúpula partidária de, com naturalidade, proceder calmamente à passagem de testemunho para um novo ciclo político.
Era expectável, após todo este erro de casting, onde, verdade seja dita, Rui Rio ganhou por três vezes as eleições internas do Partido, mas nesse consulado de 4 anos de liderança perdeu todas as eleições a nível nacional, que houvesse humildade, ponderação e sobretudo respeito pela instituição PSD.
Ora o que temos visto tem sido mau demais para ser verdade.
Entre outros, refiram-se o episódio do voto emigrante na Europa, a pretensa revisão constitucional, a regionalização, alegadamente tricotada por Rio e Costa, a opção pela escolha dos conselheiros de Estado, a obsessão ditatorial provinciana – “se exagerarem, acabou” – que neste Conselho Nacional perpassou no sentido de só ele, Rio (o que é estatutariamente verdadeiro), poder marcar a data da eleição do seu sucessor e quando quiser.
Inaceitável, para quem está a prazo e de saída.
Mas, pior ainda, são as desculpas e causas apresentadas para justificar um dos piores resultados de sempre do PSD em eleições legislativas.
As razões da derrota do PSD, segundo Rui Rio (que não são culpa de Rui Rio)
“O PS fazer promessas fáceis e deturpar as mensagens do PSD”
Em política, precisamente numa disputa eleitoral, o debate de ideias, a forma de passar a mensagem, são a base do sucesso.
Simples, a mensagem do PS passou, a do PSD não.
A culpa, neste caso, deverá alegadamente ter sido do mensageiro e da sua estratégia.
“Voto útil à esquerda”
Era plausível! Sempre que houve uma dissolução parlamentar, provocada no Parlamento, existiram sempre partidos castigados. Foi assim com o PRD, foi assim com o BE e esquerda aquando do chumbo do PEC IV e é exactamente igual nestas eleições. Nada de novo!
“Aumento da quantidade de pessoas que recebem SMN e beneficiários de subsídios”
Ser este o motivo de voto no PS é desculpa de mau pagador.
Porém, a desculpa mais caricata é a de que a fuga de eleitorado do PSD para os novos partidos no espectro da direita à direita do PS aconteceu devido a causas estruturais e de regime gasto. Inacreditável!
Ou seja, o Presidente do PSD teve uma pequena quota de responsabilidade neste tsunami eleitoral. Nada de substancial!
Haja decoro e paciência!
Deixemos-nos de fait divers.
Resultados das Legislativas da responsabilidade exclusiva da Comissão Política Nacional e seus acólitos
O PSD encontra-se nesta situação exclusivamente por culpa desta Comissão Política Nacional (CPN) e seus acólitos. Ponto.
O convite à saída dos militantes, a incapacidade de segurar e unificar, o desastroso e incompreensível posicionamento político do PSD ao centro, verdadeiramente ao centro-esquerda.
A falta de leitura política e estratégia, o deslumbramento da pose do ‘quero, posso e mando’, típico de pequenos autocratas provincianos, associado a entourages desalinhadas e bolorentas, levou ao divórcio do eleitorado e sobretudo ao aparecimento do Chega, da IL, da Aliança, da Democracia XXI (fundados por ex-militantes do PSD). Tudo filhos do mesmo pai, Rui Rio.
A única reforma estrutural perpetrada por este PSD, desde 2018, foi a transformação de um grande partido de alternância, num partido mediano, hipoteticamente com prazo de validade. Uma pobre herança.
Pensar no futuro do PSD e de Portugal
As eleições já foram, o tempo de lamber as feridas também, é altura de pensar no futuro.
O PSD sempre foi um partido “de várias sensibilidades dentro do mesmo partido: conservadores, liberais, sociais- democratas, muitos em paralelo com o CDS, na doutrina social da igreja, mas também muitos daqueles que sem qualquer ideologia vincada, mas que reconheciam no PSD o partido mais português de Portugal”.
Regressar ao espaço político original e federar a direita
O PSD tem que voltar ao seu espaço político, à sua casa, à sua génese, recuperar a mentalidade agregadora, entre pares e a partir daí ser o federador de toda a direita à direita do Partido Socialista.
Antes do líder (que obrigatoriamente deverá aparecer de uma nova tipificação geracional), o posicionamento e um projecto,(quem somos, para onde vamos, para quem falamos, que sociedade queremos), um sinal, mas sobretudo, o regresso ao Popular.
Só assim o PSD conseguirá reconquistar o eleitorado das urbes e parar a sangria do eleitorado rural.
A bem do PSD e de Portugal, decidam-se rapidamente.
Amanhã já é tarde.
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