Crianças a serem retiradas aos pais porque estes não têm casa. Não falhou a “estratégia nacional de combate à pobreza”. A estratégia nacional dos baixos salários, a única coisa que as classes dirigentes e das empresas do país têm como estratégia, funciona em toda a linha.
Criar pobres e depois dar-lhes cobertores na porta da Igreja é uma estratégia de que estamos fartos – e é exatamente a consequência previsível da estratégia de “competitividade” de salários vergonhosos e de salvar bancos vendendo as casas de quem aqui vive 4 vezes mais caras no mercado mundial como poupança segura para “investidores”, cujo cobertor velho vai para a empregada e desta, roto, para os miseráveis que vivem na rua. É toda uma estratégia de pobreza que fabrica ricos cada vez mais ricos e solidários “com os pobrezinhos”.
Acabe-se com os subsídios com os subsídios públicos a empresas e instituições privadas
Querem uma estratégia de combate à pobreza sem cinismo? Crie-se emprego público com direitos, autonomia e respeito por quem trabalha e deixe-se de se inventar mecanismos de financiar todo o tipo de empresas privadas com os dinheiros públicos. Desde hospitais a empreendedores, pagamos tudo, com isenções, resgates e subsídios, verdes e não. Não há nenhuma grande empresa privada que não viva dos dinheiros públicos, até chegar aqui, crianças sem pais, sem casa, sem nada, e cujos únicos responsáveis são quem governa e está à frente das instituições do Estado.
Neoliberalismo sustenta grandes empresas à custa de minguar Estado Social
O neoliberalismo nunca foi sobre menos Estado, foi sempre sobre o Estado a sustentar as grandes empresas, a pagar restruturações produtivas, a duplicar orçamentos militares ao mesmo tempo que mingua o Estado Social e o investimento público em bem estar e emprego com direitos.
Imagem: Nathan Dumpao / Unsplash
Obs: texto previamente publicado no blogue Raquel Varela | Historiadora, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.