A nova Casa Miguel Torga é inaugurada na próxima segunda-feira, 17 de janeiro de 2022, data em que se assinalam 27 anos da morte do escritor, na localidade de S. Martinho de Anta, em Sabrosa, Vila Real. Aí nasceu o grande escritor português em 12 de agosto de 1907 e lhe foi atribuído o nome de nascimento de Adolfo Correia da Rocha.
Com o vizinho Espaço Miguel Torga, a Casa Miguel Torga – equipamento cultural contemporâneo, arquitetado por Eduardo Souto de Moura –, reforça S. Martinho de Anta como um local de conhecimento e divulgação da obra e vida do autor.
A nova casa-museu de Torga, a casa de família
O edifício da nova casa-museu dedicada a um dos mais influentes poetas e escritores do século 20 português foi casa de família do autor, oriundo de uma humilde família. Nessa morada viveram os seus pais e o próprio escritor até à sua ida para o Porto, após a conclusão da escola primária com distinção quando tinha cerca de 10 anos, para trabalhar em casa de familiares. A esta casa de S. Martinho de Anta Miguel Torga retornaria com periodicidade até ao fim da sua vida, mais a mais porque se tornaria casa férias da família depois de remodelada pela sua esposa Andrée Crabbé Rocha.
Antes disso, Miguel Torga passou pelo Seminário de Lamego e, ainda adolescente, emigrou para o Brasil. De regresso a Portugal, cursou Medicina em Coimbra, onde viveu e faleceu em 1995, e onde também a sua residência foi transformada em casa-museu.
Dinamização turística irá promover roteiros torguianos
Agora casa-museu, o equipamento de S. Martinho de Anta está pronto para receber todos aqueles que queiram conhecer mais sobre a vida e a obra do poeta e escritor através de uma abordagem expositiva centrada na intimidade do autor, na sua relação com a família, no seu reconhecimento internacional e na sua relação com o território.
Doado à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) pela filha de Miguel Torga – Clara Crabbé Rocha, professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa -, o edifício foi adaptado, visando a sua transformação numa Casa de escritor que preserve a memória das vivências quotidianas de Miguel Torga na sua terra natal, São Martinho de Anta.
A dinamização turístico-cultural do espaço, através da promoção dos roteiros torguianos, será feita em parceria com a Câmara Municipal de Sabrosa, conforme acordado em protocolo celebrado entre a DRCN e a Autarquia em julho do ano passado.
O projeto de recuperação, musealização e promoção da Casa de Miguel Torga, desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Norte, compreende um investimento aproximado de 341 500,00 euros, tendo sido sendo objeto de financiamento em 90% pelo Turismo de Portugal, através do Valorizar – Programa de Apoio à Valorização e Qualificação de Destino, da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior.
Como o homem, uma obra monumental
Miguel Torga possuía uma personalidade veemente e intransigente. Adotou o pseudónimo por que era conhecido, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica, Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno, e ainda à torga, vulgarmente conhecida em grande parte do país por urze, uma planta brava da montanha com fortes raízes.
Apesar do seu afastamento de movimentos políticos, foi um defensor da liberdade e da justiça social. Vítima da censura e da perseguição política que chegou mesmo a estar preso durante o Estado Novo, Miguel Torga era um profundo antifascista e democrata, cuja obra reflete as apreensões, esperanças e angústias de seu tempo e traduz a sua rebeldia contra as injustiças e revolta diante dos abusos do poder.
Em poesia, prosa, romance e teatro, Miguel Torga escreveu e publicou uma vasta obra literária, em que o drama da criação poética, o desespero humanista, o sentimento telúrico, a problemática religiosa, o iberismo e o universal estiveram presentes. Para lá dos muitos livros de Poesia e dos seus famosos Diários, destaquem-se os Bichos, os Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha, e os romances Criação do Mundo e O Senhor Ventura.
Candidato ao Prémio Nobel da Literatura, recebeu, entre outros, o Prémio Montaigne em 1981, o Prémio Camões em 1989 e o Prémio Vida Literária (atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores) em 1992.
Programa de Inauguração
O evento de inauguração decorre em S. Martinho de Anta no dia 17 de janeiro, a partir das 15h30, e terá início no Espaço Miguel Torga com a inauguração da exposição Contramuros de Francisco Laranjo.
Segue-se uma visita orientada à Casa Miguel Torga na qual os convidados ficarão a conhecer em detalhe os núcleos que compõem a exposição.
A inauguração termina com um concerto do grupo Lavoisier. Partindo dos poemas de Miguel Torga, os Lavoisier desenvolveram um álbum conceptual que traduz o Reino Maravilhoso descrito por Torga. O álbum, lançado em 2019, é o resultado de uma residência artística em terras transmontanas e locais mencionados por Torga.
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Imagens: 0, 3) DRCN 1, 2) Poetria
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