Miguel Torga continua bem vivo para quem o sabe estimar

Miguel Torga continua bem vivo para quem o sabe estimar

Pub

 

 

Adolfo Correia da Rocha, conhecido por Miguel Torga, nasceu em São Martinho de Anta a 12 de Agosto de 1907. Ficou conhecido como escritor, mas a sua principal atividade era outra, a medicina.

Oriundo de família humilde, viveu como lhe foi permitido até que começou a delinear um rumo na sua vida. Estudou num seminário onde aprendeu português, geografia, história, latim e tornou-se íntimo das sagradas escrituras sem que tivesse vontade de professar.

Parte para o Brasil para trabalhar com um tio que percebe a sua inteligência e capacidade, pagando-lhe os estudos secundários. Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra nunca largando a escrita. Colabora com a revista Presença e publica vários livros.

Torga, o inquieto

Dotado duma escrita real e humanista, denuncia as injustiças sociais e a vida dura de quem labuta para o seu sustento. O livro Bichos é uma metáfora da vida e das condições que se viviam no país por aquele tempo. Contos da Montanha retrata todos os seus semelhantes que não tiveram possibilidade de mudar de vida.

Crítico da praxe e das restantes tradições académicas, chama farda à capa e batina como se não tivessem qualquer valor. Em 1933, concluiu a licenciatura de medicina pela Universidade de Coimbra.

Começou a exercer a profissão de médico nas terras agrestes transmontanas, pano de fundo de grande parte da sua obra. Em Leiria exerce a sua profissão de médico, a partir de 1939 e até 1942, e aí escreve a maioria dos seus livros. Divide, então, o seu tempo entre a clínica de otorrinolaringologia e a literatura.

Avesso a amarras e tradições que considerava inúteis, acaba por se casar com Andrée Crabbé, em 1940, uma estudante belga que conheceu na casa de Vitorino Nemésio. O casal teve uma filha, Clara Rocha.

Miguel Torga faleceu em Coimbra, levado pelo cancro, em 17 de Janeiro de 1995 e foi sepultado em campa rasa na localidade de São Martinho da Anta, sua terra natal. Jamais renegou as suas origens.

Ler Torga, uma aventura

O seu pseudónimo é uma homenagem a dois vultos da literatura ibérica, Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Torga é uma planta brava da montanha, que se agarra à rocha, tal como ele.

Pessoa de cariz inconformado, foi sempre um descrente em todos os aspetos da sociedade, fossem eles religiosos, sociais ou até mesmo políticos.

Legou-nos uma obra extraordinária, que lhe valeria o primeiro Prémio Camões – o mais importante galardão da Língua Portuguesa -, em 1989, e é sempre uma nova aventura quando se abre qualquer um dos seus livros. Partiu há 26 anos, mas continua bem vivo para quem o sabe estimar.

Museologia | Casa de Camilo volta a ostentar traça original

‘Aparição’ de Vergílio Ferreira ensina a amar e a sentir com lágrimas cobertas de garras

Obs: artigo publicado originalmente na página facebook da autora, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.

Imagens: (1, 2) Espaço Miguel Torga, (0) Pascal Moreaux

**

Voar na Beira Baixa promete experiência turística única na Península Ibérica

VILA NOVA, o seu diário digital

Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.

VILA NOVA é cidadania e serviço público.

Diário digital generalista de âmbito regional, a VILA NOVA é gratuita para os leitores e sempre será.

No entanto, a VILA NOVA tem custos, entre os quais a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.

Para lá disso, a VILA NOVA pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta.

Como contribuir e apoiar a VILA NOVA?

Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de netbanking ou multibanco (preferencial), mbway ou paypal.

NiB: 0065 0922 00017890002 91

IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91

BIC/SWIFT: BESZ PT PL

MBWay: 919983484

Paypal: [email protected]

Obs: envie-nos os deus dados e na volta do correio receberá o respetivo recibo para efeitos fiscais ou outros.

Gratos pela sua colaboração.

*

A democracia de, por e para, e a literatura

Publicidade | VILA NOVA: deixe aqui a sua Marca

Pub

Categorias: Cultura, Literatura

Acerca do Autor

Margarida Vale

Deram-me o nome de Margarida e, sem terem essa intenção, fiquei ligada à terra e aos seus modos. Margarida do Vale. Mistura de culturas que se sabem entrosar, entre o sul e as ilhas, assim cresci entre gente culta e estudiosa e pessoas simples que sabiam o valor da labuta diária. Sou uma amálgama de tudo e de vontades, por isso, a mente que me foi dada é irrequieta. Já tive várias profissões e agora estacionei no ensino. Que existe de melhor do que estar com gente jovem, com pequenos diamantes que precisam de ser lapidados e polidos? Os desafios são enormes mas a recompensa é bem maior. O crescimento é recíproco e salutar. A História é uma paixão, assim como a escrita, que esteve parada durante uns anos e cuja gaveta foi reaberta sem data para encerrar. O passado coletivo é a nossa herança e não pode ficar esquecido. para tal existem as letras que lhe tentam fazer justiça e testemunho. Afinal de que somos feitos? De sonhos e de quereres e ainda de várias vidas que se vão vivendo conforme os obstáculos vão surgindo e necessitam de ser ultrapassados. Viver é uma arte que se renova e que encanta. Talvez seja por isso que o Tejo me acompanha e vivo bem perto dele e do local onde os barcos foram feitos para zarparem e descobrirem novos mundos.

Comente este artigo

Only registered users can comment.