Para morrer, se possível, com um sorriso nos lábios, com uma despedida suave de todos aqueles que nos são mais queridos e próximos, voltemos a Ana Cláudia Quintana Arantes e ao seu livro A morte é um dia que vale a pena viver. A escritora lembra que, na morte, é imprescindível não haver sofrimento nem dor, bastando o sofrimento e a dor de nos irmos embora, de deixarmos este mundo bonito e todos aqueles que amamos e ‘mergulharmos’ no desconhecido e no incerto.
Só sei uma coisa: é que morte com dor associada deve ser imensamente tenebroso e por muito ou pouco aguda que seja, por mais suave que seja, dor é sempre dor e sofrimento é sempre sofrimento.
Quem diz que não tem medo da morte é um mentiroso insensato. A morte são as trevas e a escuridão, é o nunca mais ver a luz do sol, é não mais sentir a água a escorrer pelo corpo, é deixarmos para sempre e para a eternidade aquilo de que gostamos e aquilo que amamos.
Por mais que nos “preguem” o contrário, a morte é triste e é obrigação de todos transformá-la num “dia que vale a pena viver”. Pode ser um dia muito curto, pode ser um dia muito fugaz, pode ser um dia de poucos segundos, mas se fizermos que esses momentos finais não sejam momentos de dor e de sofrimento, julgo que ganhamos a batalha contra a morte.
Penso que foram Marx e Engels que escreveram esta frase: “Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente”.
Para a morte ser, afinal, o tal “dia que vale a pena viver”, é necessário que as circunstâncias da morte sejam humanas e sejam humanizadas, que não se assemelhem a uma selvajaria absoluta, que não representem um suplício para quem vai morrer, que não se pareçam minimamente com um filme de terror.
A eutanásia tem, na formação destas circunstâncias, um papel decisivo.
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