Palavra | Razão vs Opinião

 

 

O mundo moderno cada vez mais se assemelha a um tribunal aberto, em que cada indivíduo é senhor da sua jurisprudência, advogado, testemunha, carrasco, juiz de toda a gente excepto da sua consciência. O acesso ao conhecimento parece ser proporcional à vontade de opinar, mas gira em sentido inverso à necessidade de procurar a razão. A infraestrutura global anexa ao mundo digital veio dar rosto a um gene intrínseco e tão antigo quanto o próprio ser humano – a combatividade. Seja pelo desejo inconsciente de vencer um confronto, por mais pequeno que este seja, ou pelo resquício do qual derivam os traços da nossa evolução, paira na esfera social uma sede de guerra que ultrapassa a lógica cognitiva e onde impera uma lei marcial linguística em que o ódio se sobrepõe à prosa de amar.

Se por um lado, o direito à opinião é um dos alicerces da nossa liberdade e deve ser usado abundantemente para elevar os nossos direitos, por outro, o dever de imparcialidade e de responsabilidade racional deve levar-nos a procurar o conhecimento empírico existente para nos ajudar a suportar um ponto de vista, para que este não seja apenas uma forma de
exercer um desejo arbitrário de vencer um argumento.

A jusante destas deambulações, convém realçar que, impermeáveis a quaisquer considerações estão os direitos fundamentais que abarcam todo e qualquer ser senciente e que desta forma não podem nunca estar abertos a debate com intenção de os diminuir ou invalidar.

Tudo isto para dizer que, na opinião deste que vos escreve, vivemos numa era de informação e contrainformação, de opinião versus opinião em que regularmente colocamos o negativo das nossas emoções à frente da nossa capacidade de raciocinar e andar de mão dada com a lógica. Não raras vezes perdemos noção das palavras que atiramos aos outros, sem perceber que nos perdemos também de nós.

 

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