ReFOOD. ‘Acabar com desperdício alimentar e ajudar os que mais precisam’

ReFOOD. ‘Acabar com desperdício alimentar e ajudar os que mais precisam’

Pub

Estefânia Pereira é a dirigente local da ReFOOD, a IPSS que quer acabar com o desperdício alimentar e alimenta dezenas de famílias famalicenses. Em época de preparativos para os festejos natalícios, concedeu uma entrevista à Vila Nova. Ficamos assim a conhecer a história deste movimento e a sua forma de atuação. Por isso, se ainda estiver a pensar deitar comida fora, deixe de o fazer; contacte a ReFOOD.

Acabar com o desperdício alimentar e Com apenas 2 horas por semana de serviço voluntário, faça a diferença na sua comunidade são duas das principais mensagens que Estefânia Pereira, atual Presidente do Núcleo ReFOOD de Vila Nova de Famalicão, nos deixa passar ao longo desta longa conversa.

A ideia ReFOOD surgiu em 2011. A enorme crise financeira mundial, que afetou sobretudo os países do Sul da Europa, atingira Portugal em cheio. Cinco anos mais tarde, ainda com a crise a fazer-se sentir de forma violenta, a ReFOOD instalou-se em Famalicão. Ocupou um lugar indispensável ajudando muitas famílias que de outra forma não teriam com que se alimentar de forma adequada.

Atualmente já não distribui apenas refeições, embora esse continue a ser o seu foco das atenções, mas tem estabelecido parcerias com outras instituições no sentido de dar um apoio mais integral às pessoas que a ela recorrem.


Entrevista com Estefânia Pereira (ReFOOD Famalicão)


Pedro Costa: O que é o/a RƎFOOD, isto é, qual o conceito por trás da marca? Como nasceu e como se tem desenvolvido?

Estefânia Pereira: A ReFOOD é um movimento comunitário independente, 100% voluntário, conduzido por cidadãos e integrado numa IPSS, cujo fim consiste na recuperação de comida em boas condições para alimentar pessoas necessitadas. A ReFOOD está totalmente voltada para a comunidade e opera a partir da própria comunidade, sem salários, com baixos custos e alta produtividade, não detendo bens ou investimentos que não sirvam a sua missão. A missão da ReFOOD  é eliminar o desperdício alimentar e acabar com a fome, incluindo neste esforço todos os membros da comunidade, ou seja, a RƎFOOD visa a criação de um novo mundo, onde: todos têm a comida que precisam, todos os alimentos são aproveitados, todos os cidadãos participam ativamente na gestão dos preciosos recursos comunitários e todos assumem o seu poder, o seu direito e a sua obrigação de transformar o mundo num lugar melhor.

Pedro Costa: Atendendo às polémicas em que têm estado envolvidas diversas instituições de solidariedade social, como é o recente caso da Raríssimas, mas também outros que se passaram até mesmo aqui no concelho de Famalicão, como crê que a opinião pública está a reagir? Será que estas situações, tão faladas, poderão afetar negativamente projetos como o vosso?

Estefânia Pereira: Como é óbvio, este tipo de polémicas afetam a opinião pública de forma negativa! Deixam as pessoas com um sentimento misto de injustiça e grande indignação, muitas vezes descredibilizando até todo um trabalho feito por uma instituição que pode efetivamente estar a cumprir o seu papel.

No entanto, até porque no âmbito do meu desempenho profissional estou em constante articulação institucional – sou assistente social -, sou de opinião que a grande maioria das IPSS em Portugal faz um trabalho extraordinário, muitas vezes com poucos recursos, mas muita boa vontade por parte das pessoas.

Relativamente ao ReFOOD, não penso que seja afetado por este tipo de polémica, uma vez que é um projeto 100% voluntário, ou seja, ninguém recebe qualquer tipo de remuneração seja qual for a função que desempenha na instituição. Aliás os voluntários RƎFOOD até fazem as recolhas nas suas próprias viaturas, arcando com todas as despesas implicadas.

Quando nos querem fazer uma doação, damos sempre primazia aos donativos em géneros e consumíveis, de acordo com as necessidades da nossa operação. Os donativos em dinheiro, que são pontuais e esporádicos, são essencialmente canalizados para o abastecimento de combustível da nossa carrinha refrigerada que faz a rota de hipermercados, para a aquisição de consumíveis específicos (embalagens e detergentes, por exemplo) que não conseguimos em géneros e para a reparação de equipamentos e pequenas obras de manutenção.

A pasta financeira é gerida por uma voluntária contabilista que, periodicamente, no âmbito das nossas reuniões gerais, efetua uma atualização da situação financeira do Núcleo, tanto mais que temos que ter garantia de não corrermos o risco de ter que parar a operação por falta de recursos. O nosso lema: máxima transparência para o máximo de credibilidade e confiança.

Pedro Costa: Como e onde nasceu a ReFOOD?

hunter halder - refood - desperdício alimentar

Hunter Halder, o mentor do projeto RƎFOOD.

Estefânia Pereira: A ReFOOD começou como uma ideia no final de 2010. O mentor do projeto ReFOOD é Hunter Halder, americano atualmente residente em Lisboa. Em 2010, tomou uma decisão radical: não trabalhar mais para si próprio, mas sim para os outros, para a humanidade.

Neste contexto, e num jantar com a filha mais velha, com 18 anos na altura, esta indagou sobre o que iria acontecer com todos os alimentos que sobraram da salada que estava na mesa. O pai respondeu que certamente iria para o lixo. “Que pena!” – lamentou-se ela. “Não é só a salada, mas todos os alimentos preparados por consumir, irão para o lixo esta noite… Mas não é só neste restaurante, são todos os restaurantes de Lisboa e todos os restaurantes do mundo – o tamanho desta vergonha “não é insignificante”.

Pouco tempo depois dessa conversa inicial, a filha conseguiu o seu primeiro emprego num hotel local, ajudando a servir um evento. Na sua primeira noite, e imediatamente após a saída dos convidados, assistiu a grandes bandejas de comida, em perfeitas condições (e caras) a serem deitadas para o lixo sem quaisquer remorsos. Chegou a casa furiosa (como o Português costuma dizer: “Pronta para partir pratos”). O pai tentou acalmá-la quando contou o que tinha visto. Mais uma vez tentou defender o pessoal do hotel, explicando que não era culpa deles e que não tinham alternativa.

A palavra “alternativa” acabou por ser o gatilho. Como se se acendesse uma lâmpada na cabeça de Hunter, questionou-se com uma simples pergunta: “Se houvesse uma alternativa, que forma poderia ter?”

O primeiro esboço do Projeto ReFOOD foi escrito naquela noite.

Pedro Costa: E depois? Que aconteceu em seguida, Estefânia? Como evoluiu este processo?

Estefânia Pereira: Durante as primeiras semanas de 2011, foi feito muito trabalho preliminar: investigação de fontes de alimentos – atualmente são 285 os parceiros contribuintes, possíveis parcerias – da Igreja à administração local – e canais de comunicação para a comunidade.

Deste trabalho acabou por resultar o nascimento do Projeto ReFOOD, lançado no dia 9 de março de 2011, com as primeiras recolhas de alimentos e entregas.

Nas 14 semanas seguintes, o aumento da participação popular, a eficiência operacional e os benefícios óbvios produzidos, criaram a necessidade de formar uma associação para fornecer uma plataforma legal que permitisse a continuação do desenvolvimento deste microprojecto que, à data, funcionava apenas no coração da cidade de Lisboa.

Para servir o Projeto já existente, a Associação Re-Food 4 Good, uma organização portuguesa sem fins lucrativos, teve o seu início formal em 18 de julho de 2011.

A ideia replicou-se e atualmente operam  41 Núcleos do ReFOOD em Portugal.

O Núcleo ReFOOD VNF abriu portas, e serve a comunidade famalicense, desde 14 de Fevereiro de 2016, pelo que está prestes a completar 2 anos de atividade.

Pedro Costa: Onde se situam as instalações de Famalicão?

Estefânia Pereira: As instalações do Núcleo ReFOOD de Vila Nova de Famalicão ficam na Rua da Estação, nº 242.

Pedro Costa: Estefânia, como funciona o ReFOOD afinal?

estefânia pereira - entrevista - desperdício alimentar - reffod famalicão - ajudar famílias carenciadas

Voluntários ReFOOD procedem à recolha de alimentos excedentes

Estefânia Pereira: Os Voluntários ReFOOD dedicam-se diariamente ao resgate do excedente alimentar produzido por diversas Fontes de Alimentos – padarias, restaurantes, escolas, hipermercados, entre outros. Depois de efetuada esta recolha, realiza-se o transporte deste excedente para o Centro de Operações, ao seu devido embalamento e distribuição por aqueles que necessitam de um apoio alimentar complementar, os nossos beneficiários.

Pedro Costa: Quem é público alvo afinal?

Estefânia Pereira: O público alvo são pessoas que, decorrente de variadas situações de fragilidade social, tais como desemprego, inexistência de retaguarda familiar, doença, baixos rendimentos ou rendimentos existentes insuficientes para fazer face às despesas fixas mensais do agregado, se encontram em situação de carência sócio-económica e necessitam de um apoio alimentar complementar.

Habitualmente as situações são triadas e sinalizadas e encaminhadas para o nosso núcleo por outras instituições sociais locais, como é o caso da Acção Social da Câmara Municipal e da Segurança Social, mas também por diversas IPSS.

Apoiamos atualmente 80 adultos e 23 crianças, num total de cerca de 1750 refeições por mês que teriam como destino o lixo se o ReFOOD não existisse no Concelho.

Pedro Costa: Quem colabora, e como colaborar, com o ReFOOD?

Estefânia Pereira: Como já referi anteriormente, o ReFOOD, sendo uma IPSS sem fins lucrativos, assenta no trabalho voluntário e no envolvimento comunitário para cumprir a sua missão, através do estabelecimento de parcerias com instituições e empresas públicas e privadas.

Todos os cidadãos da comunidade são convidados a participar como voluntários, oferecendo pequenas quantidades do seu recurso mais precioso, o seu tempo. Quem tem 2 horas, uma vez por semana para mudar o mundo?

Todas as instituições locais, públicas e privadas, são convidadas a participar, dando o seu possível contributo ao projeto.

Todas as empresas na comunidade são convidadas, em parceria activa, para participar nos trabalhos do Movimento RƎFOOD da forma que melhor se adapte aos seus talentos e às suas metas de responsabilidade social.

Cada um contribui na forma e na medida que preferir e lhe for possível.

Pedro Costa: Quantos são e quem são os voluntários famalicenses?

refood famalicão - estefânia pereira

Estefânia Pereira: Atualmente, no Núcleo de Famalicão, temos cerca de 150 voluntários ativos com idades compreendidas entre os 12 e os 83 anos de idade, na sua maioria integrados profissionalmente.

A cada um deles é-lhes pedido que disponha semanalmente de 2 horas em prol do projeto, podendo o voluntário realizar as mais diversas actividades, desde a recolha do excedente alimentar junto das Fontes de Alimentos passando pelo armazenamento, embalamento e distribuição das refeições, até à lavagem de embalagens térmicas, higienização de instalações do Centro de Operações, etc…

Pedro Costa: O ReFOOD tem uma intervenção multidisciplinar ou apenas pratica ação social caritativa na distribuição de alimentos?

Estefânia Pereira: No âmbito da sua intervenção junto dos beneficiários, o RƎFOOD  desempenha um papel de acompanhamento da situação dos beneficiários e identificação das suas principais necessidades, procedendo ao seu encaminhamento para outras instituições sempre que a resposta às mesmas sai do nosso campo de intervenção.

Por outro lado, cada vez mais trabalhamos como agentes de apoio à mudança de vida do beneficiário, ou seja, o nosso objetivo é que os beneficiários vejam a resposta ReFOOD apenas como um apoio temporário numa fase menos boa da sua vida e venham a criar as condições de se tornarem autónomos e esta deixe de ser necessária. Com este intuito, temos estabelecido parcerias e encaminhado vários dos nossos beneficiários para instituições que lhes poderão dar resposta ao nível da melhoria da qualificação escolar e profissional, bem como apoio à sua reinserção no mercado de trabalho. Trata-se de um novo paradigma do voluntariado, no âmbito da parceria formativa que estabelecemos com a CIOR (escola de formação profissional), em que o beneficiário é motivado para um efetiva reinserção socioprofissional e motivado a acreditar é o principal “agente de mudança” de projeto de vida estruturado e da sua reinserção.

Pedro Costa: Como surgiu o envolvimento da própria Estefânia Pereira, atual Presidente do núcleo ReFOOD VNF?

Estefânia Pereira: Em meados de Outubro de 2014, tendo tomado conhecimento da existência do projeto e da missão que prosseguia, e por considerar que Famalicão reunia as condições para aceitar o desafio de implementar o projeto – em termos de Fontes de alimentos e envolvimento da comunidade civil – enviei uma mensagem para o ReFOOD Nacional. Solicitava aí esclarecimentos sobre o projeto e o que seria necessário para criar um grupo de pioneiros em Famalicão, grupo esse que levaria a cabo o desafio de implementar um Núcleo ReFOOD na cidade. Fui então informada que deveria reunir um grupo de pessoas que estivesse na disposição de aceitar o desafio e efetuar uma 1ª reunião – de pioneiros – no âmbito da qual elaborássemos um documento a propormos-nos a esse fim e fundamentar o porquê de considerar que tínhamos condições no Concelho para avançar. Assim o fizemos, tendo-nos o ReFOOD Nacional aceite enquanto pioneiros de Famalicão.

Foi neste seguimento que um grupo de 5 amigos, onde me incluo, aceitou o desafio e iniciou atividade no sentido de preparar no nosso Concelho uma sessão de esclarecimento à comunidade sobre o projeto -sensibilização para a questão do desperdício alimentar e da luta contra a fome – a chamada reunião de sementeira. Esta viria a realizar-se no dia 15 de Fevereiro de 2015, na Casa das Artes de Famalicão, com uma forte presença da Comunidade Famalicense. No final desta reunião, dirigida pelo mentor do projeto a nível nacional, Hunter Halder, foram convidadas a subir ao palco as pessoas que estariam disponíveis para formar o chamado grupo de gestores, que se comprometeram a assumir  a implementação do ReFOOD em Famalicão.

Pedro Costa: Em que outros projetos está envolvido o ReFOOD VNF?

reffod - dar as mãos - famalicão - estefânia pereira

Beneficiários do RƎFOOD recebem formação numa das parcerias estabelecidas com outras instituições famalicenses. O objetivo da instituição é ser cada vez mais um agente de apoio à mudança.

Estefânia Pereira: O núcleo ReFOOD VNF tem parcerias, formais e informais, estabelecidas com várias instituições públicas e privadas, numa dinâmica de colaboração e complemento da intervenção social, como é o caso da Autarquia, Vicentinos, Associação Dar as Mãos, APPACDM e AFPAD, entre outras. Todo o excedente que temos canalizamos para outras instituições tendo em conta que a missão do projeto é acabar com o desperdício alimentar e ajudar os que mais precisam. Também temos parceria estabelecida com a CIOR. Recebemos grupos de alunos nas nossas instalações com o objetivo de os sensibilizar para as questões sociais ao mesmo tempo que, no âmbito dos cursos que frequentam, lhes lançamos desafios para que apresentem ideias e projetos escolares de resolução para os problemas com que diariamente nos confrontamos no Centro Operativo (CO); por exemplo, resolução da situação de acessibilidade ao CO para pessoas com problemas de locomoção que se deslocam com recurso a cadeiras de rodas ou sugestões para organização do stock alimentar no CO. Por outro lado a CIOR promoveu formação específica dirigida aos nossos beneficiários, no sentido de lhes dar ferramentas, fomentar competências e motivação para a procura de trabalho. Esta tem sido uma parceria muito gratificante de parte a parte, em que ambos os públicos alvo, alunos e beneficiários, ficam com certeza mais preparados e motivados para os desafios que se lhes apresentam.

Pedro Costa: Em relação à parceria com o INAC, tal parceria significa uma mudança na forma de agir – ao recolher donativos em dinheiro – ou isso já acontecia? Existem outras formas de financiamento?

Estefânia Pereira: O Núcleo ReFOOD VNF “sobrevive” através do envolvimento da comunidade
famalicense no projeto, ou seja, da sociedade civil (voluntários), empresas públicas e privadas e  instituições, como a autarquia. Estas doam fontes de alimentos ou géneros que são seu excedente e dos quais necessitamos diariamente para a nossa operação. Também temos recebido alguns donativos pecuniários, os quais se mostram essenciais à existência do Núcleo, uma vez que não teríamos outra forma de adquirir bens essenciais ao funcionamento diário, como sejam produtos de higienização do ramos alimentar, combustível para abastecimento da nossa carrinha refrigerada que entre segunda e sexta-feira faz a recolha na Didáxis e lojas LIDL de Pousada de Saramagos, Ribeirão e Famalicão; e muito mais.

Fazemos face às nossa despesas essencialmente através de eventos que vamos promovendo ao longo do ano para esse efeito e para sensibilizar a comunidade para o projeto e para o voluntariado. Também fazemos campanha de angariação de alimentos na altura do Natal, para completarmos a base dos cabazes que são doados pela autarquia aos nossos beneficiários. Em certas ocasiões, já fizemos campanhas de angariação de embalagens térmicas, uma vez que necessitamos de centenas de embalagens na nossa dinâmica diária.
A parceria com o INAC – espetáculo de circo cuja receita reverteu para a ReFOOD – foi-nos proposta e é mais um destes exemplos. Uma das premissas do projeto é mesmo essa, chamar a comunidade a participar do projeto, da forma que cada pessoa ou entidade o possa fazer (uns dão o seu tempo, outros os produtos que produzem, outros o apoio pecuniário que considerarem, mas nunca “vendemos” ReFOOD!!!

Pedro Costa: Quais são os apoios da autarquia com que o ReFOOD VNF tem podido contar até ao momento?

refood - desperdício alimentar - ajudar - famílias - dificuldades

Pincelada Re-food – Foram realizadas obras de preparação das instalações cedidas pela autarquia, em regime de comodato, no Centro de Operações famalicense.

Estefânia Pereira: As instalações onde funciona o Núcleo ReFOOD VNF foram-nos cedidas em regime de contrato de comodato pela autarquia, a qual tem dispensado, desde o início, total apoio em várias atividades que temos desenvolvido.

O apoio da autarquia tem sido essencial e imprescindível ao desenvolvimento da nossa atividade. As instalações são a base de toda a nossa dinâmica. Para além disso, em todas as atividades que temos desenvolvido, temos solicitado apoio logístico e muito temos a agradecer a disponibilização do mesmo.

Pedro Costa: Agora que estamos quase a entrar num novo ano, e a própria ReFOOD VNF está quase a completar 2 anos de atividade, quais são as ambições e desejos para o futuro que estão em mente, Estefânia?

Estefânia Pereira: Todos estes dados falam por si, bem como pelo valor do valor do trabalho que desenvolvemos, uma vez que se trata de colmatar uma necessidade básica de muitas pessoas. Quando decidimos aceitar o desafio de trazer para e implementar este projeto em Famalicão, não perspetivámos estar hoje onde estamos.

“Famalicão é mesmo terra de amigos!” Temos conseguido reunir à nossa volta um enorme conjunto de pessoas – quase centena e meia – sobretudo de Vila Nova de Famalicão, mas também de outras localidades, como Santo Tirso, Trofa, Vila Nova de Gaia e Guimarães, o verdadeiro “motor” do ReFOOD que se deslocam semanalmente para aqui fazerem voluntariado, bem como uma série de instituições e outras entidades públicas e privadas. com sensibilidade para a questão do “Desperdício e o combate à fome”. Apoiam-nos das mais diversas maneiras, nomeadamente 38 fontes de alimentos canalizam diariamente o seu excedente alimentar para o ReFOOD, ao invés de deitar ao Lixo, comida em perfeitas condições de alimentar quem mais precisa.

Para além de tudo o já referido, conseguimos ainda estabelecer parcerias com outras iniciativas no sentido de levar a comunidade a ser mais sustentável e a desenvolver uma economia verdadeiramente circular, como é o caso do Projeto Sábio que transforma “lixo” em recursos. A matéria orgânica é recolhida, separada e transformada em adubo natural através de um sistema de compostagem.

Isto diz muito sobre Famalicão e os famalicenses.

Em 2016, o RƎFOOD Famalicão recebeu o Selo Famalicão ’25 – Força V, reconhecimento municipal pela qualidade do trabalho de solidariedade realizado pela instituição.

Sao estes resultados que nos motivam e impulsionam a fazer cada vez mais e melhor e por isso temos traçado mais objetivos, que estamos a trabalhar para alcançar:

Pretendemos aumentar a nossa capacidade de resposta, dando apoio a todas as solicitações de pedido de ajuda, integrando todos os indivíduos que nos são sinalizados como necessitando de um apoio alimentar complementar; aumentar as parcerias, chamando a comunidade famalicense (empresas públicas e privadas, fontes de alimentos e outras) a participar no nosso projeto, “ajudando-nos a ajudar”; sensibilizar a sociedade civil para a importância do voluntariado, com o indispensável compromisso e responsabilidade (angariação de novos voluntários); e mais objetivamente, adquirir uma viatura ligeira de 2 lugares com caixa térmica, para as recolhas nas cinco rotas diárias efetuadas pelos voluntários nas deslocações diárias às fontes de alimentos.

Horário da ReFOOD:

Segunda-feira  14:00 – 16:00, 18:00 – 24:00
Terça-feira       14:00 – 16:00, 18:00 – 24:00
Quarta-feira     14:00 – 16:00, 18:00 – 24:00
Quinta-feira     14:00 – 16:00, 18:00 – 24:00
Sexta-feira      14:00 – 16:00, 18:00 – 22:00
Sábado           FECHADO
Domingo         19:00 – 20:00, 21:00 – 24:00

Voluntariado:

Os turnos são apenas de 2 horas (das 14:00 às 16:00, das 18:00 às 20:00, das 20:00 às 22:00 e das 22:00 às 24:00).

Contactos:
Rua da Estação, 242 – Pavilhão 9 | 4760-084 Vila Nova de Famalicão
+351 252 313 204

Para saber mais:

Núcleo ReFOOD de Famalicão

ReFOOD

Imagem de destaque: Equipa fundadora da ReFOOD Famalicão.

Imagens: Arquivo da ReFOOD.

VILA NOVA, o seu diário digital

Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.

Vila Nova é cidadania e serviço público.

Diário digital generalista de âmbito regional, a Vila Nova é gratuita para os leitores e sempre será.

No entanto, a Vila Nova tem custos, entre os quais a manutenção e renovação de equipamento, despesas de representação, transportes e telecomunicações, alojamento de páginas na rede, taxas específicas da atividade.

Para lá disso, a Vila Nova pretende produzir e distribuir cada vez mais e melhor informação, com independência e com a diversidade de opiniões própria de uma sociedade aberta.

Como contribuir e apoiar a VILA NOVA?

Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico contributo sob a forma de donativo através de netbanking ou multibanco (preferencial), mbway ou paypal.

NiB: 0065 0922 00017890002 91

IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91

BIC/SWIFT: BESZ PT PL

MBWay: 919983484

Paypal: [email protected]

Obs: envie-nos o comprovativo da transferência e o seu número de contribuinte caso pretenda receber o comprovativo de pagamento, para efeitos fiscais ou outros.

Gratos pela sua colaboração.

Pub

Acerca do Autor

Pedro Costa

Diretor e editor.

Comente este artigo

Only registered users can comment.