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A Cidade de Barcelos atribuiu distinções de mérito a 14 Barcelenses que, nas mais diversas áreas de atividade, contribuíram ou têm vindo a contribuir para o desenvolvimento da comunidade. O reconhecimento dos relevantes serviços prestados aconteceu na data em que o respetivo Município celebra 94 anos sobre a elevação a Cidade. A celebrada barrista Rosa Ramalho, ícone maior da arte popular em Portugal, viu finalmente ser-lhe prestado o reconhecimento maior da cidade sede do concelho que a viu nascer com a atribuição da Medalha de Honra.
As medalhas de Honra e Mérito atribuídas pelo Município de Barcelos em 2022 foram entregues pelo presidente da Câmara, Mário Constantino, e pelo presidente da Assembleia Municipal, Fernando Santos Pereira, às seguintes personalidades:
Rosa Ramalho (a título póstumo)
Conhecida como Rosa Ramalho, de seu verdadeiro nome Rosa Barbosa Lopes, nasceu a 14 de agosto de 1888, no Lugar da Cova, na freguesia de Galegos São Martinho, e faleceu com 89 anos, a 24 de setembro de 1977, na sua freguesia. Filha de um sapateiro e de uma tecedeira, como era costume naquela altura, casou cedo, aos 18 anos, e teve oito filhos (três morreriam à nascença).
As suas obrigações familiares fizeram-na interromper os seus dotes oleiros, que começou a desenvolver ainda antes de casar, e juntou-se ao seu marido nas lides do trabalho braçal e na distribuição de fornadas de milho, enquanto cuidava dos seus filhos e, depois, dos netos. Ganhou os seus dotes de oleira quando, para amealhar algum dinheiro, ia para casa de uma vizinha que modelava algumas figuras, na sequência das suas atividades domésticas e domiciliárias. Inicialmente, para tecer tiras de cestas, mas depois para, por olho e por hábito, aprender a fazer essas tais figuras, recorrendo a barro por cozer (ou chacota) com tintas não-cerâmicas, a partir da terra que tinha à disposição. Quando enviuvou de António Mota, com 68 anos, dedicou-se com mais afinco, ao Figurado, vindo a tornar-se no seu máximo expoente. Inicialmente, era para arrecadar algum dinheiro, com o genuíno objetivo da subsistência, mas depois foi o afirmar de uma paixão, onde dava largas ao seu grande imaginário. Figuras com grandes contornos dramáticos e fantasiosos, provenientes de uma imaginação fértil e repleta de mitologias locais.
A celebrização de Rosa Ramalho chegou com a sua descoberta por parte António Quadros, que divulgou as sua peças, tornando-as acessíveis a um maior número de gente, tanto portuguesa como estrangeira. Regionalmente, nas feiras e nas romarias a que ia, vendia bastantes das suas estatuetas, em especial no Porto, na sua feira de São João das Fontainhas, onde, precisamente, havia sido descoberta por Quadros, então estudante na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. “Ti Rosa”, como também era tratada, tornou-se, assim, uma pessoa famosa, mesmo num meio tão pequeno e rural, o que era raro para uma mulher, dado o contexto social da época, principalmente porque algumas das suas peças eram vistas com desconfiança e desconforto, devido ao seu caráter profano.
Lenço, blusa e saia sempre negros, olhos fulminantes e conversa fácil, Rosa Ramalho apareceu algumas vezes na televisão, mas como ainda era a preto e branco esta não deixava brilhar a cor de mel dos seus vidrados, assinados com um RR, visto que não sabia escrever.
Foi condecorada por 2 presidentes da República: pelo Almirante Américo Tomás, em tempos de ditadura, e, mais tarde, também condecorada postumamente, pelo General António Ramalho Eanes, em 1981. Passados 45 anos do seu desaparecimento físico, a sua obra perdura no tempo. Foi com Rosa Ramalho que o figurado de Barcelos se tornou a arte popular mais conhecida em Portugal e a arte popular portuguesa mais reconhecida no mundo”.
Padre Doutor Abel Varzim da Cunha e Silva (a título póstumo)
Dr. Adalberto Manuel da Fonseca Neiva de Oliveira (empresário)
Ana Sousa (empresária)
Professor Doutor António Tomé Costa Pereira (Médico ginecologista)
Francisco Dias da Silva (empresário e dirigente desportivo)
Doutor João Joaquim Martins Pimenta (Médico dentista)
José Macedo Gomes (conhecido por Sr. José da Colonial) – (a título póstumo)
José Manuel Vilas Boas Ferreira (empresário)
José Simões de Sousa (conhecido por Sr. José da Bagoeira) – (a título póstumo)
Maria da Conceição Martins Dias (empresária)
Doutora Renata Gomes (cientista)
Eng.º. Ivo da Rocha Boaventura
José Ribeiro (a título póstumo).
Nesta cerimónia, o presidente da Câmara de Barcelos, Mário Constantino, deixou palavras de gratidão e de apreço às personalidades homenageadas, agradecendo o contributo pelo exemplo, dedicação e contributo para a valorização e autoestima da cidade e do concelho.
“O nosso reconhecimento aos que já não estão junto de nós; porque embora personagens muito diferentes e com atividades muito distintas, na verdade, cada um à sua maneira, deixou um legado que muito nos orgulha.
Às personalidades que, felizmente, ainda estão entre nós, e que hoje também foram condecoradas, quero, em nome de todos os barcelenses, deixar um agradecimento pelo exemplo que constituem para a nossa sociedade. Com efeito e de igual modo, todos vocês têm percursos de vida diferenciados; com atividades diversas; com percursos académicos e profissionais distintos; mas todos, sem exceção, com grandes serviços prestados à sociedade, exemplos vivos de que a garra, a determinação, a perseverança, o arrojo, a criatividade e o trabalho, são a garantia e a receita para o desenvolvimento cultural, social e económico da vida da nossa comunidade”.
Imagens: 0) DR 1, 2, 3) MBCL
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