Todos conhecemos histórias de relacionamentos de homens velhos e jovens amantes, iludidos pelas metamorfoses que as novas relações parecem trazer às suas vidas. Esta história que vos vou contar em muito se equipara a essa tão frequente situação.
Um partido – Aliança – nasceu de uma dissidência do velho Partido Social Democrata (PSD). Uma coisa nova, fresquinha, pronta a degustar.
Algumas pessoas, poucas por sinal, do velho, descontentes com o rumo à altura dos acontecimentos que não os satisfazia – Rui Rio -, viram na novidade uma ilusão, falinhas mansas, coisas novas, ideias e forma diferente de fazer política e avançaram, uns por convicção, muitos mais enquanto esperavam por boas novas do velhinho.
Passado pouco tempo começaram a constatar que de novo este partido só tinha a carcaça, o resto era parecido com o velho, recauchutado, com vícios muito piores, e em pior forma que o velho.
A figura principal que se pensava que era, afinal não era absolutamente nada. Quanto a posicionamento político, uma hora era social-democrata, outra era social liberal, outra era de direita, ou seja, ao sabor da disposição do dia. As tais famosas e conhecidas trapalhadas.
A nova forma de fazer política era o amiguismo, o nepotismo, o seguidismo, a ânsia de poder e protagonismo, a tentativa de apropriação da instituição como forma de elevador social, mas sobretudo jogadas de bastidores de política baixa, ao nível do terceiro mundo.
A liberdade de pensamento e expressão era uma utopia, quem falava fora da caixa levava com processos disciplinares, era vilipendiado e politicamente linchado .
O pensamento único é a palavra de ordem, o rebanho, o desejado.
Foi a desilusão.
Como muitos anteviram, os resultados eleitorais deste ano não poderiam ter outro desfecho que não o verificado.
Foi a retirada geral, desfiliações, divulgadas pelos próprios nas redes sociais, a mobilização nas mesmas, é como se tivesse passado um tsunami. Desapareceu tudo.
Restaram alguns que, ainda crentes em milagres, vão debitando palavras de ordem incondicional, do tipo vivas ao Grande Líder que no órgão máximo do partido foi brindado, com a unanimidade da oferta, com a Espada de Dâmocles.
Finalmente são despoletadas as eleições internas para os órgãos distritais, umas comissões instaladoras cumprem o regulamento eleitoral com sensatez, outras nem por isso, uma ou outra tentam reduzir ao mínimo o tempo de formalização de candidaturas concorrentes, de forma a tentarem manter-se no poder custe o que custar.
Estranha e coincidentemente, após algumas candidaturas formalizadas, concorrentes ao status quo, no mesmo dia, curiosamente, as páginas e perfis dessas candidaturas foram denunciadas e bloqueados pelo Facebook. Nada que não fosse previsível.
Metamorfoses? ‘A velhice [do PSD] é um posto’
Pessoalmente fui enganado, senti-me ludibriado. Deixei em finais de Fevereiro os cargos de nomeação provisória que detinha, procedi à minha desfiliação em Agosto e peço desculpa àqueles que convenci a avançarem para este projecto que à partida parecia uma lufada de ar fresco, mas que passado um ano não passou de um “nado” em morte cerebral, ligado às máquinas à espera do resultado do velhinho, possibilidade do regresso do passismo, agora em versão montenegrismo, para que as máquinas sejam desligadas.
Como tudo na vida nasce, cresce e morre, lamentavelmente esta morte anunciada e previsível é uma morte precoce, mas por culpa própria.
Às vezes, as novas não são boas amantes; por fora brilham, mas por dentro são ocas e opacas.
Como diz o velho provérbio: “A velhice é um posto”.