Hoje o principal problema em Portugal na divisão do trabalho doméstico não é o machismo, mas os horários de trabalho insuportáveis de homens e mulheres, e a redução da família ao núcleo familiar restrito de dois com filhos, sem avós, e sem políticas públicas. Há casais que estão 3 anos consecutivos sem ir ao cinema, namorar, viajar porque cuidam sozinhos dos filhos e trabalham, com transportes, 12 a 14 horas por dia.
Só se diz que as mulheres trabalham mais, em média, 2 a 3 horas de trabalho doméstico, o que é verdade, mas esquece-se de referir que os homens trabalham mais 4 horas de trabalho assalariado, e muitas vezes por turnos nocturnos, e ambos trabalham, se juntarmos transportes, 10 a 14 horas diárias. O grande desafio não é a divisão do trabalho doméstico por dois exaustos, mas a abolição destes através da socialização, ou seja, de políticas públicas, por um lado, e redução do horário de trabalho para todos, por outro (sem redução salarial).
Homens e mulheres que trabalham, hoje, em Portugal, só têm duas hipóteses: ou terceirizam o trabalho doméstico, o que faz parte da classe média, com empregadas, compra de comida feita, amas (e com frequência trabalham extra para conseguir pagar tudo isto), ou não aguentam o cansaço que é trabalhar cada vez mais e cuidar sozinhos dos filhos (sem avós por perto). E, de facto, temos uma sociedade que desistiu de ter filhos.
São precisas políticas públicas que ajudem os casais, incluindo com coisas como limpeza de casas, lavandarias públicas e comida de boa qualidade em restaurantes públicos subsidiados. Ou há socialização do trabalho doméstico ou a vida em família é exaustiva e insuportável.
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Obs: publicação original no blogue Raquel Varela | Historiadora sofreu ligeiras adequações editoriais na presente edição.
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