A Revolução dos Cravos foi o mais importante movimento revolucionário da Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1945) aos nossos dias. Começou no dia 25 de abril de 1974, uma quinta-feira chuvosa, como um golpe de Estado contra a Guerra Colonial, liderado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA). Esse golpe foi, porém, a semente de uma revolução social.
A ligação entre os 13 anos de guerra nas colónias contra as lutas de libertação e o 25 de Abril é um facto crucial. Encetada em Lisboa como uma revolução política democrática contra o regime de ditadura – Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, os três Ds do programa do MFA -, transformou-se também numa revolução social que colocou a democracia social e participativa no centro da vida, mudando as relações de produção e organização sociais.
Esta revolução democrática viveu as suas primeiras eleições a 25 de abril de 1975, depois de uma longa noite de 48 anos de ditadura, com uma taxa de participação superior a 90% – celebra-se o direito ao voto, o sufrágio universal. Mas antes dessas eleições, em resultado de uma madrugada ansiosamente esperada, naquele ‘dia inicial inteiro e limpo’, o povo emergiu, como nunca na história do país, ‘da noite e do silêncio’ e ‘livre’ habitou a ‘substância do tempo’, tendo, em poucas horas, na Baixa-Chiado, e em poucos dias ou semanas, em todo o país, quase totalmente desmantelado o regime político da ditadura e substituído por um regime democrático.
De imediato, a 25 de abril milhares de pessoas saíram à rua, e foi com multidões à porta, a gritar “Morte ao fascismo!”, que no Quartel do Carmo, em Lisboa, o Governo liderado por Marcelllo Caetano foi cercado; as portas das prisões de Caxias e Peniche abriram-se para saírem todos os presos políticos; a PIDE/DGS, a polícia política, foi desmantelada.
Portugal foi, ao lado do Vietname, o país mais acompanhado pela imprensa internacional de então, porque as imagens das pessoas dos bairros de barracas sorrindo de braços abertos ao lado de jovens militares barbudos e alegres encheram de esperança os povos de Espanha, Grécia, Brasil… e de júbilo a maioria dos que aqui viviam. Uma das características das fotografias da revolução portuguesa é que nelas as pessoas estão quase sempre a sorrir. Não por acaso, Chico Buarque cantou: “Sei que estás em festa, pá”.
Saber o passado para preparar melhor o futuro
Raquel Varela é historiadora, investigadora e professora universitária agregada na Universidade Nova de Lisboa. Considerada uma das mais importantes divulgadoras de ciência no país, participa regularmente em eventos de divulgação científica.
Conhecida do grande público por ser comentadora residente do programa semanal de debate público “O Último Apaga a Luz”, no canal público de televisão RTP 3, há vários anos, e escrever regularmente nos principais jornais nacionais, entre eles no principal diário de referência do país, o jornal Público, Raquel Varela é coordenadora do Observatório para as Condições de Vida e Trabalho na FCSH/IST e responsável pelo programa de história pública “Conversas com História”, no Centro Cultural de Belém.
Em 2020 foi a primeira investigadora a receber a bolsa Simone Veil da Universidade de Munique, Project Europe e recebeu o prémio Ibero-Americano ASICOM/Universidade de Oviedo pelos seus trabalhos nos estudos globais que ajudam a conetar o espaço ibero-americano, tendo em conta a história global do trabalho e dos movimentos sociais. Já em 2021 foi já convidada para ser investigadora senior visitante do Instituto Europeu de Estudos Globais da Universidade de Basileia, na Suiça.
Ligada a diversas outras instituições universitárias de referência, na sua atividade docente é responsável por unidades curriculares em História Global do Trabalho, nomedamente como professora no ISEC na área de História das Relações Laborais e coordenadora do Projeto Internacional de História Global do Trabalho In The Same Boat? Shipbuilding Industry – a Global Labour History.
Autora e coordenadora de 34 livros sobre história do trabalho, do Estado Social, de Portugal, da Europa, do movimento operário e história global, nomeadamente uma História do PCP na Revolução dos Cravos, baseado na sua tese de doutoramente, e Uma Revolução na Saúde – História do Srviço Médico à Periferia (1974-1982). Vários dos seus livros encontram-se traduzidos em alemão, francês e inglês.
Como autora, publicou ainda mais de 70 artigos em revistas com arbitragem científica, na área da história, sociologia, educação, economia, serviço social e ciência política e é autora de mais de 70 capítulos de livros publicados em Portugal e um pouco por todo o mundo ocidental.
Alguns livros de Raquel Varela
- Uma Revolução na Saúde – História do Srviço Médico à Periferia (1974-1982) (Húmus, 2020)
- Shipbuilding Labour Around the World: a Global Labour History (co-autoria de Raquel Varela, Hugh Murphy e Marcel van der Linden) (Amsterdam; Chicago University Press, 2015)
- Breve História da Europa (Bertrand, 2018)
- História do Povo na Revolução Portuguesa 1974-1975 (Bertrand, 2014),
- A Segurança Social é Sustentável. Trabalho, Estado e Segurança Social em Portugal (Bertrand, 2013),
- Quem paga o Estado Social em Portugal? (Bertrand, 2012),
- História do PCP na Revolução dos Cravos (Bertrand, 2011),
- Revolução ou Transição? História e Memória da Revolução dos Cravos (Bertrand, 2012),
- Greves e Conflitos Sociais no Portugal Contemporâneo (Colibri, 2012),
- O Fim das Ditaduras Ibéricas (1974-1978) (Centro de Estudios Andaluces/Edições Pluma, 2010).
Dados sobre o Curso
Datas: 21, 22, 28 e 29 de abril, das 18h00 às 19h00
Inscrição: 40,00€
Coorganização: Bertrand
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Imagem: Chayenne Tessari Zanol/Unsplash
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