Portugal está doente e não é devido à COVID-19.
A política portuguesa atingiu o grau zero.
A desfaçatez, a falta de seriedade, a mentira, o encobrimento, a tentativa de fazer dos portugueses ignorantes é por demais evidente na nossa classe política.
Vem isto tudo a propósito da formação do Governo Regional dos Açores.
É de lamentar a posição tomada pelo Partido Socialista e António Costa à solução encontrada dentro do quadro parlamentar para a formação do novo Governo Açoriano.
Os mesmos que, em 2015, formaram a denominada Geringonca, com o objectivo único de tirar a direita e Passos Coelho do poder, e que andaram estes cinco anos a vangloriarem-se disso, vêm, depois de provarem o próprio veneno, com uma desfaçatez tamanha, colocar em causa acordos parlamentares emanados do voto legítimo e democrático dos açorianos, esquecendo-se que o voto de um açoriano no partido de extrema esquerda é exactamente igual e validamente expresso como um voto num partido de direita, mais à direita.
Como dizia o outro é preciso ter uma lata descomunal.
E aqui chegados que dizer do PSD?
Temos o flop Rui Rio, que conseguiu a proeza de, no início do seu mandato como Presidente do PSD, perder um forte manancial de militantes que não se reviram no posicionamento político a que foi votado este partido.
Durante este mandato, a sangria continuou e, neste momento, com a formação do governo nos Açores, acabou por defraudar as expectativas de muitos dos militantes mais esquerdistas, que lhe confiaram o seu voto.
Porém, Rui Rio analisou muito bem o que o povo açoriano expressou através do seu voto: a mudança.
A coligação AD, para o governo dos Açores, foi uma opção assertiva. Contudo, concordando na génese, discordo no caminho que foi efectuado para lá chegar.
Em 2015, o PSD discordou da forma habilidosa, mas legítima, de como Costa chamou os partidos de esquerda e esquerda radical para formar maioria para governar, tendo perdido as eleições.
Em coerência com o que defendi então, acho que nos Açores deveriam , antes de apresentar a solução à direita, ter deixado o representante da República chamar o partido vencedor a formar governo, apresentar o seu programa na Assembleia Regional e então aí decidirem se viabilizavam ou rejeitavam o programa de governo.
Nessa circunstância, o PSD sairia, à partida, sempre por cima e colocava o ónus da decisão no partido mais à direita.
Este, se votasse a favor ou se abstivesse, estava a dar a mão à continuidade do PS no governo açoriano. Caso votasse contra, estava a viabilizar o governo de José Bolieiro sem necessidade de qualquer acordo pré-parlamentar, ou seja, tinha evitado esta celeuma toda.
Mais uma vez, Rio esteve mal em responder à provocação socialista.
O Partido Socialista e os portugueses em geral sabem perfeitamente que, desde 2015, pode não ser o partido mais votado a formar governo.
Sabem também que só a união dos partidos à esquerda ou à direita fará com que se formem maiorias para governar.
Rio também sabe isso. Só poderá chefiar um governo se conseguir uma frente de direita com todos os partidos à direita do PS.
Todos os partidos com assento parlamentar foram legalmente constituídos e aprovados no Tribunal Constitucional (TC). Desde a esquerda radical à direita mais conservadora, todos se encontram no arco democrático.
Por esse facto, o Presidente do PSD não pode nem deve intimidar se com a associação que os partidos de esquerda tentam fazer com a sua colagem a André Ventura.
O Partido Social Democrata tem de assumir, com frontalidade, a liderança dessa frente de direita, sem dogmas, nem rodriguinhos.
Seria deveras positivo, aliás, que acontecesse já nas eleições autárquicas, de forma a camuflar a mais que provável derrota eleitoral, com a manutenção e conquista de autarquias que, sozinho, serão inatingíveis para o partido e ir preparando terreno para as eleições legislativas que, mais tarde ou mais cedo, estarão aí.
Depois da destruição que provocou no partido, mesmo sabendo que não vai ser ele a liderar o próximo governo chefiado pelo PSD, Rui Rio tem a obrigação de tudo fazer para que o seu partido continue acima da linha de água de modo a que, quem se lhe siga, ainda tenha a massa crítica e a confiança de muitos portugueses.
A título pessoal, espero ansiosamente por esse dia.
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