Esta semana que passou, o Estado português decidiu injetar 1200 milhões na TAP, a título de “empréstimo”. Comprou por 55 milhões, a David Neeleman, 22,5% da empresa, ficando a deter 72,5% do seu capital. Podemos dizer que, caso o Estado português fizesse parte do programa de milhas da TAP, o programa Vitoria, com esta operação o Estado veria o seu Estatuto revisto, passando de “Silver” para “Vitoria Gold”. Afinal de contas o Estado sempre foi o “Lounge” preferido da TAP.
A TAP já há muitos anos que é um problema sério em termos de gestão financeira. Desde o seu início que a TAP sempre se quis afirmar entre grandes companhias aéreas internacionais, no entanto nunca foi capaz de se tornar auto sustentável. Tem um sério problema de gestão de ativos, um sério problema de gestão financeira. Não há harmonia entre o investimento e a rentabilidade. Com 106 aviões, 9.500 funcionários, com um leque considerável de clientes fidelizados, a TAP continua, de tempos a tempos, a ver o seu futuro decidido por ajudas estatais.
Mas nacionalizar a TAP seria a solução? Qual seria a melhor solução afinal?
Se bem me recordo, há um mês atrás falava-se de uma necessidade imediata de ajuda estatal, para liquidez, no valor de 600 milhões, que subiriam uns dias depois para 800 milhões, depois 1.000 milhões e chegamos ao final com um valor de 1.200 milhões! E será que ficaremos por aqui? Afinal a TAP valorizou-se bem neste último mês e nós nem nos apercebemos. Mas nos últimos tempos este governo habituou-nos a ver dinheiro publico a ser despendido de forma gratuita. Por vezes, leva-me a pensar que quem de direito deve pensar que os números de que se falam apenas são números no balanço financeiro. Não pensam no futuro endividamento público, do Estado e das famílias portuguesas. Estamos a comprometer o futuro das novas gerações, o futuro dos nossos filhos.
Convém também recordar que não foi a Covid-19 a causadora da crise na TAP. Digamos antes, que foi um acelerador. A TAP estava com dificuldades de liquidez já há bastante tempo, o Estado viu-se obrigado a intervir, ou deixava cair uma das principais companhias portuguesas. Uma empresa com 9500 trabalhadores, com um passivo grande, com necessidades de liquidez, não tem um futuro brilhante pela frente. O paradigma de gestão e atuação no mercado tem de ser alterado, e adequado a um mercado concorrencial realístico. Está na altura de parar de brincar aos gestores.
Acredito que o nosso Ministro da Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos e o nosso Ministro das Finanças, João Leão, acreditem que a TAP os irá levar em novos voos. Mas meus caros, a rota é a mesma, os aviões também. Não chega ter curso de “piloto”, é necessário ter “unhas” para pilotar esta companhia.
O nosso 1º Ministro, António Costa, que durante esta pandemia aprendeu alguns termos médicos, tem tentado fazer analogias médicas em tudo o que comenta. Se falou de antibióticos de forma deturpada, na TAP falou de “dor”, no que diz respeito a despedimentos que possam ocorrer na companhia aérea. O que ele se esquece é que o seu Governo está, aos poucos, a criar “metástases” e que com as medidas que toma, sem grande contenção, não lhe irá chegar a Quimioterapia ou a Radioterapia para solucionar a doença. E nessa altura, será incurável.
A oposição, que poderia combater estas “infeções” e tomar uma posição, tem funcionado mais como um Ben-u-ron, que atenua apenas o estado febril.
Caso para dizer que o Governo gostaria de voar daqui para fora, mas até as fronteiras aéreas internacionais nos fecharam.
Imagem: Não TAP os olhos
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