Os grandes desafios do Dia da Terra são os desafios do quotidiano da escala geográfica de cada um e a valorização da escala biótica em que todas as partes contam na frágil cadeia de interdependência entre seres vivos.
Por outro lado, também, a falta de conectividade com o nosso entorno natural, cuja fórmula milagrosa para encarar os desafios futuros do desenvolvimento sustentável é aparentemente simples seria algo como “A + B = C”.
Em que “A” é a compreensão global de nós mesmos como parte da natureza, “B” a apreensão e assimilação da sabedoria de teor ambiental e “C” a prática ambiental, a ecocidadania.
Experiência
O denominador que põe em causa a fórmula e que se situa entre o “B” e “C” é a experiência, a linha ténue entre a literacia ambiental (situação de referência) e a prática ambiental enquanto rotina. Portanto, se é a experiência o denominador comum, devemos discutir a gestão emocional apelando a uma corporização do ser humano com a natureza.
Avaliação
Isto é também a necessidade da avaliação do ambiente/natureza não ser meramente estética, tão só porque a estética não pressupõem a experiência no conjunto dos sentidos humanos no âmbito da percepção, cognição e representação. Outros autores, têm tentado explorar esta versão, desde a geografia, a psicologia ambiental a sociologia entre outros campos científicos.
Consciência
De facto, recentemente a consciência tem-se tornado tema crítico, em parte promovido por estudos do neurologista António Damásio. Para este autor, o estado ou os estados conscientes da mente utilizariam precisamente o conhecimento em diversas matérias sensoriais, sejam corpóreos, visuais ou auditivos manifestando propriedades qualitativas variadas para os diferentes fluxos sensoriais usados na percepção do ponto de vista memorial.
Percepção
Assim, a percepção nunca é um mero contacto da mente para com o objecto presente; está sim impregnada com imagens-memória (experiências) que completam a acção ao mesmo tempo que a interpreta, tal como os textos do filósofo Henri Bergson apontam.
Contacto
Yi-Fu Tuan, géografo da Universidade de Wisconsin, diz-nos que o contacto com o ambiente natural é cada vez mais indirecto ou limitado a ocasiões especiais. E. que é fora dos aglomerados rurais, que o envolvimento com a natureza torna-se mais recreacional do que vocacional.
Conexão com a natureza
O movimento ambiental teve um impacto muito necessário na nossa consciência da natureza e na necessidade de a impactar de forma menos negativa. Reconhecemos que a natureza não é um objeto em si mesma e que somos parte da natureza e não uma parte dela. Contudo, assistimos a uma menor conexão e experiência, o que significa um impacto negativo nos seres humanos, porque estamos a perder os efeitos benéficos da natureza. Como resultado, estamos menos conectados à natureza e sentimos menos responsabilidade em proteger/compreender/conservar o ambiente. Se um indivíduo se sente conectado à natureza (possivelmente passando algum tempo nela), ele está naturalmente mais inclinado a preocupar-se com a natureza e a proteger o ambiente.
A conexão com a natureza é a extensão em que os indivíduos incluem a natureza como parte de sua identidade.
Schultz, psicólogo social da California State University San Marcos, aponta três componentes: a componente cognitiva que é o núcleo da conexão com a natureza e refere-se à forma como alguém se sente com a natureza; a componente afetiva que é o senso de cuidado individual com a natureza e a componente comportamental é o compromisso de um indivíduo em proteger o ambiente natural. Esses três componentes formam a conexão com a natureza e são necessários para um relacionamento e crescimento equilibrado do ser humano desde tenra idade.
Em qual das componentes nos situamos?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, dois terços do tempo médio de uma pessoa são gastos em casa e um quinto no ambiente de trabalho. As crianças, em particular, passam a maior parte do tempo em ambientes interiores. Talvez este momento de pandemia que nos tomou de assalto seja aquele em que melhor somos capazes de reconhecer o valor da natureza. Para os que têm a possibilidade de ficar em casa, amparemos a sanidade mental mediante o contacto com a natureza da qual somos parte; dos animais de estimação ao jardim e ao quintal passando pelos vasos do parapeito. Sugestão adicional: procure identificar as aves que circundam a sua casa ou os demais animais selvagens como os insectos que habitam o seu jardim ou varanda.