José Vieira foi um defesa central com um percurso de uma vida (quase) inteira no Clube Desportivo Aves (CD Aves), como futebolista e director desportivo. Para além disso, a sua família também tem ligações ao clube de Vila das Aves desde que começou a jogar futebol no referido clube. Com uma breve passagem pelo FC Famalicão, na antiga primeira divisão, em 1992-93, 1993-94 e, na segunda divisão, em 1994-95. O clube famalicense é, por isso, a sua segunda casa, como gostou de lhe chamar.
O jogador avense recorda histórias engraçadas do jogo de 7 março de 1992-93, em que marcou o golo da vitória (0-1), que ainda hoje não sai da cabeça de muitos adeptos do FC Famalicão. Esse jogo não sai da cabeça de muitos adeptos famalicenses, especialmente os mais velhos, pelo resultado histórico alcançado com a vitória sobre o grande clube da região Norte.
Foi um cabeceamento perfeito, após um ‘canto do cisne’, no antigo Estádio das Antas que passou em direto na RTP1, num tempo em que só passava um jogo por semana na televisão portuguesa. Muita gente lembra-se desse jogo marcante, especialmente entre os adeptos do FC Famalicão.
Em 2012-13, regressou ao FC Famalicão como treinador, com o clube no designado CNS (Campeonato Nacional de Séniores), equivalente à II B (primeira época nesse modelo). Acabaria, no entanto, por sair com a temporada a decorrer, por decisão sua, por conta das sucessivas arbitragens que prejudicaram o FC Famalicão.
Entrevista a José Vieira
Francisco Oliveira – Quando se fala de José Vieira, fala-se de CD Aves. Como surgiu o futebol e o CD Aves no seu caminho?
José Vieira – Desde muito pequeno que amo o CD Aves. Lembro-me de ir ao Campo Bernardino Gomes, todos os domingos de manhã, para ver a formação do CD Aves jogar. Começavam assim os meus domingos. Pela manhã os juniores e, à tarde, os seniores.
Culpa também do meu Pai que foi presidente do Aves e me meteu o ‘bichinho’. Mais tarde, com 12 anos, comecei a jogar nos iniciados e nunca mais o Aves saiu da minha vida.
Tem sido de geração em geração. Tenho familiares na direcção atual do CD Aves, sobrinhos a jogar no CD Aves e outros são treinadores do Clube. O CD Aves faz parte da nossa Família e sem dúvida é uma grande Paixão.”
Francisco Oliveira – Após um início de percurso, com poucos jogos, à quarta temporada (1990-91), faz 28 jogos e aponta 3 golos. É aí que se transfere para a sua ‘segumda casa’.
Mas é no dia 7 de março de 1992-93 que marca o golo da vitória do FC Famalicão no antigo estádio das Antas, numa vitória histórica do FC Famalicão. Quer retratar esse dia e as suas consequências?
José Vieira – Antes de mais, dizer que o FC Famalicão é mesmo a minha segunda casa. Tenho uma costela bem grande pelo FC Famalicão e estou muito grato por todos os momentos que vivi nessa instituição.
Sobre o dia em que vencemos o FC Porto no Estádio das Antas, este é um momento marcante na minha carreira, pois até aos dias de hoje esse jogo é lembrado.
Todos os anos, na data em que aconteceu o jogo, recebo muitas mensagens de sócios do Famalicão a lembrar esse feito.
Lembro-me também que nesse jogo fiquei a suplente e estava zangado, porque era para ter jogado de início e o nosso treinador – o José Romão (um dos melhores treinadores que tive) -, alterou o onze inicial e fiquei de fora. O meu colega Celestino teve uma lesão grave aos 15 minutos de jogo, fui chamado e o mister só me disse: “Há 15 dias atrás, no Estádio da Luz, mandaste a bola ao poste. Hoje vais fazer golo!”… E assim aconteceu.
Mas há histórias muito engraçadas na viagem para o Estádio das Antas. Lembro que o meu colega Lila disse, a dado passo, que “o melhor é meter o autocarro na baliza e mesmo assim não sei se chega pois os vidros vão partir”. Foi, de facto, um grande massacre, mas no fim soube bem a vitória.
Francisco Oliveira – Voltou a marcar ao FC Porto, em 5 de dezembro de 1997-98, num empate a dois, na cidade de Chaves. Tinha uma motivação especial para marcar ao FC Porto?
José Vieira – Sempre que joguei com o FC Porto fui considerado pela imprensa o melhor em campo. O falecido diretor do FC Porto, o Sr. Reinaldo Teles, dizia-me: “Contra o Porto marcas e jogas sempre muito”. Mas também tive momentos dos mais marcantes pela negativa contra o Porto.Lesionei-me no antigo Estádio das Antas, ao serviço do Aves, em 2001. O Deco caiu sobre o meu joelho e fiz uma rotura de ligamentos cruzados”.
Francisco Oliveira – Jogou ao lado de uma galeria de futebolistas com notáveis percursos. Desde Tiago Pereira, Carlos Secretário, Douala, Raul Meireles, entre outros. Qual o que mais o surpreendeu ou impressionou?
José Vieira – Na verdade joguei com muitos craques. Todos os nomes que refere estão entre os melhores, mas para mim o mais marcante foi o Dane, com quem joguei em FC Famalicão e depois se transferiu para o Vitória SC. Que craque! O Raul Meireles também foi muito marcante. Joguei com ele vários jogos a fazer a dupla de centrais do Aves, não enganou. Comprovou tudo aquilo que prometia.
Mas Lula, Tanta, Ben Hur, Luís Vasco, Carlos Fonseca (pai de Talocha do Sporting Farense, também conhecido como Talocha) também ficaram marcados na minha memória foram. Todos se tornaram referências na minha carreira ainda durante muitos anos mais.
Francisco Oliveira – Em 2013-14, volta ao FC Famalicão na sua única temporada como treinador. Foi curta, mas conseguiu bons resultados até um certo período. Foi-se embora após o jogo com o Estoril Praia ‘Europeu’, na 4° eliminatória da Taça Portugal. O que se sucedeu para isso acontecer?
José Vieira – Na verdade, acabei por sair por opção própria. O presidente na altura, João Araújo (de volta ao FC Famalicão, nesta temporada 2023-24), colocou um contrato para eu assinar por mais uma época. Havia poucos recursos nesse ano em Famalicão. Foi um ano difícil.
Lembro que do plantel da época anterior, a minha equipa só conseguiu ficar com um jogador que foi o José Palheiras (defesa central), de resto tive que construir todo o plantel de raiz.
As coisas não correram mal. Muitos jogadores que contratei acabaram por subir o FC Famalicão à segunda liga, na temporada seguinte.
Estávamos a fazer uma grande época até que um adepto do FC Famalicão, no intervalo do jogo com o Ribeirão agrediu o árbitro. A partir daí, começaram as dificuldades.
Fomos prejudicados em 4 jogos seguidos pelas equipas de arbitragem. Foi nesse momento que pedi para sair, pois era preciso mudar alguma coisa.
Francisco Oliveira – Ainda no seu clube de sempre, mas como director desportivo, ganha a Taça de Portugal, em 2017-18, com um aguerrido CD Aves, que possuía à época um plantel de inegável qualidade. Foi uma festa fantástica dos adeptos avenses, quer no Jamor, quer na ‘Vila do Futebol Português’ (Vila das Aves). Qual a sprincipal lembrança dessa grande e prestigiante glória?
José Vieira – O CD Aves é para sempre o meu Clube de coração. Lembro-me desse dia com muita saudade, mas eu sou também adepto de Futebol e todos os anos costumo ir à final da Taça de Portugal assistir à maior festa do futebol Português. Por um lado fiquei triste porque no dia em que o meu clube do coração chegou ao Jamor, eu não pude estar na mata e nas bancada com as minhas gentes.
A festa era grande e a vila deslocou-se em peso ao Estádio Nacional. Ainda hoje vejo os vídeos da festa dos meus amigos na mata do Jamor.
Mas o mais importante é que todos ganhamos: jogadores, staff, adeptos e, em especial, a nossa Força Avense. Eles são mágicos. Deixaram um País de ‘boca aberta’ com todas as coreografias e músicas que fizeram. Ninguém estava à espera que uma Vila tão pequena fizesse tamanha Festa, por isso somos a maior ‘Vila do Futebol Português”.
Francisco Oliveira – Quando vê os dois filmes da Netflix (canal de streaming), sente nostalgia?
José Vieira – Sem dúvida nenhuma, mas o importante é que ninguém vai apagar aquilo que fizemos. Somos um dos Clubes que venceu a Taça de Portugal, com o nosso mister José Mota. Só 13 clubes o conseguiram fazer. É um grande feito.”
Francisco Oliveira – O que faz atualmente? E em que pensa que a sua experiência pode ser útil ao futebol?
José Vieira – Estava ligado ao Trofense como diretor desportivo, mas decidi sair no início desta época porque tinha outro projeto que não veio depois a concretizar-se.
Agora há que esperar! Voltar a ser treinador é uma das probabilidades. Vou esperar para ver o que possa acontecer”.
Imagens: 0) CD Aves, 1) José Vieira 2) MSTS
Tiago viveu glória no FC Porto e carreira repleta de sucessos
Carlos Pinto, o obreiro do Famalicão na I Liga, em ‘Jogo Directo’
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Pub
Santo Tirso entra 2024 com mais e melhores horários de transportes públicos
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Pub
Betano App: uma plataforma de apostas inigualável no mercado brasileiro
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Pub
José Ilídio Torres revive e dá esperança em ‘Cancro Meu Amor’
https://vilanovaonline.pt/2020/10/07/terapias-alternativas-nao-nao-alternativas-no-cancro/