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Um olhar sobre as rochas

 

 

A história da Terra estuda-se nas rochas, daí o interesse no estudo, pela Geologia, destas entidades naturais construtoras da capa mais externa do planeta, chamada litosfera (do grego “lithós”, que significa pedra).

Para o estudo da Geologia no ensino básico

Nos mesmos moldes em que devemos falar para toda a gente, dirigimo-nos aos professores do ensino básico, na certeza de ser esta a via que permite, às crianças, interiorizarem conceitos fundamentais, não só para, numa fase mais ulterior, poderem avançar no conhecimento destas matérias, mas também, para, como cidadãos (nem todos irão prosseguir no seu estudo), terem uma ideia do mundo físico que os rodeia. Um ensino com base em definições estereotipadas e desligadas de uma “história” (que é a do nosso planeta) simples de contar e acessível a todos, só serve para ser esquecida, logo que termine a vida escolar. É o que podemos constatar na grande maioria dos portugueses, onde a iliteracia geológica é uma realidade transversal na nossa sociedade.

Pedras e rochas

Pedras e rochas são a mesma coisa, não é demais lembrar. Pedra é aquilo que se apanha do chão para dar uma pedrada. Podemos dizer, numa linguagem vulgar, que as pedras são bocados de rocha. Apanhamos uma pedra do chão mas, quando estudamos, falamos quase sempre de rochas.

As rochas são, na imensa maioria, rígidas, o que quer dizer que não se amolgam nem se dobram. São geralmente coesas, uma vez que muito poucas se esboroam ou esfarelam e, igualmente, na imensa maioria, duras, visto que fazem moça onde quer que batam.

Pedra vem do grego “pétra”, através do latim “petra” e é, por assim dizer, um modo mais popular de dizer rocha. A palavra rocha chegou-nos mais tarde, vinda do francês “roche”. Dir-se-á que é um galicismo que acabou por substituir o nosso termo roca, bem mais antigo, talvez anterior à presença dos romanos no território que é hoje Portugal e que, entretanto, caiu no esquecimento. Nós ainda falamos de enrocamentos, quando nos referimos às obras de protecção do litoral com grandes blocos de rocha, usamos a palavra derrocada para referir desmoronamentos rochosos (quebradas na Ilha da Madeira) e dizemos Cabo da Roca, em alusão a rocha.

Em Geologia, há rochas e rochas

Em Geologia aprendemos que as rochas são associação de minerais compatíveis entre si e próprios de um determinado ambiente geológico (magmático, sedimentar ou metamórfico). Aprendemos, também, que há rochas que não correspondem ao conceito vulgar de pedra. Estão neste caso algumas rochas sedimentares como, entre outras, o argilito, a areia, os arenitos mal consolidados, o cascalho e a hulha. Isto porque, em sedimentologia, o conceito de rocha é mais alargado e nem sempre coincidente com o de pedra.

Geradas na interface da litosfera com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera, nas condições de pressão, temperatura e quimismo próprias da superfície do planeta, as rochas sedimentares são hoje entendidas como o produto da deposição gravítica de um, dois ou três dos seguintes constituintes fundamentais:

(1) – terrígenos, com proveniência nas terras emersas, resultantes da erosão de outras rochas preexistentes (cascalho, areia; argila);

(2) – quimiogénicos, resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas nas águas (sal-gema, gesso);

(3) – biogénicos ou organogénicos, quer edificados por alguns organismos em vida, como os corais, quer por acumulações de elementos vegetais (carvões fósseis) e animais, tais como restos esqueléticos de outros, após a morte (lumachela, diatomito).

Nesta base, a maioria dos autores inclui nas rochas sedimentares, não só os materiais coesos, isto é, litificados ou petrificados (com o aspecto que todos associamos a pedra), como também as acumulações dos seus constituintes não consolidados e, portanto, incoesos, remobilizáveis ou móveis, como são o cascalho ou a areia. Assim, em sedimentologia fala-se de rochas consolidadas ou coesas e de rochas móveis ou incoesas.

Para alguns autores há, ainda, as rochas residuais, entendidas como geradas no próprio local onde os respectivos componentes se formaram por meteorização, isto é, por alteração pelos agentes atmosféricos e que, portanto, não sofreram qualquer transporte. São os alteritos ou rególitos e neles se incluem os saibros ou arenas e, ainda, os barros, a terra rossa, os lateritos e os bauxitos.

As rochas, objectivo primeiro da Geologia

Em geologia de engenharia fala-se de bedrock, termo internacionalizado para designar a rocha coesa não meteorizada (sã), subjacente a depósitos aluviais ou outros, bem como à capa de meteorização e ao solo, havendo quem lhe chame rocha de fundo.

Olhando para a imagem, e numa linguagem vulgar, podemos dizer que as pedras acumuladas neste fundo de vale, na Antárctida, são fragmentos da rocha das vertentes. E as rochas destas vertentes, como todas as rochas, são o objectivo primeiro da Geologia.

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