A prostituição não é trabalho nem é sexo. Trata-se de escravatura, enquanto forma laboral – na aparência realizada na forma de contrato livre, escolha. Não é sexo porque sexo é prazer, liberdade, acontece entre iguais e não é mercantilizável. A prostituição é, como a violação, não um acto de sexo mas de violência e poder. O poder não é exercido pela violência física mas pelo domínio económico. Expropriadas (sim!, a maioria são mulheres) do seu sentido do trabalho. Estão aqui como a larga maioria da humanidade que trabalha, mas quem exerce a prostituição é ainda expropriado de algo mais. Tal como um escravo é diferente da maioria da humanidade que é explorada, estas mulheres são ainda expropriadas do seu corpo. Não vendem só a força de trabalho, vendem mais, vendem o corpo na sua totalidade, não lhes restando qualquer autonomia.
Que na esquerda e na direita liberal, sim, há liberais em ambos os sectores (não é de libertários que falo, onde gosto de me incluir), haja quem defenda que o piropo seja crime mas a prostituição legal é sintoma de uma perda de horizontes emancipatórios. Reprimir o piropo, colocando o Estado a definir o que é galanteio e o que não é, vigiando as palavras, mas legalizar a prostituição, como um qualquer comércio, é um erro crasso, que coloca legitimidade no que é mercantilizável. Se o piropo fosse pago já podia ser legal?
Dito isto a prostituição deve ser combatida politicamente, mas não reprimida. As mulheres – sim, insisto, e não por acaso, a maioria são mulheres, e são imigrantes e são pobres (só na teoria é que se trata de uma escolha livre) – devem ser inteiramente protegidas e as condições sociais que levam à prostituição têm que ser combatidas.
A prostituição, um negócio estranho e com muito sucesso no mundo actual
Dizem que é a mais velha profissão da humanidade. Sobre isto escrevi há uns anos “A mais velha profissão do mundo é…caçador-recolector, pescador, cozinheiro, ama ou cuidador, vigia… A prostituição é histórica, como tudo. Não é natural. E por isso não tem que ser eterna. O sexo, sim, é natural. E também histórico, ou seja, a forma como o vivemos ou fazemos muda no seio das relações que vivemos, e com quem vivemos”.
A venda de sexo não nasceu com a humanidade, ao contrário do sexo que é uma das essências dessa humanidade. Fazer e comprar e vender não são a mesma coisa. E por isso é tão estranho viver-se num mundo com 7 mil milhões de pessoas em que o sexo – uma das coisas mais naturais, sociais e belas de ser trocadas (trocadas, sublinho), é sem pagamento, moedas e notas (eventualmente é “pago” com prazer, risos, afectos, olhares e aromas e tudo o que envolve a conquista do outro) -, é hoje uma das coisas mais… vendidas em todo o mundo. “
1ª Página. Clique aqui e veja tudo o que temos para lhe oferecer.
Obs: texto publicado originalmente no blogue pessoal de Raquel Varela | Historiadora, tendo sofrido ligeiras adequações na presente edição.
VILA NOVA. Conte connosco, nós contamos consigo.
O seu diário digital VILA NOVA Online é gratuito para os leitores e sempre será.
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu simbólico donativo através de mbway, netbanking, multibanco ou paypal.
MBWay: 919983484
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91; BIC/SWIFT: BESZ PT PL
Paypal: pedrocosta@vilanovaonline.pt
Publicidade (promoções temporárias e tabelas em vigor ):
Basta enviar-nos o comprovativo da sua compra e o conteúdo a publicar.
Contacte-nos para situações especiais.
Envie-nos os seus dados. Receberá, na volta do correio, o recibo para efeitos fiscais ou outros.
Gratos pelo seu apoio e colaboração.