Mães entendem muito de estrelas e pássaros…

 

 

Mães entendem muito de estrelas e pássaros…

há a mãe-louca e a mãe-louça e as intermédias e umas dezenas de emails para responder ainda hoje e as que pariram e as que deram à luz, carniceiras umas, de lãzinha outras e as de ganga e há as que inventam filhos por entre a orfandade alheia e eu ando cá com uma gana de dar uns tabefes no meu sobrinho!; há esta natureza de ruína para as fêmeas e a pensão absurda e os sórdidos impostos, eu cá não sei nada ainda do meu irs e muitas são as casas cheias de mães velhas muito arrumadinhas, muitas as casas nem sempre novas com uma única mãe despenteada e quase muda a rabear pela manhã a quem a covid não comeu e é possível que os mosquitos não nos larguem no próximo verão; essas mães ainda são quem reza e chora o infortúnio dos filhos ou de terem tido os filhos que tiveram e morde-lhes o medo que não pára de latir pelo amanhã dos netos e fossem eles netos de couves naquele arroz que a avó fazia com um ovo estrelado da galinha com nome; e comer na cozinha de porta aberta; pode não ser estúpida a mulher que abandona o filho por amor a alguém, se esse alguém não for estúpido; o sushi é mais rápido e hoje tenho que viajar para o sul e não nos deixam ter tempo para ser filhos…

e da cozinha da avó eu via a cerejeira em flor e as abelhas sobre flores amarelas porque não me lembro de haver cinzentos, só no sobretudo de fazenda ou no vestido com flores e braços ao léu porque as mães falam da história da fotografia e guardam caixas não se sabe aonde cheias de ofensas de toda a parte; todo o abandono é estúpido; e eu que não fui ver ainda a exposição de vivien maier e somos todos uns filhos com uma angústia perversa que não nos larga a alma e eu queria tanto que fosses pequenina nos meus braços, mãe, para nunca saíres de mim, mãe, e seres mãe de novo e borbulhar beijos no teu rosto só para te ouvir dobrar o riso; não me posso esquecer desse chicote que ao estalar diz que a vida continua e eu como chocolates quando o ouço e há o relatório da treta para entregar até ao meio dia de amanhã; a humanidade não é maternal, mãe; despir o pijama, as lágrimas não se vêem sob o chuveiro aberto e repetir, repetir mentalmente o teu nome, como fazem os homens quando negam as amantes…

e depois levar os meus meninos ao jardim com o rolo de saquinhos para os cocós no bolso; maio é mês de marias e há memoriais de conventos mas são as mães na Índia de agora que não me deixam comer; o tempo em que eu te oferecia flores despertava um brilho único nos teus olhos; ainda nem comecei a treta do relatório; ainda não é desta que depilo as pernas… o melhor de tudo… era rires comigo, mamã.

dia da mãe

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Obs: publicação original na página facebook de Luísa Monteiro, tendo sofrido ligeiras adequações editoriais na presente edição.

Imagens: 0) LM, 1) DR

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