Depois da reabertura ao público da Piscina das Marés, uma piscina de águas salgadas da autoria do arquiteto Álvaro Siza, ainda quase no início da época balnear, em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos, em junho passado, após um profundo e minucioso trabalho de conservação, restauro e reabilitação levado a cabo pela respetiva Câmara Municipal, se ainda não o fez está ainda a tempo de a experimentar e usufruir de um dia diferente e espetacular neste icónico local antes do final do verão.
A Piscina das Marés de Leça da Palmeira está aberta entre as 9h00 e as 19h00, tendo as entradas preço diferenciado durante a semana e ao fim de semana, bem como em função da idade dos utentes.
Obra evidencia ação do homem sobre a natureza
“O projeto toma partido das depressões naturais do terreno rochoso para implantar os tanques de água salgada. As piscinas chegam ao oceano e misturam-se às outras formações naturais presentes ao longo da costa de Matosinhos. Os volumes integram-se à paisagem, escondendo-a e enquadrando-a em alguns momentos, mas demarcando claramente a intervenção humana sobre o sítio natural. Siza trabalha com uma contraposição proposital entre a organicidade das pedras e a geometria acentuada da arquitetura”, destacou Eduardo Souza, na Archdaily, aquando do 50º aniversário do projeto.
“Conformada por baixas paredes de concreto, formações rochosas naturais estão espalhadas ao longo das bordas das piscinas, que se confundem com o horizonte do oceano. Essa indefinição intencional confunde a compreensão real do limite criado e aumenta visualmente a extensão do espaço. [Além disso], o tom do concreto utilizado é suavemente mais claro do que as rochas no terreno, evidenciando a ação do homem sobre o ambiente natural”, acrescentou concluindo.
Experiência mágica
“Para os arquitetos, esta é uma das grandes obras do mestre arquiteto Álvaro Siza. Para todos os outros, é como um curso sensorial para entender com seu corpo e mente a relação entre paisagem e arquitetura e de que modo a arquitetura pode transformar um belo lugar num lugar mágico”, refere, por sua vez, Zukt, um utilizador do TripAdvisor de origem algarvia sobre a maravilhosa experiência vivida no local ainda antes das obras ora realizadas.
Em 2021 os números estão ainda longe de fechar, mas o(s) seu(s) pode(m) fazer parte do número final. Em 2018, a Piscina das Marés de Leça da Palmeira recebeu cerca de 60 mil visitantes.
Reabilitação efetuada pelo próprio Álvaro Siza
Inaugurada em 1966 e Monumento Nacional desde 2011, a Piscina das Marés foi alvo de uma grande intervenção em virtude da deterioração de vários elementos, como a estrutura do betão armado, o tanque principal da piscina e o sistema de filtração de água salgada.
O arquiteto matosinhense, laureado com o Prémio Pritzker, assinou o projeto de reabilitação daquele equipamento. Álvaro Siza acompanhou, de resto, a execução dos trabalhos e todas as suas especificidades.
O investimento desta reabilitação efetuada pelo Município de Matosinhos, no valor de 1,3 milhões de euros, envolveu a instalação mecânica de bombas de captação e circulação, sistema de filtragem e tratamento da água, tubagens e infraestruturas elétricas. Todos os edifícios foram reabilitados, assim como os tanques, com tratamento das superfícies de betão e madeiras. Foram ainda construídos novos balneários e foi aumentada a área de permanência ao ar livre.
A empreitada constituiu uma das primeiras experiências de reabilitação de edifícios em betão armado. Aliás, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto recebeu uma bolsa da Getty Foundation para estudar todo o processo de gestão e conservação da Piscina das Marés.
Imagens: 0) Fernando Igrejas, 1) Zukt/TripAdvisor, 2) MTS Sport
Ambiente | FAPAS pretende renaturalizar terrenos da Refinaria de Leça
Arquitetura | ‘Treetop Walk’, caminhar junto à copa das árvores em Serralves