Relacionarmo-nos e explorar o mundo

 

 

Nascemos e começamos a relacionarmo-nos com aqueles que cuidam de nós. Somos dependentes dessas pessoas, precisamos delas para sobreviver, mas a nossa necessidade vai para além disso, precisamos da relação que vamos construindo com elas, do contacto, do afeto.

Um estudo famoso na história da psicologia, realizado pelo psicólogo Harry Harlow (1905-1981), mostrou a importância da relação em outras espécies, especificamente nos macacos-rhesus. Harlow quis compreender se as crias precisavam apenas que as suas mães os alimentassem para não morrer, ou se precisavam de algo mais. Construiu duas figuras em arame que se assemelhavam a duas fêmeas adultas, uma era apenas uma armação de arame e a outra tinha a armação de arame forrada com tecido felpudo e macio. A mãe feita apenas com a armação de arame tinha comida e a outra não. Observou o comportamento de crias com estas duas mães: as crias iam ter com a mãe feita de arame para se alimentar; depois mantinham-se agarradas ou próximas da mãe coberta com tecido, que lhes oferecia o conforto do contacto.

As mães com tecido representam o porto de abrigo e a base segura, conceitos utilizados pelos psicólogos John Bowlby (1907-1980) e Mary Ainsworth (1913-1999) para descrever a relação entre crianças e seus cuidadores. Um porto de abrigo, pois é aos nossos cuidadores que recorremos quando alguma coisa nos assusta. Uma base segura significa que precisamos de os ter por perto para explorar o mundo à nossa volta, como fazemos quando atiramos uma bola cada vez um pouco mais longe e olhamos para o lado para ver se eles nos estão a ver e a apoiar.

Explorar o mundo em segurança

Na infância e na adolescência, vários estudos demonstraram que, quando os cuidadores representam uma base segura, crianças e adolescentes sentem-se seguros e confiantes para explorar o mundo. Algo de muito interessante que ocorre no desenvolvimento psicológico é que a segurança que nos é proporcionada se transforma em confiança nessas pessoas e depois em confiança em nós próprios. Para explorar o mundo, precisamos de sentir confiança em nós e de sentir que podemos contar com alguém.

Percurso e identidade

Explorar o mundo começa por ter curiosidade pelo que se passa à nossa volta; estabelecer objetivos; ser competente nas nossas ações; compreender e ter controlo sobre os nossos contextos; ser persistente; abraçar desafios; saber lidar com a frustração e com os obstáculos. Algo que faz de nós bons exploradores do mundo é envolvermo-nos em tarefas e situações novas. Exemplos concretos de exploração do mundo são brincar, estudar, trabalhar, atingir objetivos, fazer novos amigos, arranjar hobbies, envolver-se em atividades de lazer, visitar lugares que não conhecemos… Explorar as nossas emoções, sentimentos, pensamentos, decisões e comportamentos são exemplos de exploração do nosso mundo interno.

E continuamos a relacionarmo-nos, sendo que a quantidade e qualidade das nossas relações vai diversificando-se. No início das nossas vidas, somos sobretudo cuidados. Passamos depois a relacionarmo-nos com colegas, amigos, namorados, parceiros, maridos/mulheres – relações em que ser cuidado e cuidar se entrecruzam e nas quais há reciprocidade. Assumimos também o papel de cuidadores, cuidamos dos filhos, sobrinhos, alunos, colegas mais jovens e, com o passar dos anos, por vezes dos próprios pais. Vários estudos têm mostrado que as relações são a dimensão da nossa vida que mais influencia o nosso percurso e a construção da nossa identidade, bem como a dimensão que mais contribui para o nosso bem-estar.

De nascer até morrer

Relacionarmo-nos e explorar o mundo é imprescindível para o nosso desenvolvimento e funcionamento psicológicos desde que nascemos até morrermos. Se nas nossas histórias de vida esses processos estiverem perturbados, é importante pedir ajuda.

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Imagem: DR

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