Psicanalista Ana Toledo analisa relações abusivas em novo livro

Em meio a um contexto de relações amorosas abusivas, devidas ao isolamento social em razão da pandemia, entrevistei, com exclusividade, Ana Toledo, que é escritora, psicanalista, palestrante e comunicóloga, com extensão, na PUC-SP, em Neuropsicologia e Emoções. A conversa parte desse tipo de relações caracterizadas por machismo, sexismo, misoginia, mas também misandria, e que em geral causam problemas ‘a quem ama demais’, passa pelo livro Por que o Amor Foge de Mim? que a autora acaba de lançar e termina falando sobre os benefícios da felicidade no amor.

Ana Toledo é também Cientista Noética e criadora do Método ‘O Ciclo’ de Performance Emocional e da Terapia Noética.

Psicanalista lança livro no qual faz uma análise das relações abusivas na atualidade


Há inúmeras causas para um relacionamento se tornar abusivo.


João Costa: O que são relações abusivas e como, onde elas se originam?

Ana Toledo: Se eu pudesse generalizar as relações abusivas, diria que são relações em que há controle de uma das partes sobre a outra. Há inúmeras causas para um relacionamento se tornar abusivo. O machismo, onde o homem acredita ser superior a mulher, o sexismo, onde a mulher é considerada um ser inferior e incapaz, a misoginia que se caracteriza pelo ódio à Mulher, são exemplos. Mas é importante destacar que o abuso não é apenas representado pela figura masculina. Há mulheres abusadoras também. Temos a misandria que é o ódio a pessoas do sexo masculino.

João Costa: Quais são os casos mais comuns que a senhora atende no consultório?

Ana Toledo: Os mais comuns são das chamadas “mulheres que amam demais”, que são aquelas que sofrem com o relacionamento, mas não conseguem se libertar. Mulheres que amam demais é o nome de um livro que foi escrito pela psicóloga Robin Norwood, em meados dos anos 80, e até hoje adotado para designar o comportamento dessas mulheres, frequentemente vítimas de si mesmas. Existem várias razões que devem ser analisadas, para que uma vítima de violência doméstica não consiga se desvincular de seu abusador. É um tratamento difícil, porque há chance de várias recaídas, dado ao fator viciante da relação. É um processo lento, mas compensador, quando conseguimos ajudá-las a reiniciar suas vidas, de forma saudável.


A perda de liberdade, e principalmente o medo, são os maiores sinais de que se está em um relacionamento abusivo.


João Costa: Como identificar uma relação abusiva no começo de uma relação? Quais os comportamentos que denunciam este aspecto?

Ana Toledo: Como meu trabalho é mais ligado às vítimas femininas, falarei sobre o abusador masculino.

a) Nenhum relacionamento abusivo começa com agressões. Normalmente, o abusador é gentil e se molda com a finalidade de ser o homem dos sonhos, de sua vítima.

b) Os sinais são baseados no controle, como por exemplo, pedir para trocar a roupa, porque está ousada, ou criticar amigos, dizendo que não gosta deles. Coloca-se como protetor, tomando atitudes que diz ser para o bem de sua vítima.

c) A vítima, por sua vez, sente-se cuidada e até gosta de dizer que seu companheiro é ciumento, pois isso faz com que se sinta valorizada.

d) As agressões começam com piadas de mau gosto, ofensas leves, ciúmes excessivos, e vão até, em muitos casos, à agressão física. Vale destacar que violência doméstica, nem sempre, é expressa por agressão física. Existem várias formas, como: constrangimento, gritos, xingamentos, apelidos, desprezo, ordens, entre tantas outras que procurem humilhar e/ou desvalorizar sua parceira. A perda de liberdade, e principalmente o medo, são os maiores sinais de que se está em um relacionamento abusivo.


É necessário que a vítima se conscientize de que sua relação não envolve amor, e busque ajuda para libertar-se do vício em que esse tipo de relação se transforma.


João Costa: Qual o conselho que você dá para quem está em uma relação abusiva?

Ana Toledo: Seria muito fácil dizer “liberte-se”, mas minha experiência deixa claro que não é tão fácil, assim. Isso porque, após uma atitude violenta, o parceiro sempre oferece o que chamamos de “período lua-de-mel”, onde se torna gentil, desculpa-se e promete não repetir o ato, mas inverte a situação para que sua companheira se sinta culpada pelo que houve. A vítima começa a se perguntar “e se eu não tivesse falado tal coisa” ou “e se eu não tivesse feito tal coisa”, como se fosse possível que a violência sofrida, pudesse ser justificada por algo. Essa confusão implantada pelo abusador, realmente, a faz sentir-se responsável pelo que houve. Assim, vem o perdão e o ciclo se repete por muitas e muitas vezes.

Essa é a grande dificuldade. É necessário que a vítima se conscientize de que sua relação não envolve amor, e busque ajuda para libertar-se do vício em que esse tipo de relação se transforma. Portanto, a única forma de conseguir a liberdade, é com ajuda terapêutica e apoio de familiares e amigos, de quem ela esconde sua situação, por ter vergonha.


É comum que o abusador faça a vítima crer que tem defeitos como incompetência, má aparência, ser uma companhia desagradável e a convence de que, se for deixada por ele, ninguém mais a irá querer.


João Costa: A baixa autoestima de uma pessoa pode influenciar na escolha e permanência em um relacionamento abusivo?

Ana Toledo: Sim e muito. A baixa autoestima é um dos maiores fatores. Como eu citei, anteriormente, a princípio as atitudes abusivas fazem a vítima se sentir valorizada. Ela as considera como um cuidado e preocupação do abusador, porque a ama e quer o melhor para ela. E isso só piora, pois o abuso faz a autoestima diminuir cada vez mais. É comum que o abusador faça a vítima crer que tem defeitos como incompetência, má aparência, ser uma companhia desagradável e a convence de que, se for deixada por ele, ninguém mais a irá querer.

–  Temos, ainda, o famoso gaslighting, do qual se voltou a falar recentemente, e recebeu essa denominação por causa do filme de mesmo nome, filmado nos anos 40 e refilmado nos anos 50.

– Nesse processo, o abusador convence a vítima de que ela está perdendo sua sanidade, o que a deixa mais insegura para pensar em viver sem a proteção de seu abusador.


Por Que o Amor Foge de Mim? está disponível em diversas livrarias online.


João Costa: O que de fato impede as pessoas de serem felizes no amor?

Ana Toledo: No livro, abordo vários fatores que chamo de enganos e que vão desde a solidão, até o apego e o abuso.

– Seria impossível determinar um só engano, mas gosto de ressaltar que nada que traga sofrimento, pode ser amor.

João Costa: Qual o propósito do seu livro: “Por Que o Amor Foge de Mim?”

Ana Toledo: Conscientizar as pessoas de que o Amor tem que fazer bem; tem que trazer Paz, e que são responsáveis por suas más escolhas. Mas principalmente, que encontrar o tão sonhado amor verdadeiro, é possível a todas as pessoas, e menos difícil do que parece.

João Costa: Onde a pessoa pode encontrar o seu livro?

Ana Toledo: Está disponível em vários sites. No Brasil, posso citar o Clube de AutoresAmericanasSubmarino, Mercado Livre. Em outros países, acredito que o melhor seja na Amazon. É mais fácil de adquirir.


O equilíbrio, em uma relação, responde à necessidade de uma cumplicidade perfeita para caminhar em direção aos seus maiores objetivos, mesmo que tenham objetivos diferentes. O respeito mútuo à individualidade e aos sentimentos do outro.


João Costa: O que a levou a escrever o livro?

Ana Toledo: Acompanhar o sofrimento que a busca pelo amor, pode acarretar. É fácil notar que, mesmo quando as pessoas têm sucesso em outras áreas, não conseguem se sentir felizes, se não estiverem bem no amor. Parece incrível, mas é a verdade. Podem ter tudo, mas sem um relacionamento em paz, estão sempre insatisfeitas.

João Costa: Qual a importância e os benefícios de quando as pessoas são felizes no amor?

Ana Toledo: Elas encontram Paz. Prefiro falar em Paz do que em felicidade. A felicidade é efêmera e feita de momentos que podem acabar em horas. A Paz é duradoura e, mesmo em situações difíceis, não há perda de equilíbrio. Esse é o maior benefício.

–  O equilíbrio, em uma relação, é onde momentos bons e difíceis são compartilhados, de igual a igual, com alguém em quem se confia. Uma cumplicidade perfeita para caminhar em direção aos seus maiores objetivos, mesmo que tenham objetivos diferentes. O respeito mútuo à individualidade e aos sentimentos do outro. Isso é Paz em um relacionamento.

 

Para mais informações acessem as páginas da Escritora:

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Imagens: AT

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