Era há um ano 15 dias de confinamento para “achatar a curva” e preparar o SNS. Temos menos de 2.000 internados e anuncia-se um confinamento por mais 2 meses. É evidente que o que está em causa não é a pandemia de COVID-19 nem o SNS, é o desenho do regime político. A democracia foi suspensa e nós colocados em ameaça permanente de, consoante nos portamos “bem ou mal”, ficar em prisão domiciliária.
Tudo, diz o primeiro-ministro António Costa, não é escolha dele nem do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “mas dos cientistas”. A questão é porque Costa não escolheu cientistas como Jorge Torgal, que são contra o confinamento, nem leu o grupo mais renomado de epidemologia do mundo, da Universidade de Stanford, nos EUA, e escolheu os cientistas que nos colocam na mão de um Rt que quanto mais baixo for o contágio mais ele se mantém. Sim, o que temos é o desenhar paulatino de um novo regime político em Portugal – não é democracia liberal, é um novo tipo de bonapartismo. Historicamente sabíamos que ia acontecer em breve – a crise de 2008 e o seu desenlace na longa duração, com os conflitos e greves previsíveis com o declínio salarial, ia provocar um reforço do autoritarismo.
Viver em Portugal sob um regime sem liberdades democráticas
Não vamos sair dos alertas, do risco, da emergência, agora o Estado tem sobre nós uma espada de ameaça, contra as liberdades fundamentais. A pandemia não é uma invenção, e é grave em algumas populações, sobretudo idosos e obesos, mas a gestão dela caiu que nem uma luva na crise económica mundial que se desenhava desde 2018-2019 com a crise das dívidas públicas impagáveis.
Portugal é há 1 ano e oficialmente um regime sem liberdades democráticas, supostamente suspensas temporariamente, mas que de facto veio para ficar – o Estado dispõe arbitrariamente do mais elementar da nossa vida definindo o limiar de “risco” com os padrões que quer para se legitimar.