Caráter | Um corrupto é, tão só, um corrupto

 

 

Bem os arautos da justiça duvidosa, por morosa, podem desfraldar as bandeiras da “presunção da inocência” até trânsito em julgado que um corrupto não deixa de ser corrupto. Vai, por isso, usar todo o tempo possível para ver o seu processo arquivado pelo motivo que o tribunal assim o entender; ou então o corrupto vai ter todo o tempo necessário para se desfazer de tudo o que puder e o comprometa enquanto que a sua defesa passa por peneiras de crivo fino: os “buracos”; as “vírgulas”; a construção das frases; os pontos finais; os pontos parágrafos; e todo o edifício engenhosamente elaborado, proposto e aprovado em sede própria com poderes para o efeito, mas de que tem resultado uma certa conclusão enviesada que cria no cidadão comum a ideia de haver premeditação prévia de proteção ao crime de elite, construído por essa mesma elite, ultimamente muito ao sabor da frase avulsa de “presunção de inocência” em circunstâncias em que a “presunção de crime cometido” é óbvia.

A corrupção começa por ser de comportamento trivial para vir a acabar como comportamento criminoso ultrapassando o comportamento reprovável, porque esse ficou nas calendas de uma escola por renovar,  desde o alicerce ao telhado.


Deixada para trás a escola sobra a matéria aprendida e os comportamentos assimilados em três contextos fundamentais – Escola, Meio, Família -, se repararmos, os eixos incubadores estão invertidos. Deviam ser: Família, Meio, Escola.

Assim sendo, não é difícil concluir que, a partir destes elementos, temos o perfil do indivíduo como sendo a essência de um conjunto de indivíduos que constituem as sociedades no seu todo.

Ou seja; o corrupto não é corrupto porque simplesmente o quer ser, mas é corrupto porque os eixos incubadores matriciais falharam permitindo a sua inversão a troco dos interesses vigentes.

Disse bem: “interesses vigentes”. Porque o comportamento que está na origem da corrupção não é de hoje nem de ontem.

Desenvolveu-se em torno de uma dependência-mestra: a dependência do poder. Que, para ser exercido, necessita sempre da subserviência e da obediência a uma oligarquia instituída.

Oligarquia essa que já não se circunscreve à organização familiar tradicional porque com o decorrer dos tempos e dos vários estádios históricos da Humanidade se converteram em famílias de interesses conexos em torno de objetivos políticos inicialmente não definidos e atualmente enunciados mas raramente cumpridos.

De certa forma a sua progressão na História, desde: seita; tribo; confissão; religião; etnia; organização social; outras; incutiu no consciente do individuo valores racionais de interesse individual onde a troca é o fundamento.

Alias. A troca foi a primeira transação feita entre indivíduos que se perpetuou no tempo e ainda hoje subsiste sendo que, sem troca, não há o acesso do cidadão ao que quer que seja.

A troca de bem por bem; posteriormente de bem por dinheiro virtual; e atualmente de bem por dinheiro virtual; é um exercício doméstico de dimensão universal, mesmo com o dinheiro-moeda ainda em circulação.

Importa, por isso, ressalvar que a ética Republicana ainda é uma utopia, por muito que alguns dos paladinos ditos impolutos da política a defendam e se digam seus cumpridores.

Mas também por muitos dos que batendo com a mão no peito carregam a cruz de confissão religiosa ou outras, assim como os agentes económicos que têm para si como sendo atitude correta aquela que carreia lucro para a sua firma.

O problema, meus Senhores, é que não vale tudo:

  • Nem na atividade política;
  • Nem na atividade económica;
  • Nem nas atividades jurídicas ou de justiça;
  • Nem na cultura;
  • Nem em circunstância alguma.

Porque a corrupção mina as sociedades; destrói o caráter do individuo; desvirtua a organização política e social.

Em suma: coloca em causa a credibilidade pública entre semelhantes e arrasta consigo a sanidade mental de quem, acima de tudo, ainda consegue ser sério!

 

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