Nunca fui apoiante do PCP. Nem militante. Acho o comunismo uma ideia belíssima de igualdade e liberdade e, por isso, não acredito que um partido burocratizado possa assumir a liderança dessa ideia. Conheço o PCP relativamente bem – a minha tese de doutoramento é a história do partido na revolução dos cravos. Não sou católica. Nem agnóstica. Sou ateia. Conheço porém bem o papel da Igreja Católica em Portugal.
Confio mais no PCP e na Igreja Católica para organizarem ajuntamentos com critérios de saúde pública no que no Estado português (e na DGS). No PCP (e na Igreja) há disciplina voluntária, organização, vontade, e confiança – e são as últimas instituições que querem ter um surto de Covid-19. No Estado há muitos profissionais qualificados mas é uma máquina em colapso há muito – onde ninguém sabe a que ordens deve obedecer e porquê. Porque não há confiança. E nenhum lugar funciona sem confiança, base do empenho real do trabalho. Pedrógão e Borba não foram “acidentes” – é estrutural da crise nacional. As ordens são geralmente contraditórias, às vezes absurdas e quando funcionam é porque os bons funcionários resolverem não as cumprir.
Vivemos numa democracia – o direito de reunião é livre. O governo não pode autorizar ou não uma reunião política. Ela está autorizada pela Constituição. Um conselho de saúde: atenção ao vigilante e ao denunciante potencial que há dentro de cada um. O medo, se cresce, paralisa.
Não vou à festa do Avante, mas é muito correcto que ela se realize. A DGS, se me permitem a graça em dias de férias, podia ir lá também aprender algo sobre coerência e organização. Ser resiliente, atencioso e ter boas agências de comunicação não resolvem problemas. No PCP não há muita simpatia, nem boa comunicação moderna, mas sabem organizar-se. É isso que se pede para a festa ter lugar.
Saúde e bom Sábado!
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Obs:: texto previamente publicado no blogue pessoal da autora – Raquel Varela | Historiadora.
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