Pandemia | Um ensaio sobre a hipocrisia da luta contra a pandemia da Covid-19

 

 

Portugal enfrenta neste momento uma potencial situação caótica de saúde, no que diz respeito ao aumento do número de infetados por Covid-19 em território nacional. Nos últimos dias, a situação na zona da Grande Lisboa tem vindo a apresentar números cada vez mais elevados, no que está relacionado às infeções pela estirpe.

Após um período de confinamento obrigatório, decretado por um Estado de Emergência Nacional, ao qual os Portugueses souberam responder com prontidão e responsabilidade, deparamo-nos hoje com um contexto contrário ao decretado na altura.

Temos assistido nos media, nas redes sociais, a imagens e relatos de ajuntamentos de todos os tipos, desde festas, celebrações, manifestações, etc. A população, em algumas zonas do país, “esqueceu-se” simplesmente do esforço que fizemos desde março até maio. Têm surgido comportamentos inadequados para o desconfinamento gradual que foi solicitado e aconselhado pelas entidades competentes.

Podemos apontar culpa neste caso de duas maneiras, a Responsabilidade Real e a Responsabilidade Moral. Mas quem serão os verdadeiros culpados? Aqui é que surge a hipocrisia do sistema.

Fomos, enquanto cidadãos, sujeitos a um confinamento total, com proibição de sair de casa quase integral, de empresas obrigadas a parar a sua produção, escolas fechadas, comércio quase todo encerrado. Um cenário digno de Dante. Nunca antes se tinha sentido esta situação em Portugal. Foi algo novo e que marcará esta e as próximas gerações futuras. Reaprendemos novos hábitos de higiene, novas formas de socializar, enfim, um conjunto de novos comportamentos que alterou em grande parte a nossa forma de viver. No entanto, a economia ressentiu-se desta “paragem” do país, e aos poucos e bem, o próprio Governo em conjunto com a Direção-Geral de Saúde, foi levantando as medidas de restrições, por sectores, de acordo com a importância para a saúde económica do país. O país e a sua economia voltavam a recomeçar o seu funcionamento. Mas com grande prejuízo já acumulado.

Até aqui tudo bem… No entanto, as pressões políticas, os acordos entre partidos da Geringonça, obrigaram ou pressionaram o Governo a ter mão mais leve em algumas restrições, nomeadamente, e como exemplo, manifestações como o 1º de Maio, a realização da Festa do Avante autorizada para setembro, entre outras. A culpa é destas “aberturas” que deram a sensação aos portugueses que afinal a situação de pandemia não seria tão grave como se apresentava. Pois, se permitem a realização de manifestações, de comícios, então porque não se podem realizar festas, passeios… A ideia de que se alguns podem, porque é que os outros não? E aqui entra a RESPONSABILIDADE MORAL, e essa, é de quem nos governa. A sua falta de coerência em algumas decisões está a colocar em risco o sucesso que tanto foi apregoado a nível internacional, no que concerne à luta contra esta pandemia. Portugal passou de exemplo bom para exemplo mau. Cada um de nós enquanto cidadão, é responsável pela sua conduta no que diz respeito às medidas de proteção. E se não as cumprirmos, ou as desrespeitarmos, temos um RESPONSABILIDADE REAL no aumento de casos de contágio da pandemia. Enganem-se aqueles que pensem que já estamos em águas calmas, não estamos!

Recordo-me de há alguns tempos atrás alguém acusar o Norte e a sua gente de ser menos estudada e, por isso, o nível de contágio ser mais elevado… Gostaria de ouvir esses entendidos a falar sobre o que se passa neste momento na zona Sul. As capas dos jornais desportivos por vezes diferem do Norte para o Sul, por motivo de orientações clubísticas, mas no que diz respeito ao programa de estudo educativo, os parâmetros são os mesmos em todo o país, logo estes pensadores deveriam ter cuidado no que exprimem. Já diz o velho ditado popular: “não te rias do vizinho que o mal vem a caminho”, e veio…

Esperemos que os inconscientes que são conscientes do que fazem, tenham algum respeito por aqueles que se privaram de muita coisa durante o Estado de Emergência Nacional, e que alterem os seus comportamentos, evitando que o Governo se veja de novo obrigado a tomar medidas. Afinal a ideia de que em Portugal “são todos bons rapazes”, neste momento não se verifica.

 

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