Cristiano Ronaldo, o melhor jogador de todos os tempos, surpreendeu tudo e todos, quando anunciou a sua intenção de sair do Real Madrid em direção à Juventus. Todos ficaram admirados, tentando encontrar explicações acerca do porquê desta troca de emblemas. Uns justificaram que seria a parte monetária a razão, outros, o desafio novo que se apresentava a Ronaldo, e outros a forma como o público da Juventus acarinhou o astro português aquando do seu famoso e fantástico golo de pontapé de bicicleta, em plena Liga dos Campeões. Na minha opinião, Cristiano cansou-se de estar no Real Madrid. Não terá sido o dinheiro, pois o jogador está muito bem financeiramente na vida, para si e para os seus. Acredito que o jogador sentisse que no Real Madrid o desafio já não fosse interessante. A constante luta com Messi, a constante luta para ser campeão europeu, a constante luta para ganhar a Liga Espanhola, cansou-o. Na Juventus, sentiu que seria desafiante batalhar pela Liga dos Campeões, conjugando com um carinho que já há muito reclamava.
Mário Centeno, ex Ministro das Finanças, assumiu esta pasta em 2015. Assumiu uma pasta de um Governo que chegou ao poder apoiado numa deselegante eleição, através da constituição de uma “Geringonça”. Não governou quem o povo elegeu, governou quem melhor acordo fez com outras forças partidárias. A esquerda política conquistava assim uma Governação antecedida por Pedro Passos Coelho, Social Democrata, que contra tudo e todos, tinha acabado de conseguir estabilizar a economia portuguesa. Sei que muitos leitores me irão recordar que Pedro Passos Coelho também o conseguiu fazer à custa de esforços por parte dos portugueses. Pois bem, aceito-o, mas questiono-me se não o continuamos a fazer, com António Costa no poder, mas de uma forma mais dissimulada? Dará que pensar certamente.
Mas voltando a Mário Centeno, surge então esta semana, o anúncio da sua saída do cargo de Ministro das Finanças. Nada surpreendente, inclusive depois daquela situação desagradável de falta de comunicação entre este e o 1º Ministro, aquando da transferência de fundos para a Lone Star, dona do Novo Banco. Foi tão delicada a questão, que até o nosso “apartidário” Presidente da República, se viu obrigado a intervir. Todos ficamos, ou melhor quase todos, alguns mais céticos e cegos pela sua militância política, com a sensação que tínhamos um Ministro a prazo. O que se confirmou!
Mas recordemos o histórico de Centeno no Governo: conseguiu ser o primeiro Ministro das Finanças a conseguir apresentar um excedente orçamental, uma façanha económica! Mas… À custa do desinvestimento e das suas tão famosas cativações. Se não se investe, não se gasta, logo poupa-se! Um cálculo matemático e económico básico. Mas para os seus fiéis seguidores, um ato incrível de gestão económica nunca visto em qualquer Governo português passado. Mas nem tudo seria um mar de rosas. Centeno vê-se perante a maior injeção de capital do Estado na Banca de que há memória. À custa de quem? Dos portugueses uma vez mais. Poupava-se de um lado, gastava-se noutro, mas não para melhorar a qualidade de vida dos portugueses. Educação, Saúde, Ação Social e Proteção Civil sem investimentos notórios. Foi este o cenário!
Associado a isto, de uma forma subtil, os portugueses são sobrecarregados com a maior carga fiscal de sempre. E como reagimos? Da mesma maneira de sempre, pagamos e continuamos no nosso canto.
Líder do Programa económico do Partido Socialista, Centeno é tido pelos seus companheiros políticos como um “Deus”, não grego, mas um “Deus” Lusitano das Finanças. A sua fama catapultou-o até para se candidatar a Líder do Eurogrupo, tendo sido inclusive eleito para o ano de 2018 para liderar o mesmo.
Portugal, tinha outro CR7, não do futebol, mas das Finanças. Esta confiança de Centeno tornou-se tão elevada que ainda foi hipótese para ser líder do FMI, mas tal não aconteceu, tendo sido escolhida Kristalina Georgieva para o lugar. Era a primeira derrota de Centeno. Associado a isto, surgiam as primeiras inimizades que Centeno ia criando junto dos líderes dentro do Eurogrupo. A sua queda de imagem internacional estava anunciada.
Surge então a salvação para Centeno, a possibilidade de ser o substituto no cargo de Governador do Banco de Portugal. A saída de Carlos Costa agora em julho, bate certo com a substituição de Mário Centeno por João Leão na pasta do Ministério das Finanças. Será que se irá concretizar esta minha previsão?
Numa altura de recessão, caro Mário Centeno, não lhe fica bem abandonar a sua tão famosa e aclamada equipa de gestão financeira do país. Nesta altura, é que se vê quem abandona primeiro o navio. E nunca seria o Comandante! Sabemos do seu arrufo com António Costa, e a sua ida para o Eurogrupo veio piorar ainda mais a situação. Também sabemos que deu o ar de que quem manda, é o Ministro das Finanças, quando fez António Costa fazer uma figura ridícula, aquando da última transferência para o Novo Banco. Estava ciente dos contratos que assim o obrigam, mas nem se preocupou em falar com o seu 1º Ministro.
Está mais que claro que a sua condição como Ministro das Finanças não está assente sobre betão, mas sim sobre alicerces de água e areia. Seria uma questão de tempo.
Ora muito bem, recessão, mais cargo a prazo, qual a solução: Governador do Banco de Portugal. Com um bónus, passa de um salário de 6.000 euros para cerca de 16.000 Euros. Eu também trocava, sou sincero.
Mas mesmo com esta história e este currículo todo, será que o país merecia? Um país em recessão, um país com condições piores economicamente falando, comparando com 2009. A divida publica em valores nunca vistos…
Mas afinal de que tem medo? Tem receio?
Fácil é governar um país estabilizado. Fácil é ser Ministro das Finanças de uma pasta com contas controladas. Fácil é poupar, em detrimento de não investir.
Difícil é recuperar um país da bancarrota. Difícil é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos sem os sobrecarregar a nível fiscal. Difícil é enfrentar as crises, recessões.
Voltando a Cristiano Ronaldo, com o qual comecei no início deste artigo, Cristiano nunca desejou o mais fácil. Trabalha todos os dias, e testemunhado por quem o rodeia, como ninguém. Não foge nem baixa os braços. Não pede para sair quando a equipa está a perder ou se sente lesionado. Não! Cristiano representa o que todos os desportistas devem ter, vontade de vencer. Contra tudo e todos.
Cristiano não escolheu a Juventus pelo dinheiro, escolheu pelo desafio. Mário Centeno não quis o desafio, escolheu talvez o salário de ser Governador do Banco de Portugal, de acordo com a tão apelidada “Rádio Alcatifa”, vejamos se se confirma.
Por isso CR7 só há um! É no futebol e não nas finanças.
Cristiano Ronaldo não cativa, nem poupa esforços. Está sempre presente. Mário Centeno saiu de fininho.
Coragem e boa sorte para o seu seguidor, João Leão, pois os tempos não serão fáceis. O presente que recebeu poderá estar envenenado.
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