Há por aí uma nova forma de esculpir a “pedra” em que parte da massa cerebral se transformou independentemente da escolaridade, idade, ascendência social, exercício profissional, ou outro.
O meu avô, mestre pedreiro, de nome Manuel Fernandes, já falecido, que esculpiu parte da estatuária existente no Bom Jesus do Monte, cedo se habituou a lavrar com cinzel pedaços de granito com a dimensão ajustada ao artefacto pretendido.
Outros tempos.
Tempos em que a educação ministrada pelo regime só estava ao alcance de alguns. Por isso, a liberdade e criatividade do pensamento intelectual era autodidata por necessidade.
Com os novos tempos, a formatação do intelecto progrediu no sentido do conhecimento, mas regrediu naquilo que são os valores Humanos.
Importa por isso fazer ato de contrição e perceber o que se passou no ensino nas ultimas quatro décadas.
Porque os exemplos com que nos confrontamos são maus de mais para que se conclua com ligeireza a única e exclusiva responsabilidade política, sabendo nós que os políticos que temos são um produto-resultado.
A classe docente, que emergiu de um processo com necessidades específicas mo tempo, não se preocupou o suficiente com a excelência que a sua responsabilidade inerente obrigava e, quatro décadas depois, os resultados estão aí:
– Falta de auto-estima;
– Falta de referências;
– Falta de confiança;
– Falta de iniciativa;
– Falta de vontade;
– Falta de soluções;
– Falta de capacidade para a crítica e a autocrítica;
– Falta de capacidade em assumir os erros cometidos;
– Outros;
Num vasto leque de limitação autónoma conhecida.
Formou-se um “exército” de técnicos servis em qualquer parte do globo.
O que não se foi capaz de formar foi uma geração de Homens genuínos preparados para enfrentar, corrigir e resolver vicissitudes surgidas com a alteração de hábitos, usos e costumes, em função da nova realidade implícita à exploração e transformação dos bens essenciais à vida e da vida em si mesma.
A conjuntura existencial mudou;
As necessidades Humanas são outras;
A organização social é diferente.
A Direita mais conservadora tem esta perceção e move-se em defesa do ensino privado. Tenta conseguir o retrocesso do sistema educativo, que controla maioritariamente, de modo a que a formação académica seja estatuto social e não a formação de uma sociedade no seu todo a que só um serviço público eficaz dá garantia porque o seu controlo político-financeiro é impossível.
A educação depende sempre da competência, conhecimento e capacidade dos seus profissionais, não depende de quem a financia. Infelizmente alguns profissionais confundem respeito com salário o que inquina o conceito em concreto e desvirtua a imagem social.
Do mesmo modo, também é certo que a maioria dos profissionais tende a separar a responsabilidade e o respeito daquilo que é a sua justa remuneração pugnando por um ensino público igual para todos.
Carece por isso, a Educação, de ser esculpida por valores maiores, aqueles valores que lhe transmite o senso e o consenso; a solidariedade; a justiça social; o conhecimento magno.
Não é uma tarefa fácil para uma geração de políticos, resultado de um processo específico, encontrar soluções académicas ajustadas, mas é possível.
É possível porque a conjuntura social o exige, mas também porque o futuro das novas gerações o impõe.
As questões de somenos importância terão sempre um trato menor naquilo que é a evolução das sociedades política e socialmente organizadas.
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