Crónicas de Bem Viver | A felicidade que existe na infelicidade

 

 

Não há pachorra para gente que, experimentando a espaços a infelicidade, curva os ombros, baixa os olhos, e espera dos outros uma espécie de comiseração pela sua má sorte.

Ser infeliz é uma excelente oportunidade para deixar de o ser, com a vantagem de se evitarem os mesmos erros no futuro, sejam eles quais forem.

Claro que se alguém é do género “sofredor” ou “desgraçadinho”, ser infeliz é então um ideal de vida, e nunca experimentará, por opção própria, o oposto desse estado.

Ser infeliz, uma, dez, cem, mil vezes, deve ser encarado como uma felicidade.

É sinal, em primeiro lugar, que estamos vivos, uma vez que estar morto deve ser um enorme aborrecimento. Digo eu, que nunca morri, mas ouço histórias bastante reais de espíritos, que não tendo nada de original para fazer, aparecem aos vivos com a mania disto e daquilo, como se a moralidade fosse apanágio das almas penadas.

Ora eu vejo por aí muita alma “depenada” em vida que, devido a um estreitamento do intestino, desculpem, do cérebro, procura arregimentar os outros para a sua causa. A causa dos tipos ou tipas incapazes de gerar mudança.

Em segundo lugar, a infelicidade tem também um lado muito positivo, que é o facto de não durar para sempre – só dura enquanto quisermos.

Mudar de vida pode ser solução.

Deixar, por exemplo, de ser um(a) compulsivo(a) consumista e começar a ler uns livros, fazer desporto, e principalmente exercitar a mente. Só com uma boa ginástica mental é possível distinguir entre o que nos é imposto e aquilo que verdadeiramente precisamos – e é tão pouco.

Em terceiro lugar, qualquer coisa que agora não me ocorre, mas que não deve ser importante porque senão lembrava-me… (relativiza os teus problemas, pensa que quaisquer que sejam, são muito menores que o aquecimento global, que a extinção das espécies…)

Resumindo, ser infeliz faz muito bem a quem não tenha hipotecado definitivamente a sua vida à alienação que existe na incessante procura da felicidade.

A felicidade está na pedra quente de um dia ensolarado de inverno, no barulho da água do riacho após a chuva, no murmúrio das folhas no vento outonal, num sem número de coisas sem etiqueta de preço, e que nunca estarão em saldo, porque são gratuitas e só precisam de ser fruídas.

Se te sentes infeliz, respira fundo, mete mãos à obra, e começa por dizer a ti mesmo que és forte. Deixa depois que os outros o descubram, não porque encontraste a fórmula, mas porque anseias pelo próximo obstáculo, pela próxima dificuldade para te superares.

A vida é um desafio e tu nunca tiveste jeito para ser árbitro.

Tu és um jogador. Arrisca!

 

Imagem: Elisa Queiroz

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