A vertigem da mudança estoura em faúlhas
Centelhas multicolores dos tubérculos até às flores
E das flores sedutoras aos frutos nutrientes
Dos tresloucados agitados viventes
Tudo se enleia se embaraça permanece e ultrapassa
Se afirma pela verdade e se contradiz
Das aveludadas pétalas à fria e dura raiz
Tudo se distende se atrofia
Se fecha à noite e se abre ao dia
Tudo é rutura tudo é junção
Tudo é estático e se estende à disjunção
Porque os verdadeiros marcos de vida
São os momentos divinatórios de alteração
Um caule desbrava a terra seu leito
Sobrevivendo afoito à fúria dos elementos
Que desencadeiam o inconstante caos
Criando rompimentos constrangimentos fissuras
Mas no centro em agonia da tempestade revoltada
Acontece o milagre da floração no campo de amarguras
E onde outrora inundações provocaram a destruição
Renasce um chão verdejante em delírio de rebentação
Ondulando ao vento amigo num abraço protetor
Porque a mágoa se foi surgindo uma forma de ser indolor
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