Medicina Tradicional Chinesa – uma introdução às práticas milenares orientais de bem-estar da

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem um carácter holístico, assente no princípio da existência de uma rede energética que se engrena com o corpo físico. Através dos meridianos e pontos que estruturam a dita rede é possível atuar sobre os vários aspetos que estruturam o ser-humano, de forma a atingir-se o equilíbrio.

Os aspetos em que atua podem ser de carácter energético, físico, mental ou espiritual, o que permite à MTC atuar sobre um leque bastante alargado de patologias. Para tal, a Medicina Tradicional Chinesa faz-se valer de uma série de ferramentas terapêuticas, tais como: Acupunctura – tratamento através de agulhas filiformes; Moxabustão – técnica não invasiva de aplicação localizada de calor; Tui-na – técnica manual de manipulação de pontos dos meridianos; Fitoterapia – medicina herbal; Dietoterapia – terapia alimentar; e Feng Shui – organização de espaços através de um ponto de vista energético. A esta lista pode-se ainda acrescentar as práticas do Qi Gong e do Tai Chi, que são duas disciplinas de exercício físico que têm como objetivo estimular e promover a circulação da energia Qi no nosso organismo.

Hoje em dia, na prática da MTC, a Auriculoterapia – técnica acupunctural que usa a orelha como imagem reflexa de todo o organismo – ganha cada vez mais adeptos e relevância, no entanto a Auriculoterapia nada mais é do que um dos vários microssistemas da Acupuntura, dos quais um outro exemplo é a Reflexologia Podal – massagem em pontos específicos dos pés.

Todas estas práticas só se tornam eficazes quando aplicadas segundo os ditames da Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa. Na sua base está o conceito de Qi, que é a energia que permeia todo o Universo, do qual o ser-humano é um reflexo.

Yin e Yang: são as forças complementares que representam a dualidade em tudo que existe no universo.

Além de o Qi ser por si mesmo, também se manifesta como Yin e Yang que, contrariamente ao que a visão dualista ocidental poderia supor, não se tratam de opostos. São na verdade movimentos complementares, que mutuamente se propulsionam.

A partir das suas interações formam-se os cinco movimentos: Madeira; Fogo; Terra; Metal e Água. A cada um destes movimentos correspondem determinadas características tanto da fisiologia como do comportamento do ser-humano.

No movimento Madeira, a nível físico, o seu aspeto Yang materializa-se na Vesicula Biliar e o seu aspeto Yin no Fígado. Está ainda sob o seu domínio o controlo dos tendões, manifestando-se no exterior nos olhos. A nível energético é o movimento responsável pelo suave fluxo do Qi. No nível emocional a raiva é a sua característica.

Para o movimento Fogo temos o Coração como manifestação Yin e o Intestino Delgado como Yang. Sob o seu domínio estão os vasos sanguíneos, manifestando-se externamente na língua. A nível energético é responsável por governar o Xué (a energia física que denominamos de sangue). A sua emoção é a alegria.

O movimento que se segue é o Terra com a curiosidade de o seu órgão Yin ser denominado de Baço-Pâncreas, embora na medicina ocidental corresponda a dois órgãos distintos são um só na oriental, no seu aspeto Yang encontramos o Estômago. Manifesta-se externamente na boca. Tem a função energética de governar a transformação e o transporte. A preocupação é o seu aspeto emocional.

De seguida chegamos ao movimento Metal que tem como órgão o Pulmão e como víscera o Intestino Grosso. Externamente manifesta-se no nariz. Entre outras tem como função energética governar o Qi. A sua emoção é a tristeza.

Por fim aparece o movimento Água que se manifesta internamente como Rim e Bexiga na parelha órgão/víscera, ao passo que externamente manifesta-se nas orelhas. Tem como função energética principal armazenar o Jing que é a energia principal na conceção, crescimento e manutenção do ser-humano. O medo é a sua manifestação emocional.

Aos órgãos e vísceras descritos para cada elemento corresponde um meridiano energético. Estes são compostos por um circuito interno e outro externo.

Ao longo do seu percurso externo encontram-se os vários pontos energéticos onde, através das técnicas enumeradas anteriormente, se torna possível manipular o Qi e por consequência toda uma série de energias que compõem e constituem o nosso organismo, com o objetivo de atingir o equilíbrio e o bem-estar em todas as facetas que formam o ser-humano.

Antigo livro de medicina tradicional chinesa pertencente à Dinastia Qing.

Os princípios teóricos da MTC, assim como as suas práticas, começaram a ser descritos há 2500 anos. Desde então foram continuadamente aprimorados, verificados e aplicados com grande sucesso. No entanto, há cada vez mais uma necessidade, não só no ocidente, mas também no oriente, de atribuir uma verificabilidade científica a todo este conhecimento.

Vão-se dando passos nesse sentido, embora seja difícil de o fazer na totalidade do corpo de conhecimento da MTC. Esta dificuldade está relacionada tanto com a enormidade do mesmo, assim como está também com as limitações do próprio método científico.

Longe de ter como objetivo levantar qualquer tipo de celeuma, note-se que a ciência baseia-se em medidas e quantificações, e que as mesmas só podem ser aplicadas a objetos de estudo para os quais existam instrumentos ou métodos de observação que previamente os reconheçam. Esta dificuldade é encontrada em relação aos conceitos de Qi, meridiano, ponto de acupuntura, entre outros.

De entre as diversas técnicas utilizadas na medicina tradicional chinesa, a acupunctura é a mais vulgarmente conhecida no Ocidente.

No entanto, existem áreas em que o método científico pode ser aplicado. Uma delas é a Acupunctura.

Embora muito mais haja por fazer do que feito, pode-se hoje em dia encontrar vários estudos relativos ao uso da acupunctura no tratamento de diversas patologias. Tal acontece por ser uma disciplina da MTC onde se torna fácil tanto repetir protocolos como criar placebos e ter grupos de controlo, tornando-se, desta forma, consistente um estudo de caráter científico.

Embora já com alguns anos, o estudo “Acupuncture: Review and Analysis of Reports on Controlled Clinical Trials”, da Organização Mundial de Saúde reporta várias patologias para as quais foram feitos estudos clínicos em que se verificou a sua eficácia.

Quando classifica como “Doenças, sintomas ou condições para as quais a acupunctura – através de ensaios controlados – é um tratamento eficaz” enumera, entre outras, as seguintes patologias: Reação adversa à rádio e quimioterapia; rinite alérgica; depressão (incluindo neurose depressiva e depressão consequente de AVC); Dismenorreia primária; epigastrialgia aguda (derivadas de úlceras pépticas, gastrites crónicas ou agudas, e gastrospasmos); dor em odontologia (incluindo dor dental e disfunção temporomandibular); dor facial (incluindo desordens craniomandibulares); cefaleias; hipertensão essencial; hipotensão primária; leucopenia; indução de parto; dor ciática; acidente vascular cerebral

Como já foi dito, estes são apenas alguns dos casos em que se comprova a total eficácia da acupunctura relativamente ao placebo e ao grupo de controlo.

Existem mais casos de eficácia comprovada, estando presentes nesse mesmo estudo ainda listas referentes a “Doenças, sintomas ou condições para os quais o efeito terapêutico da Acupunctura foi demonstrado mas para o qual ainda são necessárias mais provas”, entre outras.

O objetivo destas enumerações é dar a conhecer o largo escopo da MTC, em que o resultado é, em última analise, o proveito terapêutico por parte do paciente.

Em todo o seu corpo de conhecimento o raio de ação da Medicina Tradicional Chinesa é muito mais alargado. Tal facto torna-se mais evidente quando se acrescente à Acupunctura todas as demais ferramentas que compõem o arsenal terapêutico da MTC.

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Imagens: DR

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