No debate desta sexta-feira, 14 de janeiro, que opôs António Costa e Rui Rio, o secretário-geral do Partido Socialista (PS) e o presidente do Partido Social Democrata (PSD) clarificaram algumas ideias. Vamos por partes:
Ideias clarificadas por António Costa
- NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE ENTENDIMENTO À ESQUERDA. Tendo presente que, no essencial, CDU e BE defendem em 2021 o que defendiam em 2015, a justificação só podia ser de novela: António Costa sente-se traído por quem julgava ser amado! Já sabíamos que a solução da Geringonça fora puramente instrumental; ficámos agora a saber que Costa rejeita o prato em que comeu, não por ter mudado a ementa mas por querer mudar de regime. Petiscou qualquer coisita à esquerda, mas os pratos de substância vai procurá-los à mesa do centro, que é onde as frioleiras têm melhor apresentação.
- O PAÍS PRECISA DE UMA MAIORIA ABSOLUTA. Quer isto dizer que o país precisa daquilo que o próprio António Costa sempre disse que lhe fazia mal. As maiorias são más, exceto a dele, que é boa. Não por o secretário-geral socialista não ser um abusador potencial de uma maioria saída das urnas, mas por contarmos com a arguta vigilância de Dom Marcelo, que a partir do seu trono em Belém, dará rédea curta ao governador Costa e seus muchachos.
- PARA APROVAR O ORÇAMENTO, TROCA-SE O QUEIJO LIMIANO PELO TOFU. Incapaz de acenar, desde já, com a provável aliança com o PSD de Rio, Costa não sentiu embaraço quanto às soluções pós-eleitorais. Diz que conta com quem não o traiu, ou seja, com o PAN, único partido que inocenta na vil rejeição do seu Orçamento. Se Guterres, no seu tempo, negociou com o queijo limiano, Costa, num tempo novo, há de negociar com tofu, ou talvez com seitan. Os vegan agradecem a mudança.
Ideias clarificadas por Rui Rio
- SER UM HOMEM DE FÉ É O QUE BASTA. Afirmando-se social-democrata, segue o mantra liberal, ou seja, acredita que dar mais dinheiro a quem mais tem acaba beneficiando quem tem menos. Questão de fé, portanto: «Baixo o IRC e as empresas reinvestem a poupança e criam emprego. Tenho fé que os empresários não façam o que em situações similares costumam fazer: capitalizar os lucros em investimentos de capital (bolsista e outros). Um Rio seco eu seja se esta fezada não se verificar»!
- HAJA SAÚDE PARA TODOS, GRATUITA PARA QUASE NENHUNS. Também aqui o insigne social-democrata parece ceder à linha liberal que anima o PSD. Diz que a alteração à Constituição que propõe não vale nada nem muda coisa nenhuma. Deve ser apenas para o texto ficar mais bonito. Afinal, falar de borlas na Constituição é de mau tom. Com Rio, já se sabe, é tudo, tudo, faseado. Também na saúde: nesta primeira fase paga quem pode; na fase seguinte paga quem deve; na última fase se não pode pudesse, que não há cá pão pra malucos nem saúde para indigentes. Tudo com força constitucional, pois claro.
- DE UM GAJO SÉRIO NÃO SE DESCONFIA. Rui Rio tem da democracia uma visão muito singular: não são os princípios e as leis os garantes da democracia, mas sim a seriedade de quem ocupa os cargos políticos. Foi o que disse a propósito das nomeações para o Conselho Superior do Ministério Público, dando-se a si próprio como exemplo de transparência democrata: «Pois se até nomeio pessoas que nunca vi, como ia EU manipular o Ministério Público»?! Devemos, portanto, nomear Rui Rio o verificador-mor da «transparência nomeativa», uma cargo que tem a sua cara.
O debate foi o que foi. Talvez bom apenas por não se esperar mais do que aquilo que deu. Em todo o caso, com ideias tão tontas como as que acima referi, caramba, houve ali, de parte a parte, momentos15!
Obs: texto previamente publicado na página de facebook de Luís Cunha, tendo o texto sofrido ligeiras adequações na presente edição.
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