A Sonix e a Valérius, duas empresas têxteis de Vila Frescainha S. Martinho, em Barcelos, bem estabelecidas no seu setor industrial, pretendem ficar com os ativos da Ricon, que faliu com uma dívida acumulada de 39 milhões de euros. Foram mesmo já apresentadas propostas ao administrador de insolvência do grupo industrial de Ribeirão, Pedro Pidwell.
.
.
Segundo refere a publicação Eco – Economia Online, ambas as têxteis barcelenses pretendem adquirir as instalações e equipamento presentes à massa insolvente da Ricon, tendo mesmo apresentado propostas financeiras para a concretização da possível aquisição, assim conseguindo garantir, para além do património, todo o capital de conhecimento que os funcionários da empresa acumularam ao longo dos anos. Muito provavelmente, uma delas acabará por concretizar as declarações de Paulo Cunha, de há dias atrás, em que afirmava já existirem interessados para a empresa.
Na mesma notícia, Pedro Pidwell dá conta de que outros interessados se terão manifestado apenas em adquirir partes dos ativos, ao contrário destes dois grupos industriais que estarão interessados na sua totalidade.
O Eco – Economia Online declara também que ambas as empresas desejam efetuar um arrendamento com opção de compra enquanto não se concretiza a eventual aquisição.
.
A Sonix
Dentro do ramo têxtil, e da sua história na cidade de Barcelos, a Sonix é uma das empresas de referência. Atualmente integrada no Grupo Conceição Dias, grupo que apresenta uma estrutura de produção vertical e que inclui também a DiasTêxtil e a ModelMalhas, foi fundada há várias dezenas de anos, na década de 70, como a própria Ricon aliás. Atualmente, a empresa emprega cerca de 400 colaboradores e tem um volume de negócios de aproximadamente 60 milhões de euros.
Segundo o Jornal de Negócios, a empresa terá já contratado 120 dos ex-funcionários da Ricon, que entrou em processo de insolvência no início do presente ano de 2018, desse modo acabando com o sonho que Américo Silva lançou nos anos ‘ 70 e colocou em situação de desemprego cerca de 800 pessoas. Nas instalações de Ribeirão, a Sonix pretende estabelecer uma unidade para confeção de calças e blasers aproveitando o saber-fazer de quem ali trabalhava, setor este que carece de mão de obra especializada.
Samuel Costa, gestor da Sonix, declarou ao Jornal de Negócios que os contratos de trabalho já estabelecidos funcionam como uma espécie de garantia, uma vez que “assegura desde já o ‘coração’ da empresa [em termos produtivos], chefias e respectivas equipas”. Acrescentaria ainda que a Sinix tudo fará “para recolocar estas pessoas nos seus antigos postos de trabalho (….) o mais breve possível.” Para além disso, o pacote remuneratório “é superior ao que esses trabalhadores recebiam antes na Ricon, que era um dos maiores empregadores têxteis do Vale do Ave.
.
A Valérius
A Valérius foi criada há apenas dez anos atrás e apresenta um volume de negócios de aproximadamente 35 milhões de euros. Emprega 130 pessoas.
Também a Valérius se refere interessada em contratar parte dos ex-trabalhadores da Ricon, mais concretamente cerca de 200 profissionais. Segundo o Jornal de Negócios, esta terá já formalizado em 1 de março, junto do Tribunal e do administrador de insolvência, Pedro Pidwell, uma “proposta concreta” de arrendamento temporário das instalações e dos activos da Ricon Industrial, que era a casa-mãe do grupo liderado por Pedro Silva, “assegurando o seu bom funcionamento e conservação, assim como a segurança do edifício”.
Sem detalhar os valores propostos para o arrendamento, que insiste ser “uma medida temporária para salvaguardar os postos de trabalho e as boas condições dos materiais, que se podem estragar se estiverem parados”, o empresário sublinha que “este projecto irá permitir a diversificação da actividade têxtil e a oferta de um portefólio mais alargado de produtos, assim como alavancar uma nova área de negócio que há muito [pretendia] retomar” na área dos tecidos.
.
Qualquer uma das soluções propostas aparentam-se positivas para a freguesia de Ribeirão e seus arredores, porquanto, a concretizar-se o assumir das instalações da antiga Ricon Industrial por uma empresa que aí pretende laborar, será uma forma de garantir uma boa parte dos postos de trabalho extintos com o seu encerramento. Seja como for, recorde-se que Paulo Cunha e a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão liderou um processo de pesquisa de postos de trabalho para os ex-funcionários de modo a tentar minimizar as consequências desta falência. Tanto quanto sabemos, munido da lista de ofertas de trabalho recolhidas em poucos dias, o IEFP estará agora também a tentar encontrar uma solução para aqueles que porventura não terão colocação.
Artigos relacionados:
30/1: Ricon | 30 de janeiro de 2018. A Ricon encerra as suas portas
2/2: Ricon | O fim (à vista) de um sonho, por Pedro Costa
9/2: Ricon | Paulo Cunha: Há interessados nas instalações da empresa
23/2: Ricon | Bloco de Esquerda propõe “nacionalização” temporária da empresa
27/3: Ricon | Conceição Dias e Sonix contratualizam instalações, 160 ex-funcionários já têm trabalho
.
Fonte: Eco
Se chegou até aqui é porque provavelmente aprecia o trabalho que estamos a desenvolver.
A Vila Nova é generalista, independente, plural e gratuita para os leitores e sempre será.
No entanto, a Vila Nova tem custos associados à manutenção e desenvolvimento na rede. Só um jornalismo forte pode garantir qualidade no serviço oferecido aos leitores.
Se considera válido o trabalho realizado, não deixe de efetuar o seu contributo, ainda que simbólico, sob a forma de donativo através de multibanco ou netbanking.
NiB: 0065 0922 00017890002 91
IBAN: PT 50 0065 0922 00017890002 91
BIC/SWIFT: BESZ PT PL