Mia Couto, escritor moçambicano

‘Eu percebi que esse era o meu lugar: o de ficar calado’

 

 

No segundo dia da sua visita a Esposende para receber o Prémio LiterárioManuel de Boaventura, em conversa com Benjamim Pereira e Sérgio Guimarãesde Sousa, Mia Couto satisfez, entre outras, a curiosidade manifestada por tantos dos seus leitores atravésde uma simples pergunta: “Como se tornou escritor?”

De forma sincera, o recém-galardoado escritor deixou desde logo um aviso: “Hoje darei uma resposta. Se me fizerem a mesma pergunta amanhã, eu responderei outra”. Contudo, o escritor moçambicano não hesitou em apontar os seu pais como responsáveis. Como o próprio dizia, era “filho de um poeta e de uma contadora de histórias”. A menção à sua família não podia faltar. Afinal de contas, a sessão de sábado passado era dedicada à sua obra “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra“.

Mia Couto, escritor moçambicano
Mia Couto e o professor Sérgio Guimarães de Sousa, membro do júri do Prémio Literário Manuel Boaventura @ Pedro Maia Martins / Vila Nova Online

O autor africano era o mais novo e “mais silencioso” de três irmãos, o que levava os seus pais a “chamarem-no carinhosamente de morcão”. Esse silêncio levou Mia Couto a “perceber o seu lugar: o de ficar calado”. Foi assim que começou a “escutar e ouvir as histórias” mais tarde transpostas para as suas obras. Por outro lado, “a ausência dos seus parentes que viviam em Portugal” e “a sua timidez com as raparigas” geravam um sentimento de solidão. Para compensar esse estado, o escritor moçambicano “criava um novo Mundo no papel, uma forma de ser feliz”. O próprio reforça isso ao afirmar que “em momentos de solidão, todos acabamos por ser criadores”.

Orgulho do Prémio Camões, mas com muita calma
Mia Couto, escritor moçambicano
Mia Couto @ Pedro Maia Martins/Vila Nova Online

A recente atribuição do prémio literário esposendense levou o Professor Sérgio Guimarães de Sousa a interrogar Mia Couto sobre o Prémio Camões. O autor de “O Mapeador de Ausências” foi o vencedor em 2013. Oito anos depois, o escritor moçambicano afirma estar “orgulhoso por o ter recebido”, mas com limites. Embora “considere os prémios como algo positivo”, Mia Couto vê com maus olhos a conduta de alguns escritores. “Muitos fazem coisas só a pensar nos prémios”, acrescenta o autor africano. O autor de “O Mapeador de Ausências” adopta uma postura diferente dos seus colegas de profissão. “O prémio que eu quero é encontrar alguém que leu realmente um livro meu e ficou comovido, tocado”, afirma o escritor. Mia Couto acrescenta ainda que “escrever não é só a parte da escrita propriamente dita:  significa também estar disponível, aberto, saber escutar, olhar para as pessoas da forma contrária à que nos foi ensinada”.

A encontro pode ser visto na íntegra em aqui.


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